Por: Gazeta Digital
O Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Delegacia Fazendária (Defaz) deflagraram na madrugada desta segunda-feira (19) uma operação para cumprir mandados de buscas e apreensões contra deputados estaduais de Mato Grosso. Trata-se da Operação Bereré (que signfica propina).
Os alvos principais são os deputados Eduardo Botelho, presidente do Legislativo Estadual e Mauro Savi, ambos do PSB. Também é alvo o ex-deputado federal Pedro Henri, servidores e particulares.
Os mandados judiciais foram expedidos pelo desembargador José Zuquim Nogueira, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e estão sendo cumpridos nesta manhã em Cuiabá, Sorriso e Brasília, pelo Gaeco e a Polícia Judiciária Civil, com apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar.
As investigações vinham no tocante aos depuptados estaduais vinham sendo realizadas pelo Núcleo de Ações de Competência Originárias (Naco), braço do Ministério Público responsável por investigar políticos com foro por prerrogativa de função.
“A operação tem por objetivo desmantelar uma organização criminosa, que atuava junto ao Departamento Nacional de Trânsito urdida para desvios de recursos públicos”, diz trecho da nota do Gaeco.
A investigação do Detran tem como base a delação premiada do ex-presidente da autarquia, Teodoro Moreira Lopes, o Doia, firmada há mais de um ano. O acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Outro delator que também apontou Mauro Savi como beneficiário de esquema de propina no Detran foi o empresário Antônio Barbosa, irmão do ex-governador Silval Barbosa.
Conforme revelou Toninho Barbosa, Savi gerenciava um esquema de propina na autarquia durante a gestão de seu irmão. A delação de Toninho também foi homologada pelo Supremo.
Os trabalhos para cumprimento das ordens judiciais tiveram início desde as primeiras horas do dia. A Assembleia Legislativa e casas de alguns parlamentares são alvos. A casa do presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, é um dos locais alvos de buscas e apreensões. A de Mauro Savi também, que é de Sorriso (420 Km ao norte de Cuiabá).
Outro alvo de mandado judicial é Dalton Luis Santos Vasconcelos que já trabalhou no Detran e teria uma forte ligação com o ex-presidente da autaquia, Teodoro Lopes. Os agentes também apreenderam documentos e computadores na empresa Santos Treinamento e Capacitação Pessoal, localizada na Avenida Historiador Rubens Mendonça (Av. do CPA), em Cuiabá.
Estão envolvidos no cumprimento da ordem judicial uma força-tarefa com cerca de 200 integrantes, entre policiais civis, militares, delegados e promotores de justiça.
Dóia revelou esquemas de corrupção na autarquia que tiveram início em 2009. Conforme os depoimentos prestados por ele ao Ministério Público, o esquema renderia pelo menos R$ 1 milhão por mês. As empresas FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação (hoje EIG Mercados Ltda) e a Santos Treinamento Ltda teriam sido usadas para lavar dinheiro no esquema.
A empresa FDL cobrava uma taxa que variava entre R$ 170 a R$ 400 e ficava com 90% do valor arrecadado, repassando apenas 10% aos cofres da autarquia. Já a A EIG Mercados, em 2009, venceu uma licitação para ser a responsável pelos serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos no Detran. O prazo era de 20 anos.
Buscas e apreensões também foram feitas por agentes policiais nas casa dos advogados Marcelo Costa e Silva e Antônio Costa e Silva. Ainda não está clara qual é a participação dos juristas no esquema.
Em Brasília, o alvo do mandado judicial seria o escritório da empresa EIG Mercados. |