Por: Karine Miranda- Gazeta Digital
O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro confirmou em sua delação premiada que grande parte dos lucros do grupo JBS é oriunda de fraudes e sonegação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de incentivo fiscal obtido através de pagamento de propina a políticos de Mato Grosso.
Funaro está detido no presidio da Papuda, no Rio de Janeiro, e firmou delação com a Procuradoria Geral da República (PGR) em agosto. Além do pagamento de propina, foram fatores determinantes para o crescimento do grupo a oferta de crédito por parte de bancos públicos, segundo Funaro.
“Que entende que grande parte do lucro da JBS é relacionado ao esquema de fraude e sonegação do ICMS e o incentivo fiscal que ele conseguia através de pagamento de propina a políticos no Mato Grosso”, diz a delação.
A afirmação de Funaro confirma o que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) também relatou em sua delação premiada, sobre a existência de um esquema envolvendo agentes públicos do Estado.
Conforme Silval, em 2009, quando já sabia que concorreria à reeleição para o Governo do Estado de Mato Grosso, começou a se preparar para angariar os recursos necessários para sua campanha e se aproximou do presidente do Grupo JBS à época, Wesley Batista.
Silval afirmou que viajou até São Paulo para tratar do aporte financeiro da campanha eleitoral em contrapartida ao auxilio de questões tributárias, já que a JBS possuía inúmeros plantas de frigoríficos no Estado.
Ficou acordado o pagamento do valor aproximado de R$ 3 milhões à campanha de Silval e que as doações seriam executadas através de “caixa não oficial”. Já depois de eleito, em 2011, Silval diz que acertou que Wesley pagaria propinas anuais.
Também ficou acordado que seriam realizadas reuniões anuais para aferir o valor devido das propinas pagas pelo Grupo JBS “para encontrar as soluções jurídico-fiscais para beneficiar a empresa, bem como de controlar os recebimentos dos 'retornos'.
Ainda segundo Silval, pouco antes da eleição ao Governo do Estado em 2014 foi identificado um "crédito" de R$ 12 milhões referentes aos valores devidos de propina dos anos de 2013 e 2014.
Foi através deste crédito que teria havido a doação à campanha de Pedro Taques ao governo do Estado em 2014. A doação teria sido feita "de forma oculta" pela JBS.
O governador Pedro Taques nega que tenha feito qualquer acordo com Silval Barbosa.
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