G1
Foram mais de 3 casos por dia dia no último ano. Levantamento inédito do ISP é divulgado na véspera do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Um levantamento do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ) mostrou que o estado do Rio de Janeiro contabilizou 1.355 crimes em 2020 que podem estar relacionados à intolerância religiosa. Ou seja, foram mais de 3 casos em todos os dias do ano.O levantamento inédito do ISP é divulgado na véspera do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, comemorado na quinta-feira (21), como uma forma de estimular a denúncia desse tipo de crime. “O ISP divulga esses dados com o intuito de educar e alertar a sociedade para o fato de que a intolerância religiosa é crime e deve ser denunciado. Nós entendemos que esses números ainda são muito subnotificados e a melhor forma de evitar que novos casos aconteçam é garantir que os agressores sejam punidos na forma da lei. Nossa Constituição assegura o livre exercício de todos os cultos religiosos e temos a obrigação de proteger esse direito”, afirmou a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz.Os delitos foram divididos em três grupos:1.188 vítimas de injúria por preconceito144 vítimas de preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional23 casos de ultraje a culto religiosoA última tipificação criminal é caracterizada pela ridicularização pública, impedimento ou perturbação de cerimônia religiosa. Em comparação com 2019, o número é um pouco menor já que foram registrados 32 casos deste tipo. O ISP-RJ informou ainda que a queda deste delito era esperada já que os templos religiosos ficaram fechados por conta da pandemia.O instituto informou ainda que os crimes de intolerância religiosa são cotidianamente subnotificados por serem cometidos em áreas dominadas por facções criminosas e a população tem receio de denunciar."Complexo de Israel"No alto da Cidade Alta, na Zona Norte do Rio, os criminosos colocaram uma estrela de DaviReproduçãoO G1 publicou uma reportagem em julho de 2020 que mostra a quadrilha de um traficante de drogas invadindo comunidades, na Zona Norte da cidade, e criando um novo complexo de favelas. Na expansão de seu domínio, o criminoso tenta impor a religião, deixa rastro de pessoas desaparecidas e coloca barricadas à beira da Avenida Brasil, uma das principais vias de acesso à cidade do Rio de Janeiro.O "Complexo de Israel" é, atualmente, como vem sendo chamado o conjunto de favelas dominadas pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, de 34 anos. O criminoso tem 35 anotações criminais em sua ficha. Já foi investigado, indiciado, denunciado mas até hoje não foi preso. Como denunciarOs crimes de injúria racial, ultraje a culto e racismo podem ser denunciados em qualquer delegacia. O estado do Rio de Janeiro conta ainda com a Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que é especializada no atendimento de vítimas de racismo, homofobia e intolerância religiosa. A unidade funciona no Centro do Rio. Os registros também podem ser feitos pela Delegacia Online da Secretaria de Estado de Polícia Civil.