Na estratégia: Hamilton chega à 97ª vitória em corrida estudada

Por Redação em 02/05/2021 às 22:33:19

Inglês chega a perder a segunda posição para Verstappen, mas recupera rapidamente. Depois, ataca e ultrapassa o líder Bottas no momento correto para fazer a tática da Mercedes funcionar É impressionante o quanto Lewis Hamilton se tornou um piloto cada vez mais completo nos últimos anos. Tudo bem que elogiar os feitos do heptacampeão na Fórmula 1 tem sido chover no molhado. É verdade. Só que mesmo depois de 97 vitórias, a última conquistada neste domingo no GP de Portugal, ele continua a mostrar que pode triunfar de maneiras diferentes nas corridas da categoria. Em Portimão, o inglês fez uma corrida estudada, com ataques nos momentos corretos. E conseguiu corrigir rapidamente seu único deslize na prova, quando foi superado por Max Verstappen logo após a relargada do safety car causado pelo toque de Kimi Raikkonen em Antonio Giovinazzi na primeira volta.

Logo na relargada, na sétima volta, Verstappen conseguiu superar Hamilton logo na Curva 1, em uma belíssima ultrapassagem por fora. Após a corrida, o inglês confessou que se distraiu por um momento ao controlar a distância para o holandês e perdeu o momento em que o então líder Valtteri Bottas acelerou. Com isso, acabou colocando o rival da RBR em condições de tentar a manobra. E Verstappen não costuma perder essas oportunidades. Poderia ter sido o erro fatal para definir a corrida a favor do rival. Não para Hamilton. Enquanto o holandês tentava um ataque ao finlandês da Mercedes, o inglês se manteve tranquilo, apesar da urgência necessária para recuperar a posição. E na 11ª volta, aproveitando se de um pequeno deslize de Max na curva 14, a penúltima, Hamilton usou a asa móvel e deu o troco em Verstappen. Justamente no momento correto para fazer sua estratégia funcionar.

Com Bottas em primeiro e Hamilton em segundo, já começavam as especulações de quando a Mercedes daria uma ordem - ou se inverteria as posições de ambos nos boxes. Jogo de equipe que seria totalmente justificável, visto que o campeonato se desenha cada vez mais para uma polarização entre o inglês da Mercedes e Verstappen com a RBR. Qualquer ponto perdido pode ser decisivo no fim da temporada. Mas o inglês não quis esperar: aumentou seu ritmo e foi para o ataque em cima do companheiro. Na 20ª volta, Hamilton usou o DRS e superou Bottas por fora na curva 1. O finlandês jogou duro, mas respeitou o companheiro de equipe, que assumiu a liderança. Mais um momento crucial para a corrida do heptacampeão, que precisava abrir uma vantagem segura, em torno de quatro segundos, para não correr o risco de tomar o undercut da RBR. Precisão cirúrgica: retornou dos boxes à frente de Bottas e Verstappen. Hamilton e seu timing excepcional.

Daí para a frente foi só manter o bom ritmo mesmo com os pneus duros usados colocados no seu pit stop. Mais uma tarefa cumprida com louvor por Hamilton neste domingo, que chegou à 97ª vitória da carreira e ampliou a liderança do campeonato para oito pontos (69 x 61 sobre Verstappen). E o inglês ainda chegou a ter o ponto extra da melhor volta com ele durante boa parte da corrida. Mas não fez falta. E este item acabou sendo a pimenta de uma disputa entre Verstappen e Bottas nas voltas finais. E o resultado dela beneficiou indiretamente Hamilton.

Melhor volta x limites de pista

Na 37ª volta, Verstappen e Bottas já tinham protagonizado um duelo na pista, quando o holandês fez uma ultrapassagem na marra no retorno do finlandês de seu pit stop. Com isso, sem chances de lutar pela segunda posição por ter um ritmo muito parecido com o de Verstappen e longe do quarto colocado Sergio Pérez, Bottas e a Mercedes decidiram colocar os macios a três voltas do fim para tentar o ponto extra da melhor volta. Max e a RBR responderam: fizeram o mesmo na seguinte. Virou então um duelo direto, com uma tentativa para cada um deles.

Até então, a melhor volta pertencia a Pérez, que colocou macios em sua última parada e marcou 1m20s643 na 55ª. Dez passagens depois foi a vez de Bottas fazer sua tentativa. Com sucesso: uma bela volta em 1m19s865, 778 milésimos melhor que a do mexicano. Ponto extra para a Mercedes naquele momento. Verstappen teria apenas a 66ª para tentar. E marcou 1m19s849, apenas 0s016 à frente. E o ponto saiu das Panteras Negras para os Touros Vermelhos da RBR. Por pouco tempo, entretanto.

Verstappen ultrapassou o limite da pista na curva 14, que passou a ser monitorada desde sábado (confira aqui). E teve o tempo de volta anulado, baseado no artigo 27, parágrafo 3 do Regulamento Esportivo da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), que diz: "Se um carro deixar a pista, o piloto pode retornar. Entretanto, isto só poderá ser feito com segurança e sem ganhar uma vantagem duradoura". Foi exatamente o caso do holandês: como ele precisou colocar as quatro rodas fora da zebra naquele ponto do circuito, o tempo da volta foi deletado. E o ponto foi para Bottas. É claro que podemos ficar horas discutindo a validade dos limites de pista na Fórmula 1 atual. Mas está na regra. E se está na regra, tem de ser cumprido. Simples assim.

Lando Norris em fase excepcional

Fora da luta entre Mercedes e RBR e do duelo entre Hamilton e Verstappen, o grande destaque deste início de temporada, sem dúvidas, é Lando Norris. Neste momento ele é o terceiro colocad o do Mundial de Pilotos com 37 pontos, cinco à frente de Bottas e 15 a mais que Pérez. É claro que ele tende a ser superado pelos dois segundos pilotos de Mercedes e RBR, mas o inglês da McLaren tem sido espetacular quando exigido e muito consistente quando necessário. Foi o caso deste fim de semana: a equipe inglesa não era a melhor na luta pela terceira força, mas Norris foi regular, classificou entre os dez primeiros e foi muito regular na corrida. O quinto lugar - o melhor do resto (à exceção dos pilotos de Mercedes e RBR) - foi um prêmio justo para o desempenho do piloto da equipe inglesa, que vai tentando voltar aos seus melhores dias.

Destaque neste domingo também foi o desempenho da Alpine. O francês Esteban Ocon fez uma corrida consistente, com boas ultrapassagens e terminou em uma boa sétima posição, uma à frente do companheiro Fernando Alonso, que ganhou cinco postos em uma bela prova de recuperação. Olho na equipe francesa, que cresce a olhos vistos depois de um início difícil no Barein. Na Ferrari, o monegasco Charles Leclerc foi mais uma vez muito consistente e terminou em sexto, quatro posições à frente do companheiro Carlos Sainz, que caiu para décimo após uma estratégia desastrada de pneus: os médios não funcionaram bem no carro do espanhol após o pit stop na 21ª volta.

E por último, Daniel Ricciardo. Contratado a peso de ouro, ele tem sido ofuscado neste início de ano por Lando Norris, seu companheiro de McLaren. Mas conseguiu fazer uma bela prova neste domingo, compensando o mau desempenho na classificação, quando fez o 16º tempo e foi eliminado ainda no Q1. Com uma corrida típica do australiano, recheada de ultrapassagens, ele ganhou sete posições e terminou em nono. E deu aquela esperança: quando ele pegar a mão desse carro da McLaren, vai dar trabalho. E a equipe inglesa tende a crescer ainda mais nesta temporada. A conferir.

Perfil Rafael Lopes

Editoria de Arte/GloboEsporte.com

Fonte: Globo Esporte/G1

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