'Única medida não farmacológica que funcionou no Amazonas foi cadeia', diz senador a ex-secretário de Saúde do estado

Por Redação em 15/06/2021 às 17:39:19

Marcellus Campêlo foi ouvido nesta terça pela CPI, e Alessandro Vieira criticou gestão da pandemia no estado. Ex-secretário chegou a ser preso pela PF por supostos desvios. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) se dirigiu nesta terça-feira (15) ao ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo durante reunião da CPI da Covid e afirmou que "a única medida não farmacológica que funcionou no Amazonas foi cadeia".

Câmpello prestou depoimento nesta terça à CPI. O ex-secretário chegou a ser preso pela Polícia Federal no início deste mês por suspeita de envolvimento em suposto desvio de recursos públicos no estado que deveriam ter sido usados no combate à pandemia.

Medidas não farmacológicas são aquelas que não demandam o uso de medicamentos, como restrições na circulação de pessoas; no horário de funcionamento do comércio; uso de máscara e álcool em gel; e distanciamento social.

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O diálogo

Durante o depoimento, Campêlo disse que o governo amazonense "sempre" defendeu medidas não farmacológicas e que foram editados "diversos" decretos impondo restrições durante a pandemia.

"Essas restrições, quando o número de contaminações arrefece, você faz a flexibilização para apoiar a economia. Porém, sempre defendemos as medidas não farmacológicas", afirmou Campêlo.

Na sequência, Alessandro Vieira se dirigiu ao secretário e afirmou: "Infelizmente, a única medida não farmacológica que funcionou no Amazonas foi cadeia mesmo."

Vieira lembrou que o ex-secretário tem formação em engenharia e que o governador do estado, Wilson Lima (PSC), é jornalista. "Quem traçou a política de atendimento à saúde durante a pandemia?", indagou.

"Houve vários planos de enfrentamento", respondeu Marcellus Campêlo.

O senador perguntou, então, quem havia traçado os planos. "Tivemos secretários no início que eram da área e que estavam trabalhando nesse plano", disse o ex-secretário.

Questionado se o plano havia sido seguido no estado, Campêlo disse que foi "até o momento que nos deparamos com um crescimento descontrolado de contaminação".

"Me permita só fazer uma observação: o crescimento acontece porque o plano não funciona, não é o contrário. A contaminação aumenta quando o poder público não tem competência para evitar que isso aconteça", afirmou Alessandro Vieira.

Em outro momento, Campêlo citou manifestações que ocorreram em Manaus, no fim de 2020, contra o decreto do governador que determinava o fechamento do comércio por 15 dias. "A sociedade optou pela contaminação quando prefere ficar nas ruas sem seguir as recomendações não farmacológicas e buscando essa contaminação", disse o ex-secretário sobre o episódio.

Após os atos, o governador do Amazonas, pressionado, revogou o decreto.

Vieira perguntou: "Quem revogou o decreto foi a população ou o governador do estado?". "Foi o governador", respondeu Campêlo.

"Quem roubou dinheiro público encaminhado para atender o cidadão? Foi a população do estado do Amazonas?", indagou Vieira.

"O que eu posso dizer é que nós trabalhamos para enfrentar a pandemia", respondeu o ex-secretário. "O seu trabalho foi profundamente ineficiente", rebateu o senador do Cidadania.

Sobre a participação do governo federal no colapso em Manaus, Vieira disse que a equipe do Ministério da Saúde foi ao Amazonas defender tratamento precoce, lançar um aplicativo de diagnóstico automático, o TrateCov, e retardar o atendimento às urgências mais óbvias, como melhor estrutura hospitalar.

VÍDEOS: Veja o depoimento de Marcellus Campêllo à CPI

Fonte: G1

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