Museu da Língua Portuguesa é inaugurado com Fafá de Belém declamando Fernando Pessoa

Por Redação em 31/07/2021 às 16:27:22

Local passou cinco anos e meio fechado devido a uma reforma que reconstruiu o prédio parcialmente destruído pelo fogo em dezembro de 2015 Após passar cinco anos e meio fechado e por uma reforma que reconstruiu o prédio parcialmente destruído pelo fogo em dezembro de 2015, o Museu da Língua Portuguesa reabriu neste sábado, em São Paulo, com uma cerimônia para as autoridades dos países de língua portuguesa. O Museu estará aberto ao público a partir desta segunda-feira.

Além de autoridades paulistas, como governador João Doria, o secretário estadual de cultura, Sérgio Sá Leitão, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, comparecerem ao evento os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer e os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.

Os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff também foram convidados. Sarney não pode comparecer porque foi acometido por uma gripe. Lula e Dilma responderam ao convite com "cartas amáveis", segundo Doria. Collor não se manifestou. O presidente Jair Bolsonaro também ignorou o convite.

“Infelizmente, ele preferiu passear de motocicleta em Presidente Prudente”, disse Doria, em referência à "motociata" da qual o presidente participa neste sábado, no interior paulista. Não foram poucas as alfinetadas ao governo federal ao longo da cerimônia.

A começar pela escolha de Fafá de Belém para cantar o Hino Nacional. A cantora paraense, como bem lembrou a mestre de cerimônia Adriana Couto, participou ativamente da campanha das "Diretas Já", no fim da ditadura militar, e cantava o Hino Nacional nos comícios.

Fafá também cantou o Hino Nacional Português e declamou um poema de Fernando Pessoa: "Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal". "A minha pátria é a minha língua", bradou a cantora, ao final de sua apresentação.

Edilson Dantas

Edilson Dantas /Agência O Globo

Em seu discurso, Doria afirmou que, na língua portuguesa, encontramos "vacinas" contra o "negacionismo" e a "pós-verdade": "vida", "trabalho", "ciência", democracia", "liberdade".

O Museu da Língua Portuguesa recebeu a Ordem de Camões, honraria criada, em junho, pelo governo português, para homenagear pessoas e instituições que trabalham pela amizade dos povos lusófonos e a divulgação de seu idioma.

"Uma língua é feita de milhões de almas", discursou o presidente de Portugal. "Aqui viemos para celebrar o futuro, pois é ele que nos desafia. Essa é uma celebração do nosso futuro, do futuro da nossa língua comum. E e em nome desse futuro que celebramos, agraciando o Museu da Língua Portuguesa com a Ordem de Camões."

O Museu da Língua Portuguesa reabre com a exposição "Língua solta", que mistura obras de arte contemporânea assinadas por nomes como Arthur Bispo do Rosário, Leonilson e Jac Leirner com objetos de uso cotidiano que fazem referências à linguagem, como panos de pratos estampados com versículos bíblicos. O objetivo da exposição é mostrar como as palavras aparecem na arte tanto como marcadores de poder quanto como resistência.

A reforma do museu consumiu R$ 81,4 milhões, levou quatro anos e foi entregue oficialmente em 16 de dezembro de 2019, mas a pandemia impediu a volta integral das atividades. Com a reabertura do espaço, os visitantes podem acessar um mezanino localizado na torre do relógio da Estação da Luz e avistar o Parque da Luz e a região central de São Paulo.

O mezanino foi batizado em homenagem do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, falecido em maio. O Museu passou por melhorias de infraestrutura para torná-lo mais seguro contra incêndios, como a instalação de sprinklers (chuveiros automáticos).

O acervo é totalmente virtual e está preservado em backups externos. O projeto para restaurar e readequar o espaço foi elaborado pelo governo de São Paulo em parceria com a Fundação Roberto Marinho.

Além de recursos públicos, o orçamento vem de patrocinadores privados, como a EDP (empresa portuguesa de distribuição de energia elétrica), patrocinador master, o Grupo Globo, o Grupo Itaú e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Há apoios da Fundação Calouste Gulbenkian e do governo federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Fonte: Valor Econômico

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