Em meio à leitura de pareceres, CPI vota amanhã relatório de Renan

Por Redação em 25/10/2021 às 18:49:39

Após seis meses de funcionamento, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado encerra nesta terça-feira (26) os trabalhos com a votação do relatório final do senador Renan Calheiros (MDB). De acordo com o rito anunciado na semana passada pelo presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD- AM), a reunião começarĂĄ com a leitura dos votos em separado, que são uma espécie de relatório alternativo ao de Renan. Até o fechamento desta reportagem, trĂȘs senadores jĂĄ haviam protocolado seus textos: o governista Marcos Rogério (DEM-RO), o senador de oposição Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Eduardo Girão (Podemos- CE), que se classifica como "independente".

Os parlamentares terão 15 minutos – com tolerância de mais cinco minutos – para a leitura desses documentos. ConcluĂ­da essa fase, a votação do relatório final vai ser feita de forma nominal e ostensiva, ou seja, pĂșblica. O quórum de votação serĂĄ de maioria simples dos membros presentes. Caso o parecer do relator seja aprovado, os demais serão descartados.

Argumentos

O relatório de Alessandro Vieira é dividido em cinco eixos: definição de polĂ­ticas pĂșblicas de combate à pandemia; mortes evitĂĄveis; indĂ­cios de mau uso de recursos pĂșblicos; anĂĄlise dos pareceres e notas técnicas e propostas legislativas. Assim como fez Renan Calheiros, entre outros nomes, Vieira propõe o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro, mas por menos crimes. Na lista constam crime de responsabilidade, de epidemia, infração de medida sanitĂĄria preventiva, charlatanismo, incitação ao crime e crime contra a humanidade. No caso de prevaricação, o senador sugere mais investigações.

Em outro voto em separado, o vice-lĂ­der do Governo no Congresso, senador Marcos Rogério, faz uma ampla defesa da conduta do presidente Jair Bolsonaro na pandemia e pede a rejeição do texto de Renan Calheiros. "O foco da maioria dos membros [do colegiado] sempre foi atacar o presidente da RepĂșblica, num claro jogo polĂ­tico e eleitoral. Porém, as narrativas criadas pela oposição para enfraquecer e condenar o governo federal não foram sustentadas em provas, não restando comprovado em atos, ou omissões ilegais praticados por autoridades e servidores da Administração PĂșblica Federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavĂ­rus", argumenta o governista que optou por não apontar nenhum indiciamento.

Marcos Rogério rebate todos os pontos do relatório de Renan. Sobre as acusações de incentivo do presidente ao "tratamento precoce" de pacientes da covid-19 com medicamentos ineficazes em detrimento do uso de mĂĄscaras e do isolamento social e a demora na compra de vacinas, o senador ressalta que não hĂĄ resultados "conclusivos" sobre a eficĂĄcia de drogas como a hidroxicloroquina e a azitromicina e defende que a prescrição desses fĂĄrmacos "deve ser avaliada caso a caso, à luz da autonomia médica".

Em seu voto em separado, o senador democrata defende ainda que se a cĂșpula da CPI "realmente considera que a cloroquina ou a hidroxicloroquina realmente causaram mortes de pacientes da covid-19, é imperativo que se inclua no indiciamento todos os governadores e prefeitos que distribuĂ­ram tais medicamentos para suas populações, o que não ocorreu somente no inĂ­cio de 2020, como se alega".

Nesta segunda-feira (25), também foi apresentado o voto em separado do senador Eduardo Girão. No texto, o foco principal é o Consórcio Nordeste e a suposta compra superfaturada de mais de R$ 48,7 milhões de 300 ventiladores pulmonares nos estados. Girão destaca que, apesar do pagamento, os equipamentos não foram entregues. O senador ressalta que a sĂ­ntese dos fatos evidencia que o manejo dos recursos pĂșblicos, inclusive federais, pelos estados e municĂ­pios, acarretou prejuĂ­zo ao erĂĄrio da casa dos bilhões de reais. O senador acrescenta que a negociação feita no âmbito do Consórcio Nordeste com dispensa de licitação e sem a devida consignação de garantias contraria a Lei de Licitações.

O senador pede no documento o indiciamento do secretĂĄrio executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, por organização criminosa, improbidade administrativa, corrupção passiva, e fraude em licitação ou contrato dela decorrente.

Destaques

Sob o argumento de não haver previsão regimental para isso, o presidente da CPI jĂĄ descartou a possibilidade de apreciação de destaques ao relatório de Renan Calheiros. Apesar disso, até amanhã, ainda podem ser feitas modificações no parecer caso Renan Calheiros se convença a acatar alguma sugestão feita por membros do colegiado. Uma Ășltima reunião sobre o assunto serĂĄ feita entre a cĂșpula do colegiado hoje à noite.

Amazonas

Um ponto que estĂĄ sendo bastante discutido é o capĂ­tulo que trata da crise sanitĂĄria do Amazonas. O trecho recebeu muitas crĂ­ticas do lĂ­der do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM). Colega de partido de Renan, ele ameaça votar contra o texto caso o relator não inclua no documento final da CPI o indiciamento do governador do estado, Wilson Lima (PSC), e do ex-secretĂĄrio de SaĂșde Marcellus CampĂȘlo, pela crise da falta de oxigĂȘnio em Manaus no inĂ­cio deste ano. Braga chegou a elaborar um adendo ao relatório com essas sugestões. Na semana passada, quando o relatório foi lido, Renan apresentou uma lista de 68 indiciados. https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2021-10/cpi-da-pandemia-relatorio-de-renan-calheiros-pede-68-indiciamentos

As considerações de Braga foram colocadas em um adendo elaborado por ele para ser apresentado à cĂșpula da comissão. No documento, ele avalia ser "inaceitĂĄvel" que o relatório final não peça a punição dos responsĂĄveis pela crise no estado. "Nosso estado foi transformado em um verdadeiro campo de teste, com experimentos com remedios ineficazes, falta de oxige?nio, de leitos de internac?a?o e ate de covas para enterrar os nossos conterra?neos. Nenhum estado sofreu tanto quanto o Amazonas", destacou.

AdversĂĄrio polĂ­tico de Lima, Braga acusa o governador de prevaricac?a?o; crimes de responsabilidade; crime contra a humanidade e improbidade administrativa. No caso do ex-secretĂĄrio de SaĂșde, os crimes imputados a ele pelo emedebista são de falso testemunho, crime contra a humanidade e prevaricação.

A secretaria da CPI também recebeu do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) um adendo com foco no superfaturamento de compras e desvios de verbas ocorridos no Distrito Federal no combate à pandemia.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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