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Governador afastado é acusado pelo MP de liderar uma organização criminosa para desviar recursos públicos. Primeira-dama Helena Witzel também foi denunciada. Wilson Witzel, afastado do governo do RJ após denúncia de corrupção e lavagem de dinheiroWilton Junior/Estadão ConteúdoA Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela segunda vez, nesta segunda-feira (14), o governador afastado do Rio de Janeiro Wilson Witzel. Desta vez, ele é apontado como líder de uma organização criminosa que teria montado um esquema para o desvio de recursos públicos.Além de Witzel, foram denunciados: Helena Witzel, primeira-dama;pastor Everaldo Pereira, presidente nacional do PSC;Edmar Santos, ex-secretário de Saúde;Lucas Tristão, ex-secretário Desenvolvimento Econômico;Gothardo Netto, ex-prefeito de Volta Redonda;Edson Torres, empresário;Victor Hugo Barroso, doleiro;Nilo Francisco da Silva Filho;Cláudio Marcelo Santos Silva; José Carlos de Melo, eCarlos Frederico Loretti da Silveira.A denúncia aponta o governador afastado Wilson Witzel como chefe de uma organização criminosa lastreada em três principais pilares. PGR chegou a pedir prisão de Witzel em operação no fim de agosto; STJ determinou apenas afastamento do cargoO primeiro grupo seria encabeçado por Mario Peixoto. O segundo, por Pastor Everaldo, Edson Torrres e Victor Hugo Barroso. E por fim, o terceiro grupo seria comandado por José Carlos de Melo.O documento é assinado pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo. "Nesse diapasão, a organização criminosa, somente com esse esquema ilícito de contratação de organizações sociais na área de saúde, tinha por pretensão angariar quase R$ 400 milhões de valores ilícitos, ao final de quatro anos, na medida em que objetivava cobrar 5% de propina de todos os contratos", diz a denúncia.Além da condenação penal, o MP pede que Wilson Witzel perca o cargo de governador do Rio em definitivo. Também quer que os denunciados sejam condenados a pagar indenização de, no mínimo, R$ 100 milhões.Wilson Witzel aguarda decisão do STF para tentar voltar ao cargo de governadorSuspeita de desviosA decisão que levou ao afastamento do governador faz parte da operação Tris In Idem, que investiga irregularidades e desvios em recursos da saúde do Rio de Janeiro. A primeira denúncia ao STJ foi feita pelo Ministério Público Federal no âmbito dessa operação. A PGR afirma que o governo do RJ estabeleceu um esquema de propina para a contratação emergencial e para liberação de pagamentos a organizações sociais (OSs) que prestam serviços ao governo, especialmente nas áreas de Saúde e Educação.A suspeita é de que o governador tenha recebido, por intermédio do escritório de advocacia de sua mulher pelo menos R$ 554,2 mil em propina. O MPF descobriu transferência de R$ 74 mil de Helena Witzel para a conta pessoal do governador.A descoberta do esquema criminoso teve início com a apuração de irregularidades na contratação dos hospitais de campanha, respiradores e medicamentos para o enfrentamento da pandemia do coronavírus.Witzel tem dito que jamais cometeu atos ilícitos, não recebeu valores desviados dos cofres públicos e que continuará trabalhando para "demonstrar a verdade".Veja vídeos sobre o afastamento de Witzel do governo do Rio: