No curto prazo, curva de juros no Brasil tende a ficar menos inclinada, diz presidente do BC

Por Redação em 30/11/2021 às 14:01:44

Sobre a inflação de serviço, Roberto Campos Neto diz que "subiu mais recentemente", mas completa que foi dentro do esperado da autoridade monetária O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (30) que, depois de precificações recentes, a curva de juros no Brasil "tende a ficar menos inclinada" no curto prazo.

Em encontro anual de dirigentes de instituições financeiras promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ele lembrou que o BC iniciou antes dos pares o ciclo de altas, em alguns casos "surpreendendo até" o mercado e realizando, até agora, o maior ajuste monetário.

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Campos também destacou que a inflação do Brasil "só está abaixo da Turquia", mas afirmou que quando são excluídos itens mais voláteis, como alimentos, "está mais ou menos na média".

Já a inflação de serviço "subiu mais recentemente, mas esperávamos por isso".

Sobre o crescimento econômico, disse que, "juntando o biênio 2020 e 2021, o Brasil se saiu razoavelmente bem".

"Para 2022, começamos a ver o Brasil voltar a ficar atrás", afirmou, destacando que o BC revisará para baixo a sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem. A estimativa ficará abaixo dos 2,1% calculados atualmente, mas acima da projeção mediana do Boletim Focus, segundo ele.

No evento, Campos reforçou que há crescimento da internacionalização de investimentos feitos por brasileiros. Também afirmou que o projeto de lei que muda o arcabouço cambial "deve ser votado nesta semana no Senado". Além disso, "temos reunião para tratar de taxonomia [de carbono] com outros membros do governo nesta semana".

Alta dos preços pelo mundo

Campos disse que o indicador de inflação divulgado nesta terça-feira (30) na Europa "surpreendeu bastante para cima mais uma vez". "Há grande subida na inflação [globalmente]", disse.

Campos afirmou também que "o tema de [inflação de] energia é global e parece mais persistente".

Outro ponto que mostra "uma persistência muito maior" é o "deslocamento de demanda [para consumo de bens], que é um problema que o mundo precisará enfrentar".

"A tese de que houve impacto [negativo globalmente] de oferta não se mostra verdadeira", afirmou.

De forma geral, segundo ele, começam a surgir impactos "de forma bastante definitiva na inflação para o consumidor".

"Temos uma normalização de juros que ainda acho que vai continuar por um tempo [globalmente]", disse. Essa normalização deve gerar "retirada de liquidez de emergentes" e coincidir "com nossos ruídos e desafios locais".

"Por isso é importante avançar na agenda de reformas", disse.

Ainda sobre o cenário externo, Campos disse que "as surpresas de crescimento passaram por um período negativo, com alguma melhora [recentemente] na margem". As exceções positivas, que não foram afetadas "no período negativo", foram principalmente Estados Unidos e Reino Unido, de acordo com ele.

Já a China "enfrenta problemas de crescimento estrutural", ligados a seu setor imobiliário.

"Isso tem impacto não só no crescimento da China mas em commodities como um todo", disse.

Ele lembrou, por fim, que há um crescimento do número de artigos que citam o termo "estagflação", o que mostra maior preocupação com o tema.

Crescimento estrutural

Campos voltou a defender a importância de o Brasil aumentar seu crescimento estrutural. "Uma questão que surge é: qual o crescimento estrutural que o Brasil consegue ter?", disse.

Segundo ele, "com crescimento estrutural de 2,5% e juros de 6% e 7%, temos uma trajetória de dívida".

"Mas se o crescimento é 1% e [a taxa de] juros estrutural é mais alto, aí temos outra trajetória", disse.

Ele também voltou a defender a importância de reformas e da "credibilidade fiscal" como maneira de aumentar o crescimento estrutural.

Sobre a melhora recente da dívida bruta, afirmou que essa melhora "se perpetua" no tempo, conforme o Boletim Focus. Já resultado primário "está bem comportado ou pelo menos melhor do que a média".

Campos reiterou que mudanças como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios precisam ser bem comunicadas.

"Pagamos um preço em termos de credibilidade por um desvio fiscal que não foi tão grande", disse. "O arcabouço fiscal é muito importante."

Fonte: Valor Econômico

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