Bastidores: saiba como é a atuação dos árbitros em uma partida de basquete

Por Redação em 03/12/2021 às 11:09:12

Tão importante quanto os atletas para o espetáculo, equipe de arbitragem entra em ação dias antes do jogo acontecer. Quando o árbitro apita o começo da partida, todos estão concentrados. Do momento em que a bola laranja é jogada para o alto, até o seu último quique, olhares atentos acompanham cada movimento, cada passo, cada salto e arremesso.

Na quadra, o protagonismo é dos atletas. Em cada jogo, equipes duelam com veracidade, lutando para ficarem um passo mais próximos do pódio. Mas, para além das duas equipes, que certamente merecem destaque, existe uma terceira. E, sem ela, nenhum jogo seria possível: a arbitragem.

Dias antes da partida, a equipe de arbitragem entra em ação. Diversas competições ocorrem simultaneamente. Em Santa Catarina, geralmente, os certames ocorrem entre março e novembro. Ao todo, são mais de 1500 partidas oficiais realizadas no estado anualmente.

Para conciliar todas as partidas, a Federação Catarinense de Basketball (FCB) elabora um calendário prévio de planejamento antes de cada temporada, para visualizar quais competições vão ser realizadas em determinados períodos do ano.

O calendário é pensado também para conciliar com os eventos da Fesporte, que é o órgão estadual que promove algumas competições importantes como Olimpíadas Escolares (Olesc), Jogos Abertos (Jasc), Joguinhos, entre outros.

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O calendário é feito com margem para mudanças, caso necessário. No decorrer dos meses, alguns pontos podem ser alterados. Para escolher o local de cada partida, muitos pontos precisam ser considerados: campanha, estrutura oferecida, logística, disponibilidade no calendário, entre outros.

É necessário ter a escala de arbitragem definida para poder lançar oficialmente a realização de uma partida. A escolha da arbitragem leva em consideração a localização dos jogos, disponibilidade dos integrantes da equipe e o nível de experiência de cada árbitro. Para jogos em categorias profissionais, por exemplo, é necessário mais experiência e preparo para conduzir o jogo.

Para propiciar um ambiente de aprendizado, sem comprometer o nível e qualidade da arbitragem, há uma estratégia na escolha dos três árbitros que irão apitar a partida. Escala-se um árbitro mais jovem, acompanhado de outros dois mais experientes. O intuito desta mescla é faze com que o profissional com menos tempo - muitas vezes novato - adquira experiência, vivência e aprendizado.

As faltas dos membros da arbitragem são raras, visto que a escolha se baseia na disponibilidade prévia de cada integrante. Além disso, os convocados recebem a escala com uma semana de antecedência. Se a falta acontecer, é necessário encontrar um substituto, que pode ser o árbitro do jogo seguinte. Dependendo da justificativa apresentada, são previstas advertências e punições.

No dia da partida, a equipe de arbitragem chega ao local com pelo menos uma hora de antecedência. O primeiro passo é a organização da mesa de controle, onde trabalham 3 mesários. A mesa é responsável por controlar os painéis de tempo e de pontuação, que são fundamentais em toda partida.

Mesa de controle, com equipamentos e súmula.

Gabriele Oliveira

Após verificar o funcionamento do equipamento, os oficiais de mesa se organizam para preencher a súmula - documento oficial da partida, que registra todas as informações do jogo. Nela, são registrados pontos e faltas de cada equipe, e também de cada jogador. Dados sobre o tempo debitado também estão anotados.

Os três árbitros já estão vestidos com seus uniformes, e a mesa de controle continua trabalhando junto ao coordenador. Em todos os jogos organizados pela FCB, é preciso conferir a carteirinha de cada atleta, verificar se estão dentro do prazo de validade e se estão jogando na categoria correta.

Enquanto a equipe de arbitragem trabalha na mesa de controle, as equipes chegam a quadra.

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Cerca de 15 minutos antes da partida, após discutirem estratégias com seus respectivos técnicos e se alongarem, os atletas começam o aquecimento. E este, vai além de apenas aquecer o corpo. Trata-se de um momento de reconhecimento do espaço: os atletas sentem o chão sob os pés, e treinam arremessos para se habituarem ao aro.

Atletas aquecidos, árbitros trajados e portando os apitos, oficiais de mesa atentos, com a caneta na mão. É hora de começar a partida, e as três equipes se posicionam em quadra: os times que se enfrentam e a arbitragem.

Na foto, da esquerda para direita: Mauricio Camaroto, Luiz Gastão Neves Dubois e Vinícius Plentz de Oliveira.

Gabriele Oliveira

Bola ao alto e o espetáculo começa. O basquete é um esporte muito complexo, e exige muito da arbitragem. É preciso estar atento a cada movimento e tomar decisões constantemente. Enquanto uns jogadores atacam, outros defendem. Caem, levantam. É falta! De quem? Por que?

A linha entre o contato permitido e o faltoso é tênue, e os atletas se balançam nela o tempo todo, como em uma corda bamba. Após apitar uma falta, o árbitro deve sinalizar pontos importantes: o número de qual jogador cometeu a infração, qual foi a falta, e qual a consequência. Por exemplo, ele pode sinalizar que o jogador número 7 empurrou o adversário, e como punição, o time que sofreu a falta tem dois lances livres a favor. Chance para marcar dois pontos - que podem fazer a diferença ao final da partida e até mesmo na classificação do campeonato.

Existem gestos para sinalizar cada tipo de falta: se empurrou, bateu no braço, bateu na cabeça, segurou o adversário ou caminhou com a bola além do permitido pela regra. Tudo é comunicado para a mesa de controle, através de uma linguagem de sinais própria. Quando um jogador pisa na linha de 3 pontos para fazer um arremesso, o árbitro sinaliza.

O jogo é intenso, e cada segundo conta. No basquete, não há protelação de tempo. Em absolutamente toda paralisação, o cronômetro é pausado.

Outra regra do basquete é não existir empate. Caso a partida termine em igualdade no placar, a decisão será na prorrogação.

Painel de 24 segundos: fundamental para o andamento de uma partida de basquete.

Gabriele Oliveira

Quando um jogador ataca, o movimento é chamado de ato de arremesso. Quando as faltas são cometidas neste momento, a punição é lance livre. E estes, são sempre uma oportunidade de equilibrar o placar. Para pressionar o jogador que fará o arremesso, os que estão no banco fazem barulho, torcendo contra. Às vezes funciona.

Na mesa de controle, uma bandeira vermelha levantada sinaliza que a equipe chegou a quatro faltas coletivas. A partir deste ponto, toda falta cometida pela equipe resultará em um lance livre pelo adversário. Apesar da punição, não há limite para faltas coletivas. Para faltas individuais, o limite é 5, e o jogador é expulso.

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Por ser um jogo de contato constante, além das faltas, as quedas são comuns. Pela alta queima de calorias durante o jogo, é normal que os atletas estejam encharcados de suor, e deixem uma marca no piso após cada queda. Para evitar lesões graves, é função dos árbitros solicitarem que o local seja limpo. Quadra molhada representa um grande risco aos atletas.

As partidas preferidas do público são as mais acirradas possíveis, onde a vitória muda de lado a cada ponto. As emoções ficam à flor da pele enquanto as equipes duelam em quadra: arremesso, cesta, defesa, ataque, arremesso, cesta e defesa. Para a equipe de arbitragem, muita disposição para correr pela quadra e acompanhar os atletas, sem perder sequer um toque, contato ou arremesso.

O ambiente do basquete costuma ser muito respeitoso. Atrito e ofensas entre técnicos ou atletas e árbitros e até mesmo entre torcida e equipe de arbitragem são raros. Para quem tem o primeiro contato com o esporte, pode ser um pouco difícil de acompanhar. Ao mesmo tempo, hipnotizante. O dinamismo e a complexidade do basquete encantam, e levam o público ao ápice em cada arremesso.

No final da partida, é hora de finalizar o preenchimento da súmula - que é conferida e assinada pelos árbitros da partida. O técnico de cada time recebe uma cópia do documento. Após terem desligados os equipamentos e já recebido os merecidos pagamentos, os membros da equipe de arbitragem se despedem e vão descansar. No dia seguinte, a bola laranja volta a quicar.

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Fonte: Globo Esporte/G1

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