Caso Fábio não é uma novidade trazida pela SAF e não é questão de gestão, mas de respeito ou desrespeito

Por Redação em 06/01/2022 às 18:43:56

Lembra quando Vanderlei Luxemburgo definiu que não queria mais contar com Ronaldo Giovanelli? Não é tão diferente, tirando a dívida construída pelo Cruzeiro dos últimos anos O caso Fábio aumenta o volume de comentários com dúvidas sobre o futuro do Cruzeiro e discute-se se é possível ter gestão e humanidade ao mesmo tempo.

Se o futebol pode ter gestão igual ou semelhante ao de outros tipos de empresa? Claro que pode.

Não é isto o que está em discussão. Qualquer clube grande precisa ser gerido de maneira profissional e não se trata de ser SAF, S/A, Ltda ou clube associativo.

Silvio Berlusconi não é um modelo de homem, nem de político, mas o Milan sob seu comando foi o clube mais poderoso do planeta. Em 1986, antes de comprar a massa falida milanista, de Giuseppe Farina, Berlusconi estudou adquirir as ações do presidente da Internazionale, Ivanhoe Fraizzoli. O pai de Berlusconi. Luigi, era interista, e Silvio pretendia comprar o time do coração de seu pai.

Durante 22 anos, a gestão do Milan foi profissional e cuidadosa. Ídolos entraram e saíram da equipe, com respeito. O Manchester United é uma empresa. Discutível sua gerência desde que as ações passaram a ser majoritariamente da família Glazer, mas Alex Ferguson está sempre em Old Trafford, tratado como lenda.

Ídolos são tratados como ídolos no United, no City, no Arsenal, Atlético de Madrid, Bayern... Todos são empresas. Na Alemanha, com 51% pertencentes ao clube. Mas empresa.

Não se trata de gestão excluir respeito.

Há duas versões no caso Fábio e as duas devem ser cuidadosamente analisadas.

O Cruzeiro está certo em acertar suas contas. Não se sabe se Ronaldo fará o clube voltar a disputar títulos, se conseguirá dar estabilidade econômica e esportivamente morar no bloco intermediário ou se fracassará na gestão e quebrará a instituição centenária. Só o tempo dirá.

Despedida de Fábio do Cruzeiro: relembre a trajetória do ídolo do clube

A legislação da SAF não nasceu para salvar clubes, mas para fazer o futebol se tornar setor da economia do país.

Para ser importante, o Cruzeiro terá de pagar suas dívidas, estabilizar-se financeiramente, para depois ser competitivo.

Fábio é um ídolo. Não é por isso que precisa ter contrato de mais um ano ou de 26 jogos, para alcançar as mil partidas e ficar na história. É possível rescindir o contrato. Só é preciso respeito para fazer isto.

Se é verdade que o diretor-executivo, Paulo André, nem sequer saiu da sala para cumprimentar o ídolo, de saída, neste caso está errado.

Se não houve nem sequer um telefonema para dispensar Alexandre Mattos, está errado.

Se não se olhou nos olhos dos empresários do zagueiro Sidnei, para rescindir o contrato assinado pela gestão Sergio Rodrigues, também é erro.

Os três casos levam em conta os depoimentos dos que estão de saída.

Há milhares de cursos para velhos colegas de trabalho se transformarem em chefes sem solidariedade. Espera-se da gestão de Ronaldo e Paulo André a capacidade de observar o lado do clube e, ao mesmo tempo, entender como os jogadores se sentem. Sem os erros dos cartolas históricos do Brasil.

Se faltar sensibilidade, se faltar respeito, se não tiver olhos nos olhos, o início estará errado.

Rescindir o contrato de Fábio também não indica abandonar a dívida. Todos os credores têm de ter suas situações resolvidas, mesmo que a longo prazo. É compromisso estabelecido em contrato, pela sociedade anônima do futebol.

No Cruzeiro, de todas as perguntas sem respostas, a maior é:

Por que Sergio Rodrigues assinou acordos com Alexandre Mattos, com o zagueiro Sidnei, com o goleiro Fábio, se sabia que o clube estava sendo vendido e os acordos poderiam ter de ser renegociados?

É possível compartilhar gestão e humanidade. Impossível é exercer qualquer atividade profissional sem respeito.

Fonte: Globo Esporte/G1

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