PIB da construção civil sobe 7,6%, e previsões para 2022 são positivas

Por Redação em 21/01/2022 às 01:20:55

Incorporação imobiliária encerrou 2021 com crescimento de 32%, um bom desempenho que o setor não vivenciava desde 2014 A curva de crescimento recorde do mercado imobiliário de alto padrão em 2021 não deverá entrar em descendência nos próximos meses, contrariando os prognósticos negativos de uma conjuntura de desaceleração econômica, juros altos e aumento da inflação. Pelo menos essa é a expectativa dos atores desse segmento do setor de incorporação, que encerrou o ano passado com um crescimento de 32% e desde 2014 não vivenciava quadro tão favorável: oferta abundante de crédito impulsionada pelo saldo positivo da poupança, taxa de juros baixa, demanda crescente por imóveis maiores e de melhor localização e capacidade de entrega das incorporadoras, que, capitalizadas, aceleraram os lançamentos.

“A conjunção de todos esses fatores possibilitou o crescimento de 7,6% do PIB do setor em 2021, quando a expansão do PIB nacional não chegará a 5%”, afirma William Gomes, analista de Equity Research no TC Matrix. Segundo ele, justamente em razão da excelente performance da incorporação imobiliária de alta renda no ano passado é que as perspectivas para 2022 são positivas, e o setor deverá atingir uma expansão da ordem de 2%. Gomes admite ser este um ano desafiador por causa das eleições e das implicações sobre as decisões econômicas, mas lembra que historicamente os brasileiros consideram o setor imobiliário o ativo mais seguro em momentos de incerteza.

Em sua terceira edição, divulgada em dezembro passado, o indicador de confiança do setor imobiliário residencial, realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imo-biliárias (Abrainc) em parceria com a Deloitte, atestou que “o mercado imobiliário mantém em alta a expectativa de novos lançamentos no setor ao longo dos próximos 12 meses e também em relação à aquisição de terrenos para futuros empreendimentos”.

Os dados apurados no período de 1º a 21 de outubro de 2021, junto a 51 empresas construtoras e incorporadoras, revelaram que, para imóveis de médio e alto padrão, “a demanda se manteve com as condições atrativas de financiamento, mesmo com a piora dos indicadores econômicos e com a maior cautela da população em relação ao atual momento da economia”.

Na avaliação do presi-dente da Abrainc, Luiz França, a expectativa positiva para lançamentos de novos empreendimentos ainda no primeiro semestre deste ano é um bom sinalizador e indica que o empreendedor se mantém confiante no mercado e na melhoria das condições de compra por parte do consumidor. “São perspectivas que abrem uma boa oportunidade para o crescimento do setor em 2022”, afirmou.

A SKR Construtora e Incorporadora aposta na manutenção do crescimento da demanda por incorporações de alto padrão e investiu no fim do ano passado R$ 1 bilhão na compra de terrenos para lançar cinco empreendimentos de luxo até 2023 — dois deles, entre março e abril, com VGV de R$ 600 milhões.

“Estamos revisando o planejamento de vendas e atuando com mais cautela, mas acreditamos em um maior fôlego da demanda a partir do segundo trimestre, com o controle da inflação e a redução das taxas de juros”, afirma o diretor Financeiro, Pedro Paulo Marolla.

DEMANDA AQUECIDA

Para o presidente do Secovi-SP, Basílio Jafet, a venda de empreendimentos de alto padrão continuará em curva ascendente ao longo de 2022, e a demanda deverá se manter aquecida. “A desaceleração será gradual, o que não é necessariamente um problema, dado o nível de expansão registrado no ano passado”, diz.

Ele acredita que a ressignificação das moradias em busca da maior qualidade de vida veio para ficar e, com a adesão das empresas ao trabalho híbrido (presencial e em home office), a tendência é de procura ainda maior por casas com mais espaço e áreas de lazer em condomínios de luxo localizados longe dos grandes centros.

Jafet observa que o maior agravante para a manutenção da demanda ao longo deste ano poderá ser a alta nos preços dos imóveis — não só em razão do aumento no valor de materiais e insumos para construção, que desde o final do ano passado já vinha pressionando o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), como também da maior valorização dos terrenos resultante de restrições urbanísticas.

“A legislação hoje é bem mais abrangente, e as exigências mais rígidas, o que significa que a área construída é cada vez menor, o que encarece ainda mais o metro quadrado”, diz Jafet, ponderando que, no caso dos empreendimentos de luxo, o problema é ainda maior devido à escassez de áreas edificáveis em regiões consideradas de excelente localização.

Preço dos imóveis aumentou em várias partes do mundo

Ao longo do primeiro ano da pandemia, os empreendimentos imobiliários nos 36 Estados-membros da OCDE valorizaram mais de 6%, em média

Tendência é de continuidade na expansão dos mercados imobiliários

MICROSTOCKHUB/GETTY IMAGES

O boom de negócios no mercado imobiliário originado na pandemia em razão da necessidade das pessoas de terem mais espaço e conforto em seus lares é um fenômeno mundial. De acordo com o estrategista para mercados emergentes da Morgan Stanley, Ruchir Sharma, a valorização dos imóveis nos Estados Unidos vem ocorrendo não só nos grandes centros como nas áreas rurais e suburbanas.

Segundo ele, os preços dos imóveis aumentaram em todo o mundo, independentemente das dificuldades de cada país no controle da pandemia. Com base em dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o analista afirma que, ao longo do primeiro ano do isolamento social, os empreendimentos imobiliários nos 36 Estados-membros atingiram uma valorização de mais de 6%, em média.

“O ritmo está mais veloz desde 2007. O valor das casas tem subido tão rápido durante a pandemia quanto no boom de 2008”, comparou ele, referindo-se à expansão da atividade imobiliária, alimentada por ativos financeiros, que desencadeou a crise financeira internacional iniciada no mercado de títulos de subprime.

Para Stanley, a tendência é de continuidade na expansão dos mercados imobiliários em todo o mundo, à medida que a recuperação econômica global ganhe força e, por conseguinte, seja maior a ameaça de aumento dos índices de inflação. “Muitos investidores procuram proteger seus ativos investindo no mercado imobiliário.”

Fonte: Valor Econômico

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