Operação da PF que prendeu servidor da Funai e cacique por garimpos ilegais em terras indígenas é concluída em MT

Por Redação em 29/03/2022 às 09:38:07

Ação durou 15 dias e, além das prisões, a PF apreendeu documentos, celulares e maquinários. Além disso, os agentes destruíram acampamentos e veículos que davam suporte à exploração. Garimpos ilegais foram descobertos pela PF em terras indígenas de MT

Polícia Federal

A Polícia Federal concluiu nessa segunda-feira (28) a operação 'Onipresente' que investigava garimpos clandestinos e extração ilegal de madeira em terras indígenas de Mato Grosso. Durante a ação, que durou 15 dias, um servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), e um cacique foram presos suspeitos de participação no esquema.

De acordo com a PF, foram fiscalizados 21 pontos localizados na terra Aripuanã, entre Juína e Aripuanã, da etnia Cinta Larga, na TI Menkü, em Brasnorte (etnia Men?ü), e no Parque Nacional do Xingu, em Feliz Natal, da etnia Ikpeng.

Polícia Federal conclui operação em terras indígenas de MT

A escolha das localidades, segundo a polícia, foi feita através de monitoramento via satélite no sistema "Planet" que é capaz de detectar desmatamentos em áreas tão pequenas quanto um quintal de uma casa.

A PF informou que foram apreendidos documentos, celulares, sete escavadeiras hidráulicas, três caminhões, sete tratores, doze motocicletas e trinta motores estacionários utilizados na lavagem do solo.

Agentes destruíram acampamentos e veículos que davam suporte à exploração

Além disso, os agentes destruíram acampamentos que davam suporte para a exploração e veículos que estavam em situação precária de conservação ou em locais de difícil acesso.

Outros maquinários foram recolhidos.

Operação Ato Reflexo apura garimpo ilegal em Terra Indígena Aripuanã (MT)

Polícia Federal

Investigação

No decorrer da investigação, a polícia descobriu que as atividades ilegais eram realizadas com autorização de lideranças indígenas que recebiam valores dos madeireiros e garimpeiros para liberarem as atividades ilegais. Os policiais encontraram uma tabela com preço pago aos indígenas.

Também foi descoberta a atuação de servidores da Funai que passavam informações a garimpeiros para que escapassem da ação policial.

Onipresente é uma operação pertencente ao programa Guardiões do Bioma, do Governo Federal e contou com 2 helicópteros, 12 policiais federais e 4 fiscais do Ibama.

Arrendamentos de terra para criação de gado rendia cerca de R$ 900 mil por mês

Polícia Federal

2ª operação contra lideranças indígenas

Essa foi a segunda operação da Polícia Federal que envolve lideranças indígenas e servidores da Funai em menos de uma semana.

Na mesma semana em que foi deflagrada essa ação, o cacique Damião Paridzané foi preso, investigado pela Polícia Federal por suspeita de receber dinheiro em troca da concessão ilegal de áreas indígenas à fazendeiros para criação de gado.

O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva, o sargento da Polícia Militar Gerrard Maxmiliano Rodrigues de Souza e o ex-policial militar do Amazonas, Enoque Bento de Souza, também foram presos na Operação Res Capta, deflagrada pela Polícia Federal, contra o arrendamento das terras indígenas para produtores rurais.

Um vídeo mostra coordenador da Funai e o sargento da PM negociando o arrendamento.

O cacique, que recebia pelo menos R$ 900 mil por mês com o suposto esquema, é um dos principais líderes citados e premiados na história da luta do povo Xavante para a reconquista da Terra Indígena Marãiwatsédé e expulsão de não indígenas da área.

Ele já foi homenageado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), durante o XI Seminário de Educação (Semiedu 2013), sendo reconhecido como "lutador" dos povos indígenas, e logo depois, em Brasília, ele ganhou um reconhecimento na 20ª edição do Prêmio de Direitos Humanos, recebendo um troféu por “nunca ter negociado com fazendeiros e políticos, e sempre afirmar: "eu só preciso da terra”.

Fonte: G1

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