Pesquisa científica com pacientes de Paulista encontra evidências de transmissão do vírus da zika através do sexo

Por Redação em 19/10/2020 às 11:48:28

Estudo da Fiocruz e Universidade Estadual do Colorado (EUA) constatou que parceiros sexuais de pacientes que tiveram zika têm três vezes mais chances de contraírem a doença do que pessoas sem contato íntimo com os doentes. Forma de transmissão do zika anteriormente conhecida é por meio do mosquito Aedes aegypti

Alexandre Carvalho / Fotos Públicas

Uma pesquisa feita em colaboração internacional entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco e a Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, encontrou evidências da transmissão sexual do vírus da zika em pacientes de Paulista, no Grande Recife.

O trabalho, publicado em outubro no "Journal of Infectious Diseases", foi desenvolvido após uma análise de 425 indivíduos, entre pacientes que tiveram zika e chikungunya e outras pessoas que viviam nas mesmas residências.

De acordo com Tereza Magalhães, que é pesquisadora visitante da Fiocruz e afiliada à Universidade Estadual do Colorado, o estudo foi financiado pelo governo americano e constatou que os parceiros sexuais dos participantes do estudo tinham até três vezes mais chances de terem contraído o vírus da zika, em relação a pessoas que não tinham contato íntimo com os pacientes.

O levantamento foi feito com base nos participantes de outro estudo anterior da Fiocruz, sobre arboviroses. "O número de casos ativos de zika caiu muito depois da epidemia de alguns anos atrás, apesar de o vírus ainda estar circulando. Por isso, fomos atrás de participantes de um estudo anterior nosso e convidamos outras pessoas que moravam nas residências a participar", explicou Tereza.

A partir da análise do material sorológico coletado nesse segundo estudo e das entrevistas sobre sintomas, os pesquisadores perceberam que havia, além da possibilidade de transmissão através do Aedes aegypti, um risco de contrair o vírus da zika por via sexual.

"Um dos tipos de análises que fizemos foi a do risco relativo. Quando fizemos as comparações, percebemos que os parceiros sexuais dos participantes que eram positivos para zika tinham um risco três vezes mais do que pessoas que não tiveram relações sexuais. Isso mostra que a transmissão por sexo é bem mais importante do que o que a gente pensava", afirmou.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão por terem incluído o vírus da chikungunya na pesquisa, que também é transmitido pelo mesmo mosquito. "Quando as pessoas moravam com um participante que tinha tido chikungunya, o risco de o parceiro sexual e de outras pessoas que não tinham contato íntimo era o mesmo, ou seja, somente do vetor, o mosquito", disse Tereza.

Diante do resultado, os pesquisadores buscam, atualmente, respostas para novas perguntas que surgiram após a constatação. "É possível que as consequências da infecção sejam diferentes. É possível que os sintomas sejam diferentes entre quem contraiu pelo vetor e quem contraiu por via sexual. A gente ainda não sabe, mas isso tem que ser estudado", declarou.

Com a possibilidade de transmissão sexual do vírus da zika, a pesquisadora acredita que governantes e profissionais de saúde devem acender um alerta para que a população também se previna de outras formas, além do combate ao Aedes aegypti.

"Além do uso de repelente e de evitar os criadouros, o sexo seguro é uma das práticas importantes porque, a partir disso, o zika entra no rol de doenças sexualmente transmissíveis. Temos que chamar a atenção para isso também", contou.

VÍDEOS: tudo sobre as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

Fonte: G1

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