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g1 foi a dois dos três locais oficiais de acampamento para viajantes que estão na capital para participar da posse de Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (1º). Elis, Isabela e Adair, apoiadores de Lula que foram acampar em Brasília para acompanhar a posse neste domingo (1º)Fábio Tito/g1Muita gente que se deslocou até Brasília para a posse de Lula como presidente teve que recorrer aos acampamentos oficiais para evitar os gastos com hospedagem, mas isso não impediu ou diminuiu a empolgação para o evento deste domingo (1º).A previsão era que os três pontos de acampamento (Estádio Mané Garrincha, Pavilhão do Parque da Cidade e Pavilhão da Granja do Torto) abriguem milhares de pessoas --só no Mané Garrincha, a organização esperava algo entre 10 mil e 12 mil acampados.O g1 foi a dois desses três pontos e conversou com algumas dessas pessoas.Força e tamborimIsabela Cunha, jornalista e produtora cultural, tem 30 anos e saiu de Londrina até a capital federal para ver a posse de perto. Ela vende produtos orgânicos colhidos em terras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)."Minha expectativa para amanhã tem muita relação com aquilo que o Movimento [Sem Terra] construiu para esse dia. Para, mim, é um dia de realimentar nossas forças de luta; vem aí um governo democrático, finalmente, que a gente muito esperou, mas isso não nos livra de continuar lutando pelos nossos valores e pelo projeto de mundo que a gente deseja e que o MST construiu por muitos anos", afirma.Isabela Cunha vi ajudar com seu tamborim a puxar a marcha do Mané Garrincha até a Esplanada dos Ministérios na manhã deste domingo (1º)Fábio Tito/g1Ela conta que há um ano e meio faz parte da Unidos da Lona Preta, bateria do povo sem terra que vai puxar a marcha que sai do estádio pela manhã rumo à Esplanada dos Ministérios. "Comecei a tocar tamborim há um ano e meio por causa da Lona Preta, foi muito legal aprender. A marcha vai ser muito bonita", diz.No Mané Garrincha, entre os acampados estão representações de movimentos sociais do campo e da cidade, sendo o MST o maior deles.Arte travesti pró-LulaElis do Talho tem 24 anos, é artista de rua e decidiu vir a Brasília de última hora, no dia da viagem. "Apareceu uma vaga no ônibus fretado, minha amiga me chamou, eu só arrumei minhas coisas e vim" conta. Foram 25 horas de viagem, e a volta está marcada para a manhã de segunda (2).Tanto esforço foi, também, porque se sentiu parte da vitória de Lula. Ela é de São Gonçalo, na Baixada Fluminense."Fiquei feliz de passar o Ano Novo em Brasília nesse momento histórico, conseguir ver o Lula, até porque eu movimentei muita coisa de arte temática travesti pra campanha do Lula. (...) Eu me senti grata, como se o universo estivesse falando: 'Ela merece estar lá, ela fez a parte dela'", conta Elis entre risadas.Elis do Talho é artista de rua e conta que fez peças com temática travesti para ajudar na campanha de LulaFábio Tito/g1A esperança no retorno de Lula ao governo vem de memórias que a artista traz desde a infância. "Eu cresci vendo muita prosperidade, as coisas melhorando. Agora eu tenho um vizinho que vendeu o portão da casa dele porque não tinha o que comer na pandemia. E São Gonçalo foi uma cidade que elegeu Bolsonaro, eu convivo com bolsonaristas na minha rua. Não dá para entender", afirma.'580 dias de resistência'Adair Gonçalves, de 41 anos, é camponês do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e vive em acampamentos e assentamentos desde os 11. Ele foi um dos manifestantes mais presentes na vigília montada diante da prisão de Lula em Curitiba."A posse do Lula, acho que foi um sonho construído a partir da prisão do Lula. A gente passou 580 dias de vigília, 580 dias de luta e 580 dias de resistência. Onde a gente criou muita força, né? Onde a gente superou muitas, muitas coisas", diz Adair.Adair Gonçalves ajusta seu boné do MST em acampamento no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, na véspera da posse de LulaFábio Tito/g1Ele ressalta que o momento agora é de esperança."Hoje estamos aqui pra celebrar. Celebrar esse momento que foi de muita dificuldade, que foi de muita luta, mas que ele é muito esperançoso, muito prazeroso. E tenha certeza que os os trabalhadores vão recuperar os seus direitos. Vão recuperar o direito da luta, vão recuperar o direito da vida e, principalmente, o direito de comer, né? Que hoje a gente tem 33 milhões de brasileiros passando fome", afirma.