'Estado precisa dar uma resposta', diz corregedor sobre investigação de blitz da PRF nas eleições

Vinícius Behrmann Bento deu entrevista horas depois da prisão de Silvinei, ex-diretor-geral do órgão.

Por Redação em 09/08/2023 às 20:47:58

Vinícius Behrmann Bento deu entrevista horas depois da prisão de Silvinei, ex-diretor-geral do órgão. A Polícia Federal investiga se blitze da PRF no dia do segundo turno visaram interferir na votação. O corregedor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Vinícius Behrmann Bento, disse nesta quarta-feira (9) que "o Estado brasileiro precisa dar uma resposta, um esclarecimento" sobre a atuação da corporação durante as eleições do ano passado.

Bento falou à TV Globo horas depois de o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques ser preso pela Polícia Federal.

Vasques comandou a PRF durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele estava no cargo de diretor-geral durante as eleições de 2022.

A prisão de Vasques foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes dentro de duas investigações que apuram se houve prevaricação (quando servidor deixa de exercer seu dever), violência política e ação para impedir ou atrapalhar a votação no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, quando a PRF realizou uma série de blitze que tiveram como alvo veículos com eleitores.

Essas blitze se concentraram em estados do Nordeste, onde, segundo pesquisas de intenção de voto, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva tinha vantagem sobre Bolsonaro.

"Nosso país passou por momentos envolvendo a Polícia Rodoviária Federal em que a gente ficou muito no foco e muitas de nossas ações como polícia de estado foram questionadas. Dentro disso o estado brasileiro precisa dar uma resposta, um esclarecimento: o que foi que aconteceu durante as eleições? o que foi que aconteceu no 8 de janeiro", afirmou Bento, se referindo também ao ataque golpista de bolsonaristas contra as sedes dos três poderes.

Ele disse ver "com naturalidade" a operação desta quarta, que levou à prisão de Silvinei Vasques.

"O que está sendo apurado são fatos que foram trazidos à tona com indícios em relação à atuação de alguns policiais, e isso precisa ser esclarecido", disse o corregedor-geral da PRF. "Se houve falha, se houve intenção de cometer algum ilícito, que eles sejam responsabilizados na medida da culpabilidade de cada um", completou ele.

Polícia Federal prende Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF

Investigação

O inquérito para apurar essas operações da PRF em rodovias foi aberto ainda em novembro de 2022.

Além disso, o episódio também é alvo da CPI dos Atos Golpistas, criada no Congresso para apurar os atos terroristas de 8 de janeiro.

Silvinei Vasques foi o primeiro a depor na CPI. Ele negou que tenha havido qualquer omissão ou irregularidade na atuação da PRF.

"Nossos policiais estavam lá para garantir a segurança. Nesse dia, não foi registrado nenhum acidente grave com ônibus e vans", disse, sobre o dia do segundo turno.

O ex-diretor também alegou que seria impossível articular uma atuação irregular em todo o país.

"Grande parte dos nossos policiais eram eleitores do presidente Lula. Não há, não é possível cometer esse crime. Não como parar 13 mil policiais sem ter uma conversa por Whatsapp, Telegram, sem um e-mail enviado. Nenhum participou ou ouviu alguma coisa. Não tem como fazer uma operação dessa e envolver 13 mil policiais sem ter uma simples conversa de corredor", disse.

No domingo do segundo turno, Alexandre de Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a suspensão imediata das blitze, sob pena de prisão de Vasques. A ordem, no entanto, foi desrespeitada pela PRF.

Relatório obtido pelo blog da Andréia Sadi no g1 mostra que a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula (PT) era favorito, contra 571 no Sudeste, entre 28 e 30 de outubro, vésperas e dia do 2º turno das eleições de 2022.

N decisão que autorizou a prisão preventiva de Vasques, o ministro Alexandre de Moraes afirma que a conduta dele, narrada pela Polícia Federal, é "ilícita e gravíssima".

"A conduta do investigado, narrada pela Polícia Federal, revela-se ilícita e gravíssima pois são apontados elementos indicativos do uso irregular da máquina pública com objetivo de interferir no processo eleitoral, via direcionamento tendencioso de recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores", diz Moraes.

Na decisão, o ministro do STF acolhe os argumentos da Polícia Federal de que a prisão preventiva de Vasques, cumprida na manhã desta quarta-feira (9), seria essencial para a continuidade da investigação.

Fonte: G1

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