Relembre: mensagens encontradas com Cid mostram militares pedindo por golpe

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Por Redação em 21/09/2023 às 11:25:59

Conteúdo encontrado no celular do ex-ajudante de ordens foi fundamental para direcionar questões de delação Cid: Bolsonaro consultou militares sobre golpe

A apreensão do celular de Mauro Cid foi determinante para que a Polícia Federal pudesse avançar sobre as suspeitas de que uma trama golpista era discutida na antessala de Jair Bolsonaro (PL), quando presidente da República, no Palácio do Planalto.

Em maio, vieram à tona as primeiras mensagens disparadas por militares da ativa e da reserva a Cid clamando por um golpe, pedindo subvenção das Forças Armadas e até uma ordem direta de Bolsonaro por uma ruptura institucional.

Uma ocorreu no dia 15 de dezembro, Ailton Barros, que concorreu na eleição como o "01 do Bolsonaro", amigo pessoal do ex-presidente e parceiro da academia militar. Este personagem enviou a Cid um plano detalhado para a decretação de um golpe de Estado.

"É o seguinte, então entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes (ex-comandante do Exército) para que ele faça o que ele tem que fazer", diz Ailton a Cid.

"Até amanhã à tarde, ele aderindo, bem. Ele faça um pronunciamento... se posicionando dessa maneira, para a defesa do povo brasileiro. E se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro. (...) Ou o Freire Gomes ou o Bolsonaro. De preferência o Freire Gomes. Aí será tudo dentro das quatro linhas. Não o sendo, vai ser fora das quatro linhas mesmo."

Mauro Cid durante depoimento na CPI dos Atos Golpistas

Eraldo Peres/AP

Na mesma mensagem, Ailton defende a prisão de integrantes do Supremo após a decretação de um golpe. Ele é explícito: "Então, se preciso for, vai fora das quatro linhas. E aí, nessa ordem: nós assinamos os decretos, as portarias que tiverem que ser assinadas... Tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele. (...) E aí, na segunda, ser lida a portaria, ou as portarias, o decreto, ou os decretos, de garantia de Lei e da Ordem e botar as Forças Armadas, cujo comandante supremo é o presidente (Bolsonaro) para agir".

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Ailton não foi o único, ao contrário. Coronel da ativa, Elcio Franco, que chegou a ser o número dois do Ministério da Saúde no governo Bolsonaro, também pregou golpe de Estado. Mais: em mensagem a Cid, ele relatou a resistência do alto comando do Exército em embarcar na articulação.

"Essa enrolação, ela vai continuar acontecendo. O Freire (Gomes) não quer. Você não vai esperar dele que ele tome a frente nesse assunto. Mas ele não pode impedir de receber a ordem".

Elcio chega a dizer que o então comandante do Exército estava, em dezembro de 2022, "com medo das consequências". "Medo das consequências é o que? Ele ter insuflado? (...) Ele tá indo pra pior hipótese. Qual a pior hipótese? Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele (Freire) tá sendo chamado a responder".

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Fonte: G1

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