Em vídeo, Bolsonaro orienta ministros a questionar urnas e Judiciário

Por Redação em 09/02/2024 às 14:55:53

Foto: Reprodução internet

O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou pĂșblico, nesta sexta-feira (9) um vĂ­deo, de uma hora e trinta minutos de duração, de uma reunião na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro orienta sua equipe ministerial a disseminar informações que coloquem em dĂșvida a segurança das urnas eletrônicas e a credibilidade do Poder JudiciĂĄrio.

Bolsonaro diz que "providĂȘncias" deveriam ser tomadas para mantĂȘ-lo no poder. Ao longo do vĂ­deo, o ex-presidente cita uma série de argumentos que deveriam ser reproduzidos por seus ministros.

O vĂ­deo, gravado em 5 de julho de 2022, é uma das provas apresentadas pelo STF no âmbito da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira (8) pela PolĂ­cia Federal para investigar uma suposta organização criminosa cuja atuação teria resultado na tentativa malsucedida de golpe de Estado no 8 de janeiro de 2023.

Demonstrando preocupação com uma possĂ­vel vitória do então candidato Luiz InĂĄcio Lula da Silva, Bolsonaro cobra de seus ministros, que adotem discursos de tom crĂ­tico a instituições como STF e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele diz ainda que buscaria apoio junto a embaixadores.

"Vamos esperar chegar 2023, 2024 para se f...? [e depois se perguntar] 'por que eu não tomei uma providĂȘncia lĂĄ atrĂĄs?'", questionou Bolsonaro em um trecho do vĂ­deo, para, na sequĂȘncia, ordenar, aos ministros, que adotem sempre o mesmo discurso do presidente.

"Falem o que vou falar"

Segundo Bolsonaro, a "providĂȘncia" a ser tomada não envolveria uso de força. Dirigindo-se ao ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, Bolsonaro acrescenta: "Não é dar tiro. 'Ah, Paulo Sérgio, vamos botar as tropas nas ruas, tocar fogo e metralhar'. Não é isso. Daqui para frente, quero que todo ministro fale o que vou falar aqui. E se o ministro não quiser falar, vai ter que falar para mim por que ele não quer falar... Agora, se não tiver argumentos para me demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com este ministro. EstĂĄ no lugar errado".

"Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil. Vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira, o Brasil. Agora, alguém tem dĂșvida de que a esquerda, como estĂĄ indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", diz o ex-presidente.

Mais adiante no vĂ­deo, Bolsonaro diz saber que não ganharĂĄ "guerra de papel e caneta", e cobra mais contundĂȘncia nos discursos dos ministros, e diz que farĂĄ o mesmo junto a embaixadores.

Embaixadores

"A gente tem de ser mais contundente, como vou começar a ser com os embaixadores. Porque, se aparece o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou. A gente deve reagir ou vai ser um caos. Vai pegar fogo no Brasil", disse.

Em outro momento do vĂ­deo, Bolsonaro informou sobre uma reunião que teria com "metade dos embaixadores", e que, na semana seguinte falaria com "a outra metade", bem como autoridades do JudiciĂĄrio, para mostrar o que, segundo ele, "estaria acontecendo".

Bolsonaro então levanta suspeitas sobre a atuação dos ministros do STF Edson Fachin, LuĂ­s Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. "Os caras estão preparando tudo para o Lula ganhar no primeiro turno, na fraude".

"Alguém tem dĂșvida do que vai acontecer no dia 2 de outubro? Qual resultado que vai estar às 22h na televisão? Alguém tem dĂșvida disso? AĂ­ a gente vai ter que entrar com um recurso no Supremo Tribunal Federal. Vai pra p…. Ninguém quer virar a mesa, ninguém quer dar o golpe. Ninguém quer botar a tropa na rua, fechar isso, fechar aquilo. Mas nós estamos vendo o que estĂĄ acontecendo. Vamos esperar o quĂȘ?", acrescentou.

Mais crĂ­ticas

As crĂ­ticas ao STF continuam. "O nosso Supremo aqui é um poder à parte. É um super-supremo. Ele decide tudo. Muitas vezes fora das quatro linhas. Não dĂĄ para gente ganhar o jogo com o pessoal atirando tijolo da arquibancada em cima dos jogadores nossos, com juĂ­zes que a toda hora dão impedimento. É difĂ­cil a gente ganhar o jogo assim".

Na decisão apresentada pelo STF, o ministro Alexandre de Moraes diz que a investigação da PF concluiu que a "organização criminosa" atuava em cinco eixos, e que um deles seria dedicado a atacar "as instituições (STF, TSE), o sistema eletrônico de votação e a higidez do processo eleitoral".

"Na presente representação, a PolĂ­cia Federal enumera os nĂșcleos de atuação do grupo criminoso, existentes e atuantes para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral; planejar e executar o golpe de Estado e abolir o Estado DemocrĂĄtico de Direito, com a finalidade de manutenção e permanĂȘncia de seu grupo no poder", afirmou o ministro.

Confira a Ă­ntegra do vĂ­deo

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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