Decreto presidencial publicado nesta quinta-feira (1º) no "Diário Oficial da União" aumenta o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre cigarros nos próximos meses.
De acordo com a norma:
o imposto incidente sobre a chamada "vintena" dos cigarros no varejo subirá dos atuais R$ 5 para R$ 6,5, a partir de setembro,
a cobrança para maços boxes "ad valorem", embora permaneça em 66,7%, terá uma alíquota específica de R$ 2,25, contra os atuais R$ 1,50 — a partir de novembro de 2024.
O preço dos cigarros é definido pelas empresas do setor, ou seja, cabe a elas decidir se o aumento de tributos será repassado aos consumidores.
Em junho deste ano, em entrevista ao g1, o secretário especial para a reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, já havia antecipado que o "muito provavelmente" o governo promoveria, ainda, neste ano, uma "atualização" das alíquotas do imposto sobre cigarros — que estavam congeladas desde 2016.
"Acho que o próprio setor concorda com alguma atualização é necessária, óbvio que a calibragem é uma coisa que precisa ser discutida. Essa coisa de cigarro você precisa sempre encontrar qual é o máximo que você consegue arrecadar e gerando o mínimo de [estímulo?] para contrabando, né? Tem um 'trade off' [uma troca] aí", afirmou Appy ao g1 e à TV Globo, em junho.
O governo não informou, até o momento, quanto pretende arrecadar a mais com o aumento da tributação sobre os cigarros.
Desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a equipe econômica tem focado em aumentar tributos para tentar cumprir as metas das contas públicas. Neste e no próximo ano, o objetivo é zerar o déficit primário (sem contar as despesas com juros).
A estratégia tem sido atacada pelo empresariado e por economistas, que pedem um foco maior no controle de despesas. Nesse campo, o governo tem buscado fazer pente fino nos benefícios previdenciários e assistencialistas, como BPC, para que somente os contribuintes que tenham direito recebam os valores. Mas tem falhado em propor reformas mais profundos em gastos obrigatórios, o que demandaria o envio de propostas de mudanças de leis ao Legislativo.
Imposto do pecado
Além do aumento do IPI neste ano, os cigarros também passarão a pagar, assim que entrar em vigor a reforma tributária, o imposto seletivo, conhecido como "imposto do pecado".
O tributo é aplicado sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Na prática, essa categoria terá uma alíquota maior do que a padrão — estimada em cerca de 26%.
A regulamentação da reforma tributária, com a cobrança do imposto do pecado sobre cigarros, entre outros itens, já passou pela Câmara dos Deputados, mas ainda precisa do crivo do Senado Federal.
A expectativa é que a votação aconteça ainda neste ano, mas a cobrança do novo tributo, se confirmada, começará somente em 2027.
O objetivo é desestimular, por meio da cobrança extra, o consumo desses tipos de produto.
Veja os produtos que terão cobrança do imposto do pecado:
cigarros;
bebidas alcoólicas;
bebidas açucaradas;
embarcações e aeronaves
extração de minério de ferro, de petróleo e de gás natural
apostas
carros, incluindo os elétricos
No caso das apostas, a cobrança valerá para as realizadas nas modalidades físicas e online, como as "bets" e os chamados fantasy games.