Na semana passada, Lula demitiu Almeida, "considerando a natureza das acusações" e por julgar "insustentĂĄvel a manutenção do ministro no cargo".
Como as acusações tratam do perĂodo no qual o ex-ministro tinha foro privilegiado, a PF pede que o STF defina se a questão deve ser analisada pela Corte ou por instâncias inferiores da Justiça. O processo estĂĄ em sigilo de justiça, como de costume em ocorrĂȘncias envolvendo denĂșncias de violĂȘncia sexual, e não hĂĄ prazo para decisão do ministro André Mendonça.
As denĂșncias contra Silvio Almeida foram tornadas pĂșblicas pelo portal de notĂcias Metrópoles na quinta-feira (5) e confirmadas pela organização Me Too, que atua na proteção de mulheres vĂtimas de violĂȘncia. Sem revelar nomes ou outros detalhes, a entidade afirma que atendeu a mulheres que asseguram ter sido assediadas sexualmente pelo então ministro.
Entre as vĂtimas de Almeida estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Apontada como alvo de importunação sexual, a ministra ainda não se pronunciou publicamente sobre o caso, mas divulgou uma nota nas redes sociais pedindo respeito à sua privacidade e afirmando ser inaceitĂĄvel relativizar ou diminuir episódios de violĂȘncia e abuso sexual.
Na terça-feira (10), a PF ouviu uma das mulheres. O depoimento é mantido em sigilo. A Comissão de Ética PĂșblica da PresidĂȘncia da RepĂșblica também abriu procedimento preliminar para apurar o caso.
ResponsĂĄvel por investigar irregularidades trabalhistas, o Ministério PĂșblico do Trabalho (MPT) também instaurou um inquérito civil para apurar as recentes denĂșncias. Segundo o órgão, a Procuradoria Regional do Trabalho no Distrito Federal e no Tocantins (PRT-10) recebeu uma denĂșncia anônima contra Silvio Almeida depois do caso noticiado pelo Metrópoles. A partir da denĂșncia anônima e do noticiĂĄrio, um procurador do Trabalho decidiu instaurar um inquérito de ofĂcio, ou seja, independentemente de ter sido provocado por uma parte interessada. A medida, por si só, significa que o procurador concluiu ser necessĂĄrio o MPT apurar os fatos.
Advogado, professor universitĂĄrio e por muitos considerado referĂȘncia no debate sobre as relações raciais e o racismo na estruturação nacional, Silvio Almeida nega as acusações. Em uma primeira nota divulgada na noite de quinta-feira (5), o ainda ministro chegou a se referir às acusações como "mentiras" e "ilações absurdas", alegando que lhes faltavam materialidade, ou seja, indĂcios objetivos da existĂȘncia de crime.
Na sexta-feira (6), a defesa do ex-ministro informou que acionou a Justiça Federal para obter explicações da organização Me Too. Para o lugar de Silvio Almeida no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, o presidente Lula nomeou a deputada estadual mineira Macaé Evaristo.
Fonte: AgĂȘncia Brasil