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Dólar abre em alta e vai a R$ 6,21 no último pregão do ano, com novos dados das contas públicas

Por Redação em 30/12/2024 às 09:33:12

Na última sexta, a moeda norte-americana subiu 0,26%, cotada a R$ 6,1932. O principal índice de ações da bolsa de valores fechou em queda de 0,67%, aos 120.269 pontos. Notas de dólar.

Murad Sezer/ Reuters

O dólar abriu em alta nesta segunda-feira (30), último pregão do ano, ainda de olho no cenário fiscal brasileiro e com investidores repercutindo novos dados das contas públicas.

Segundo informações do Banco Central do Brasil (BC), as contas do setor público consolidado apresentaram um déficit primário — quando se gasta mais do que arrecada — de R$ 6,6 bilhões em novembro.

Apesar de negativo, o resultado representa uma melhora em relação ao mesmo mês de 2023, quando o déficit foi de R$ 37,3 bilhões. O resultado engloba o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais.

Olhando especificamente para as contas das empresas estatais, porém, os dados são mais negativos. As estatais têm um déficit acumulado de R$ 6 bilhões em 2024 até novembro. No mês, o resultado foi negativo em R$ 1,6 bilhão. Vale notar que empresas grandes e muitas vezes lucrativas para a União, como a Petrobras e o Banco do Brasil, não entram nesse cálculo por terem regras diferenciadas.

Com esses números, apesar de o ano ainda não ter acabado, já é possível estimar que, em 2024, as estatais terão o pior resultado contábil em toda a série histórica, iniciada há 15 anos.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

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Dólar

Às 9h07, o dólar subia 0,32%, cotado a R$ 6,2130. Veja mais cotações.

Na última sexta-feira (27), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,26%, cotado a R$ 6,1932.

Com o resultado, acumulou:

ganhos de 2% na semana;

alta de 3,21% no mês;

avanço de 27,63% no ano.

Ibovespa

O Ibovespa começa a operar às 10h.

Na sexta, o índice encerrou em baixa de 0,67%, aos 120.269 pontos.

Com o resultado, acumulou:

queda de 1,50% na semana;

perda de 4,30% no mês;

recuo de 10,37% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?

Com os resultados mais recentes das contas públicas brasileiras, o mercado segue repercutindo o quadro fiscal do país. Há duas semanas, o Congresso concluiu a tramitação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal.

A ideia inicial era economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, no entanto, as mudanças feitas pelo Congresso devem ter um impacto de R$ 2,1 bilhões, reduzindo a economia para R$ 69,8 bilhões.

Em café da manhã com jornalistas, no último dia 20, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças feitas pelos parlamentares não comprometem a conta final feita pelo governo.

"Fala-se em 'desidratação', mas havia expectativa de parte dos analistas que poderia haver 'hidratação' [aumento da potência dos cortes de gastos]. Os ajustes feitos na redação não afetam o resultado final. Mantém na mesma ordem de grandeza os valores encaminhados pelo Executivo", afirmou Haddad.

O mercado, porém, contesta os números. Para a XP Investimentos, o potencial de economia fiscal recuou de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões.

"Apesar da direção correta, vemos o pacote como insuficiente para garantir o atingimento das metas de resultado primário e, principalmente, a manutenção do limite de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos", diz um relatório da empresa.

O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público.

Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico reforçaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.

O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu.

Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.

Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano.

*Com informações da agência de notícias Reuters

Fonte: G1

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