Uma das disputas gira em torno da indicação para a Comissão de Relações Exteriores, que o PL quer entregar ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Não hĂĄ acordo também sobre quem vai liderar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara, e a Comissão Mista de Orçamento (CMO), que aprova o orçamento da União.
O lĂder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que ainda não hĂĄ acordo entre todos os lĂderes.
"O presidente da Câmara estabeleceu, a critério dele, que as conversas não foram concluĂdas bilateralmente com os lĂderes. Faltam seis lĂderes para ele conversar", comentou com jornalistas.
Guimarães contou ainda que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu que nenhuma legenda deve ficar sem presidĂȘncia de Comissão. JĂĄ Motta saiu do encontro de lĂderes sem falar com a imprensa.
Por meio de nota, a assessoria do presidente da Câmara informou que não haverĂĄ votação no plenĂĄrio da Casa na quarta-feira (19) para privilegiar a instalação das comissões permanentes.
O lĂder do PDT, deputado federal Mauro Benevides Filho (PDT-CE), disse que o presidente da Câmara não darĂĄ novo prazo para um acordo. "A determinação do presidente é que todas as presidĂȘncias serão definidas na terça-feira porque, na quarta-feira, a partir das 15h, ele quer que todas as comissões sejam instaladas", disse.
As 30 comissões permanentes da Câmara costumam ser divididas de acordo com o tamanho de cada bancada no plenĂĄrio. Os maiores partidos tĂȘm o direito de escolher, em primeiro lugar, as comissões que querem presidir.
Segundo José Guimarães, o PL deve escolher as duas primeiras comissões, ficando o PT com a terceira e a quinta comissões a serem escolhidas. "Quem vão ser os presidentes? Ai os lĂderes ainda estão negociando", completou.
"É difĂcil vocĂȘ fazer o acordo para contemplar todas as legendas, então estão se fazendo uns ajustes", justificou o lĂder do Solidariedade, Aureu Ribeiro (RJ).
As legendas também costumam costurar acordos para troca de comissões entre elas. As mais importantes comissões, a CCJ e a CMO, estão sendo negociadas entre MDB e União Brasil. "A União Brasil estĂĄ querendo a relatoria do orçamento", revelou o lĂder da legenda, Pedro Lucas Fernandes (União-AM).
JĂĄ o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, elegeu como prioridade a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Em seguida, esperam presidir as comissões de Segurança PĂșblica, SaĂșde e Minas e Energia. "Direitos Humanos, se sobrar, a gente pega", comentou o lĂder da oposição, deputado federal Zucco (PL-RS).
O Partido dos Trabalhadores (PT) tem feito oposição à intenção do PL de entregar a Comissão de Relações Exteriores ao filho do ex-presidente Bolsonaro. O PT alega que isso coloca em risco a soberania brasileira.
O partido acusa o deputado Eduardo Bolsonaro de articular, nos Estados Unidos (EUA), ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) para proteger o pai contra o julgamento por tentativa de golpe de Estado que Jair Bolsonaro pode enfrentar.
Para o lĂder do PT na Câmara, deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), Eduardo na Comissão de Relações Exteriores criaria uma crise institucional com o STF.
"Tem toda uma articulação contra o Supremo. Dentro de uma semana ou dez dias o Bolsonaro serĂĄ réu por golpe de Estado. Então, eles vão usar essa comissão contra o Brasil, contra o interesse nacional, se apoiando em uma potĂȘncia estrangeira, os Estados Unidos, para retaliar o Brasil", argumentou o petista.
Lindbergh disse ainda que a estratégia do PT tem mudado ao longo das negociações a partir das escolhas que o PL tem feito. "Nós tomamos um susto quando o PL pediu [a comissão] Direitos Humanos e a Comissão de Povos OriginĂĄrios. Então, mudamos nossa estratégia para pedir Direitos Humanos primeiro porque uma comissão como essa na mão do PL seria um estrago muito grande", comentou com jornalistas.
Fonte: AgĂȘncia Brasil