"Houve o consenso, entre os presentes, que depois de uma discussão ampla dessa PEC, não apenas com os governadores, com a sociedade civil, mas também com a academia, ela estaria madura para ser enviada ao Congresso Nacional. Essa PEC pretende, em linhas gerais, criar um SUS da Segurança PĂșblica, ou seja, o Sistema Ănico da Segurança PĂșblica que estarĂĄ na Constituição da RepĂșblica Federativa do Brasil, com recursos próprios e integrando todas as forças policiais do Brasil para combater a criminalidade organizada", afirmou o ministro.
A PEC ainda passarĂĄ por uma apresentação prévia aos presidentes da Câmara e do Senado e aos lĂderes da base do governo nas duas Casas, para definir a melhor estratégia de tramitação e a própria data de envio do texto. O governo quer garantir que a proposta não tumultue o ambiente no Legislativo, jĂĄ que hĂĄ outras prioritĂĄrias que serão colocadas em debate, como o projeto que isenta o Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil por mĂȘs.
"Vamos fazer uma reunião com os lĂderes da base, junto com os presidentes da Casa, para apresentĂĄ-la e avaliar o melhor momento de enviar a PEC formalmente. Acho que não vai ter problema quanto a isso, vĂĄrios lĂderes tĂȘm cobrado do governo posicionamentos nesse sentido, envio de propostas, querem fazer o debate da segurança pĂșblica. Penso que teremos um clima propĂcio a isso. Claro que a gente tem que ter uma comissão da PEC equilibrada, gente com responsabilidade, para fazer a discussão do projeto", observou a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Uma das questões que devem ser discutidas é por onde começar a tramitação da PEC. Se for enviada diretamente pelo governo, o texto tramita a partir da Câmara. Para iniciar no Senado, a proposta teria que ser apresentada por um senador.
Por ser uma emenda constitucional, a tramitação de uma PEC é a mais complexa entre as proposições legislativas. Ela precisa ser aprovada em dois turnos tanto na Câmara quanto no Senado, com o apoio mĂnimo de 60% dos votos em cada uma das Casas.
A PEC da Segurança PĂșblica altera a redação dos artigos 21, 22, 23 e 24 da Constituição Federal, que tratam das competĂȘncias da União, privativas ou em comum com os estados, municĂpios e o Distrito Federal, e muda o Artigo 144, sobre os órgãos que cuidam da segurança pĂșblica em todo o paĂs.
Com a proposta, o governo federal pretende dar status constitucional ao Sistema Ănico de Segurança PĂșblica (Susp), criado por lei ordinĂĄria em 2018 (Lei 13.675), e levar para a Constituição Federal a previsão do Fundo Nacional de Segurança PĂșblica e do Fundo PenitenciĂĄrio, que atualmente estão estabelecidos em leis próprias.
O texto da PEC também aumenta as atribuições da PolĂcia Federal (PF) e da PolĂcia RodoviĂĄria Federal (PRF), que passaria a ser chamar PolĂcia ViĂĄria Federal, abrangendo o patrulhamento ostensivo das rodovias, ferrovias e hidrovias federais.
Uma das novidades da PEC da Segurança PĂșblica, incluĂda recentemente ao texto, é a previsão e regulamentação das guardas municipais, motivada por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada no fim de fevereiro, que definiu as competĂȘncias dessas corporações. A alteração jĂĄ havia sido informada pelo ministro no inĂcio da semana.
"Depois da Ășltima decisão do STF, um recurso extraordinĂĄrio, que redundou em uma tese de repercussão geral, nós incluĂmos as guardas municipais dentre os órgãos constitucionais que integram o Sistema de Segurança PĂșblica. Deixamos claro, baseado na decisão da Suprema Corte, que as guardas municipais farão o policiamento urbano, o policiamento ostensivo e comunitĂĄrio. Terão natureza civil e terão o controle externo do Ministério PĂșblico, como as polĂcias, em geral, no Brasil", explicou o ministro Ricardo Lewandowski.
Fonte: AgĂȘncia Brasil