ONU deve decidir amanhã se exigirá vacinação para Assembleia-Geral, o que poderia barrar Bolsonaro

Por Redação em 15/09/2021 às 18:59:19

Tradicionalmente, presidente brasileiro é o primeiro a discursar entre os lĂ­deres de Estado no mais importante evento multilateral do ano. Bolsonaro, no entanto, afirma não estar vacinado, o que pode ser impeditivo Bolsonaro na gravação de seu discurso à Assembleia Geral da ONU em setembro de 2020; fato de presidente não ter se vacinado contra Covid-19 pode impedir sua participação presencial no evento deste ano

PresidĂȘncia da RepĂșblica

Os Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) devem deliberar nesta quinta-feira (16) se exigirão que todos os presentes à Assembleia-Geral do órgão, na próxima semana, apresentem comprovantes de vacinação contra a Covid-19 para serem admitidos ao prédio da ONU, em Nova York.

Caso decidam pela obrigatoriedade da imunização, isso poderia barrar a participação do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que oficialmente não estĂĄ vacinado. Tradicionalmente, o chefe de Estado brasileiro faz o primeiro discurso entre os lĂ­deres no evento, marcado para o próximo dia 21.

HĂĄ dois dias, em conversa com apoiadores em frente ao PalĂĄcio da Alvorada, Bolsonaro voltou a repetir que não havia tomado imunizantes contra a doença, que jĂĄ matou 580 mil brasileiros. Ele citou um suposto resultado do exame IGG, que mede a quantidade de anticorpos para uma dada doença no corpo, como justificativa para não ter se vacinado.

"Eu não tomei vacina, estou com 991 (nĂ­vel do IGG). Eu acho que eu peguei de novo (o vĂ­rus) e nem fiquei sabendo", afirmou Bolsonaro.

Inicialmente, a Assembleia-Geral da ONU cogitou aceitar que autoridades de alto nĂ­vel apenas declarassem na entrada não estar com sintomas nem ter estado em contato próximo com pessoas infectadas para que fossem admitidas no evento.

Porém, a cidade de Nova York, que abriga a sede da ONU, pediu que a organização seguisse as mesmas regras vigentes para os habitantes da cidade: todos os maiores de 12 anos precisam apresentar comprovação de vacina para frequentar locais pĂșblicos fechados, como centros de convenção, restaurantes ou hotéis.

Na terça-feira (14), os Estados-membros receberam uma carta assinada por Abdulla Shahid, polĂ­tico das Maldivas que assumiu a presidĂȘncia da Assembleia-Geral, na qual ele afirma apoiar que todos sejam obrigados a comprovar que tomaram imunizantes para participar do evento.

Nesta quarta, o porta-voz da Secretaria-Geral da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou que "trabalharemos com o gabinete do Presidente (Abdulla Shahid) e os Estados-Membros sobre como implementar as decisões tomadas pelos Estados-Membros no que diz respeito (à vacinação) dos delegados".

"Da parte da Secretaria-Geral da ONU, todos os funcionĂĄrios que atendem ao pĂșblico devem ser vacinados. A questão é que se trata de uma organização dirigida por Estados-Membros. O SecretĂĄrio-Geral (António Guterres) não tem autoridade para forçar os delegados dos paĂ­ses de uma forma ou de outra".

No Itamaraty existe ceticismo sobre a possibilidade de que os paĂ­ses tornem obrigatório que os chefes de Estado apresentem certificados de vacina para participar da Assembleia-Geral.

Hospedagem em dĂșvida

Além da participação no evento em si, hĂĄ outras dĂșvidas. O hotel onde tanto Bolsonaro quanto parte da comitiva brasileira ficarão hospedados, por exemplo, informa em sua pĂĄgina na internet que segue a determinação da cidade de Nova York de exigir certificado vacinal para qualquer hóspede acima de 12 anos.

A pĂĄgina também informa onde o hóspede pode obter uma dose de graça e qual tipo de passaporte de vacina é aceito pelo estabelecimento.

A BBC News Brasil consultou a PresidĂȘncia da RepĂșblica sobre se o presidente segue sem ter sido vacinado contra Covid-19 e se houve alguma negociação de exceção para a regra do certificado no hotel em Nova York, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.

Durante o verão do hemisfério Norte, Nova York voltou a experimentar um aumento do nĂșmero de casos de Covid-19 na cidade, resultado da grande circulação da variante delta. Atualmente com 60% da população completamente vacinada e média móvel de cerca de 1600 novos casos por dia, a cidade luta para controlar a epidemia e impedir que um novo surto force o fechamento de escolas e comércio novamente.

Por isso mesmo, a cidade estĂĄ oferecendo vacinação gratuita a todo e qualquer estrangeiro que vĂĄ participar da Assembleia-Geral da ONU.

Em meados de agosto, o governo dos Estados Unidos, que vem tentando fortalecer os órgãos de relações multilaterais e demonstrar protagonismo nesses espaços, expressou preocupação com os impactos sanitĂĄrios da realização do evento em Nova York.

"Precisamos de sua ajuda para evitar que a Semana de Alto NĂ­vel da Assembleia Geral da ONU seja um evento super-disseminador (do novo coronavĂ­rus)", escreveu a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, em uma carta a seus 193 colegas. Ela prosseguiu:

"Os chefes de delegação devem considerar a entrega de suas declarações ao Debate Geral da Assembleia Geral da ONU por vĂ­deo. Se as delegações optarem por viajar para Nova York, solicitamos que venham com o nĂșmero mĂ­nimo de viajantes necessĂĄrio", disse ela.

Os lĂ­deres da China, Xi Jinping, e da RĂșssia, Vladimir Putin, farão participação remota. JĂĄ o presidente Bolsonaro deve chegar a Nova York no próximo domingo, dia 19.

Fonte: G1

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