Ritmo de elevações de 1 pp da Selic é suficiente para trazer inflação à meta em 2022, diz BC

Por Redação em 13/10/2021 às 13:54:58

Diretor de política econômica afirma que os dados atuais "sugerem que a ancoragem está melhorando” no longo prazo e que o importante para o BC são suas próprias projeções e não as do mercado O diretor de política econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, afirmou nesta quarta-feira (13) que o ritmo de elevações de 1 ponto percentual da Selic é “suficiente para trazer a inflação à meta em 2022”.

“Se algo mudar bastante, você tem que ir para um ritmo maior ou menor”, disse em evento promovido pelo HSBC.

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Ele também disse que “não estaria feliz” com a inflação do ano que vem em 3,7%, conforme projetado pelo BC, já que a meta da autoridade monetária é 3,5%.

No evento, Kancuzk ainda afirmou que “os números sugerem que a ancoragem está melhorando” no longo prazo e que o que importa para a autoridade monetária são as projeções do próprio BC, não as do mercado.

“Eu uso o seu número [do mercado], mas não sou um escravo dele, só pego informação”, disse.

Sobre o repasse cambial, afirmou que ele “está mais alto” e que “a depreciação do câmbio afetou inflação”. Mas disse também que “não há chance” de o BC usar as intervenções no câmbio, combinadas com a Selic, para combater a inflação.

“A depreciação importa bastante para os seis meses seguintes. A Selic importa bastante, por outro lado, em um prazo médio”, disse. “Temos meta de inflação no Brasil e só vamos usar a Selic [para cumprir a meta de inflação].”

O diretor também revelou que o BC considerava que haveria “um impacto maior” no dia do anúncio das intervenções no câmbio para compensar as mudanças no “overhedge”.

Ao comentar um dos estudos divulgados no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), disse que “a política [monetária] típica é olhar para modelos, projeções, balanço de riscos”. “Mas às vezes a ancoragem de inflação vem acima de tudo”, afirmou.

Transferências emergenciais

Kanczuk destacou que “a inflação que tivemos não parecia estar ligada na maior parte a transferências emergenciais”. “Não sei qual será a política fiscal.”

“Eu tenho simpatia pela visão que transferência de renda gera inflação, mas isso não parece ser um montante muito grande.”

Segundo ele, o Brasil tem sofrido contínuos “choques que geram mais inflação”", lembrando também que as expectativas inflacionárias do Focus e do próprio BC “estão subindo um pouco”.

Ao ser questionado sobre como o BC enxerga a possibilidade de um quadro de dominância fiscal, disse que “uma coisa é a discussão de dominância fiscal e outra é como a política monetária tem que reagir”.

“No mercado, a discussão de dominância fiscal caiu um pouco”, afirmou. “É muito difícil argumentar que há dominância fiscal agora.”

Mas ele projetou um cenário hipotético em que o quadro fiscal piorasse e surgisse a dominância fiscal.

“Como a política monetária deve reagir? Eu defenderia que não deve [reagir]”, disse. “Não podemos levar em consideração a dominância fiscal para não elevar juros”, continuou, afirmando que “o BC não é um planejador social”.

“Isso é uma espécie de ponto pacificado no Copom (Comitê de Política Monetária)”, garantiu.

Por fim, Kanczuk destacou a melhora causada pelo deflator do Produto Interno Bruto (PIB) “na sustentabilidade da dívida” e disse que “ficou muito mais fácil sustentar” essa dívida. Mas afirmou que, em comparação com o mercado, o BC não considerava o cenário fiscal anterior tão ruim e nem o atual tão bom.

Fonte: Valor Econômico

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