O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atendeu requerimento da Procuradoria-Geral da RepĂșblica e determinou que a PolĂcia Federal colha os depoimentos de 14 pessoas que tiveram contato com o ex-deputado Roberto Jefferson no dia em que ele gravou vĂdeo em que afirma "orar em desfavor do Xandão". Na ocasião, o ex-presidente do PTB estava no Hospital Samaritano Barra, onde passou por um cateterismo. Depois foi transferido de volta à Bangu, onde preso preventivamente por ordem dada no âmbito do inquérito das milĂcias digitais.
Em despacho publicado nesta sexta-feira, 14, o ministro registrou que, conforme indicado pelo Ministério PĂșblico Federal, a oitiva das pessoas que tiveram contato com Jefferson nos dias 13 e 14 de outubro (data em que teria sido gravado o vĂdeo) é "indispensĂĄvel" para possibilitar a identificação do responsĂĄvel pela divulgação da gravação.
Entre as pessoas que serão ouvidas pela PF – em até 15 dias, segundo o despacho de Alexandre – estão cinco visitantes do ex-presidente do PTB, sua mulher, além de trĂȘs enfermeiras, duas técnicas e trĂȘs integrantes da vigilância privada. Os nomes foram listados pela PGR e remetidos ao Supremo Tribunal Federal no Ășltimo dia 7, em petição assinada pela subprocuradora-geral da RepĂșblica Lindôra Maria AraĂșjo.
A relação de nomes foi elaborada com base nas informações prestadas pelo Hospital Samaritano Barra, após ordem expedida por Alexandre em outubro de 2020. Em resposta, o diretor do Hospital onde Jefferson ficou internado apresentou 136 registros de entrada de visitantes ao ex-presidente do PTB, durante o perĂodo de internação.
No vĂdeo gravado pelo ex-deputado – divulgado pelo portal Metrópoles – Jefferson afirma "orar em desfavor do Xandão", apelido que usa para se referir a Alexandre de Moraes, e diz que "Xandão não tem misericórdia de ninguém", enquanto lĂȘ trechos da BĂblia. Ele finaliza o vĂdeo dizendo que "a tirania se esmaga bem".
Dias após a divulgação do vĂdeo, o ex-presidente do PTB foi enviado de volta ao presĂdio, mas a defesa segue insistindo para que o ex-deputado seja colocado em liberdade. Em dezembro, Alexandre negou mais uma vez o pedido apontando que a prisão continua "necessĂĄria e imprescindĂvel" para o andamento das investigações.
Em um movimento mais recente, a defesa pediu uma nova transferĂȘncia de Jefferson a um hospital particular, agora em razão de sintomas respiratórios. No Ășltimo dia 11, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o diretor do Complexo PenitenciĂĄrio de Bangu informe se o hospital interno tem estrutura para oferecer exames solicitados pela defesa do petebista.
Sob suspeita de usar a estrutura da sigla e recursos do fundo partidĂĄrio para disparar notĂcias falsas e atacar instituições democrĂĄticas nas redes sociais, Jefferson é investigado no inquérito das milĂcias digitais, que se debruça sobre a atuação de grupos bolsonaristas na internet. A suspeita é que apoiadores do presidente tenham se organizado para investir contra a democracia. A apuração também investiga se a articulação recebeu dinheiro pĂșblico.
Fonte: Isto Ă