PL mais que dobra número de candidatos em 2022; esquerda se federaliza e diminui candidaturas

Por Redação em 27/08/2022 às 05:08:10

Especialistas avaliam que criação das federações e fim das coligações fizeram com que partidos mudassem estratégia para registrar candidatos nesta eleição. Nova urna eletrônica que será usada no Brasil em 2022

Antonio Augusto/Secom/TSE

O PL (antigo PR) foi o partido que mais registrou candidaturas para as eleições de 2022, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A atual legenda do presidente Jair Bolsonaro passou de 721 candidatos, em 2018, para 1.591 neste ano, somados todos os cargos da disputa. O valor representa aumento de 120%.

Até esta quinta-feira (25), o TSE já havia contabilizado mais de 28,8 mil candidaturas no total, valor inferior aos 29 mil de 2018. Os registros ainda serão analisados antes de serem deferidos ou indeferidos.

Em 2018, o partido que apresentou mais candidatos havia sido o PSL, com 1.543 (destes, 1.454 foram considerados aptos). A legenda se fundiu ao DEM, criando o União Brasil, que lançou 1.500 candidaturas neste ano. O União Brasil ocupa o segundo lugar entre os partidos com mais candidatos (veja o ranking abaixo).

O PT do ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno, lançou individualmente duzentos candidatos a menos nesta eleição. No entanto, como o partido está em uma federação junto com PV e PC do B, a soma dos três deve ser equivalente à de um só partido.

De acordo com a lei eleitoral, o limite de cada legenda para lançamento a cargos proporcionais é equivalente a 100% do número de vagas disponíveis mais um. Ou seja, se houver 70 vagas para deputado federal, caso de São Paulo, um partido pode lançar 71 candidatos.

Os partidos de direita lideram a lista dos que mais ganharam candidatos no comparativo entre eleições, com exceção de Patriota, Podemos e União, que estão entre os que mais perderam candidatos. Já os partidos de esquerda que se uniram em federações tiveram enxugamento de quadros (veja o ranking abaixo).

Mudança nas regras

Segundo especialistas ouvidos pelo g1, mudanças nas regras eleitorais como a criação de federações, a cláusula de barreira (desempenho) e o fim das coligações obrigaram as legendas a pensar em novas estratégias para o pleito de 2022.

“Existem dois movimentos interessantes. O que tem a ver com aglutinação de partidos, com as minirreformas, e outro que acontece porque o partido do presidente e os partidos satélite que o apoiam acabam crescendo. Isso pode ser percebido nos quadros bolsonaristas do PSL, que migraram para o PL", diz o cientista político e professor do Insper Leandro Consentino.

Ao contrário de 2018, esta eleição não terá coligações para os cargos proporcionais (deputados distritais, estaduais e federais). Também será mais rígida a cláusula de barreira que determina o desempenho mínimo de cada partido para ter acesso ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV, além dos recursos do fundo partidário.

ENTENDA o que é a cláusula de barreira

“Parte da mudança dos quadros é explicada pela cláusula de desempenho. Alguns partidos conseguiram ler o desastre [de não alcançar o mínimo] antes de acontecer, e as federações foram uma estratégia para evitar isso”, afirma Consentino.

Partidos que mais perderam candidatos

O PC do B foi o partido que mais perdeu candidatos entre as duas últimas disputas gerais, com 85% candidatos a menos. Em 2019, se fundiu ao PPL para superar a cláusula de barreira. Neste ano, disputará ao lado do PT e PV em uma federação partidária.

“O PC do B é um partido pequeno. Na medida em que agora sairá ao lado do PT em uma aliança nacional, não faz sentido lançar tantos candidatos. O partido pode se dar ao luxo de ser mais cirúrgico no lançamento de seus candidatos. Muda o jogo, muda a estratégia”, diz o cientista político e professor da FGV George Avelino.

Na avaliação de Consentino, um fato que pode explicar a queda do PT no ranking geral de partidos que mais lançam candidatos é um possível enfraquecimento regional.

“O lançamento dessas candidaturas [a deputado] se apoia muito no cenário local, e o PT tem sofrido uma grande queda nas prefeituras. Então isso pode ter a ver com esse cenário adverso no local. Embora o PT tenha um grande nome nacional, que lidera as pesquisas, ainda enfrenta problema nas bases”, diz o professor do Insper.

Já o PSDB, que enfrentou uma crise interna que culminou com o não lançamento de um candidato próprio à Presidência da República, não apresentou muita alteração no número de candidatos entre 2018 e 2022.

“O PSDB está fazendo algo semelhante ao que ocorre com o MDB. Como tem muito diretório, está lançando muito candidato. Já que não tem chance majoritária, usa sua estrutura para lançar para o legislativo”, diz Avelino.

Para o professor da FGV, o enxugamento do quadro partidário deverá ser sentido de forma mais robusta nas eleições 2026.

“O fim das coligações obriga quem não está federado a "fusões e aquisições" entre 2022 e 2026. Tem gente que já sabe que não tem força, mas tem gente que ainda está na dúvida e fará um teste nestas eleições. Já em 2026, vamos ter um quadro mais enxuto, porque com a cláusula de barreira não vai mais ter dinheiro”, afirma Avelino.

Fonte: G1

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