Grammy pode ter redenção de Beyoncé e abertura com Anitta e Bad Bunny

Por Redação em 04/02/2023 às 17:15:15

Beyoncé já é a mulher com mais troféus do prêmio, 28, mas pode alcançar o topo da lista geral no domingo Adele, Beyoncé, Harry Styles, Lizzo, Kendrick Lamar. Os principais nomes do próximo Grammy poderiam estar em qualquer uma das três ou quatro últimas edições da premiação americana, considerada a mais importante da indústria da música.

É uma lista que reforça a previsibilidade da Academia de Gravação, instituição por trás da premiação. Nos últimos anos, ela tem tido dificuldade em gerar apelo para os fãs de música, aumentar sua audiência ou oferecer cenas que fiquem para a história.

Beyoncé pode alcançar o topo da lista geral de premiações no Grammy neste domingo

Bloomberg

Do jeito que se formou a lista de indicados, a edição de 2023 do Grammy, que acontece no próximo domingo (5), nos Estados Unidos, parece valer mais pela chance de coroação de Beyoncé, a artista mais indicada do ano, do que qualquer outro acontecimento.

Com o álbum "Renaissance", em que faz uma ode à pista de dança, do house e techno aos afro beats e ao dancehall, a cantora recebeu nove indicações se tornou a mulher com o maior número delas na história – 88 no total, empatada com o marido, Jay-Z. Ela já é a mulher com mais troféus do prêmio, 28, mas pode alcançar o topo da lista geral no domingo.

Beyoncé precisa ganhar em três categorias, para igualar, e quatro, para ultrapassar, o maestro Georg Solti, contemplado 31 vezes, e se tornar a pessoa mais premiada da história do Grammy. Seria um momento de consagração capaz de dar relevância extra à 65ª edição da premiação, além de uma forma simbólica de redenção.

Isso porque, por trás desses números, Beyoncé só ganhou uma das 13 vezes em que concorreu às categorias principais, as que incluem todos os gêneros –em 2010, quando "Single Ladies (Put A Ring On It)" foi escolhida a música do ano. Todas as suas outras estatuetas são em categorias nichadas, como R&B, rap e urban music, comumente criticadas como maneira de premiar artistas negros, mas deixá-los de fora das categorias principais.

Este ano, Beyoncé concorre com "Renaissance" nas três categorias principais –de música, gravação e álbum do ano. Para ser coroada como a maior do Grammy de todos os tempos, ela precisa bater Adele, reeditando o embate de 2017, quando seu "Lemonade" foi preterido por "25", da inglesa, que desta vez concorre em sete categorias com "30".

A consagração de Beyoncé também seria um aceno da Academia em resposta aos boicotes recentes de artistas negros. Gigantes como Drake, The Weeknd e Frank Ocean abandonaram o Grammy nos últimos anos, e a premiação, depois de trocar seu comando, tem feito mudanças para contemplar as críticas.

Desde 2019, diz a Academia, segundo o New York Times, o número de mulheres votando aumentou 19%, e a quantidade de membros de comunidades tradicionalmente sub-representadas subiu 38%. É uma tentativa gradual de reverter a tendência de continuar como uma premiação branca demais, masculina demais e velha demais, e atrair um público mais jovem e diverso.

No ano passado, esses esforços resultaram na premiação do jazzista Jon Batiste, em álbum do ano, e H.E.R., em música do ano, ambos negros. É uma mudança, mas que leva ao protagonismo artistas com uma abordagem estética mais tradicional –instrumentistas técnicos, vocalistas virtuosos– em relação à música negra que é popular atualmente nos Estados Unidos –o rap e o pop.

Além de Beyoncé e Adele, quem pode brilhar é Kendrick Lamar, outro que já criticou o Grammy, com suas oito indicações, pelo denso e psicológico álbum "Mr. Morale & the Big Steppers". Harry Styles, que lançou o disco "Harry's House", e Lizzo, com "Special", também podem abocanhar prêmios importantes.

Nas categorias principais, nomes como Coldplay, Brandi Carlile, ABBA, Mary J. Blige, Steve Lacy e Doja Cat correm por fora. Queridinha do Grammy, Taylor Swift até concorre em música do ano, com "All Too Well", mas seu álbum mais recente, "Midnights", saiu após o período necessário para que se tornasse elegível neste ano, e só vai concorrer em 2024.

O porto-riquenho Bad Bunny, artista mais ouvido do mundo no Spotify por dois anos seguidos, é uma surpresa que pode ou não solidificar uma tendência no Grammy. Misturando ritmos latinos antigos e atuais, ele furou a bolha americana e tem seu disco "Un Verano Sin Ti" concorrendo como álbum do ano.

Com a indicação, a obra se tornou o primeiro disco inteiramente cantado em espanhol a concorrer na categoria nobre em todos os tempos. É um marco, reforçado pela performance de Bad Bunny na cerimônia, e pela indicação de Anitta na categoria de artista revelação.

A brasileira, que não é favorita a levar o prêmio, um dos quatro mais importantes, mantém carreira na música por mais de uma década, mas só recentemente passou a trabalhar para garantir sua entrada no mercado americano. O ápice desta internacionalização é o álbum "Versions of Me", lançado no ano passado.

Anitta cantou no famoso festival Coachella, na Califórnia, no ano passado, gravou músicas em inglês e tem se esforçado para estabelecer conexões na mais influente indústria fonográfica do planeta. Se for agraciada com o prêmio, tardio dada a longevidade de sua trajetória, será também um marco latina.

Quem parece não ter caído no gosto do Grammy é a espanhola Rosalía, cujo álbum "Motomami" foi presença constante nas listas de melhores do ano, mas foi esnobada na premiação. Ela concorre apenas em duas categorias –melhor vídeo musical e melhor álbum alternativo ou de rock latino.

Se Bad Bunny pode ser um bom indicativo para Anitta, mais conhecida por suas músicas em espanhol do que em português ou em inglês, Rosalía pode representar exatamente o contrário. Resta aguardar até domingo para saber qual caminho o Grammy quer trilhar.

Fonte: Valor Econômico

Tags:   Valor
Comunicar erro
Agro Noticia 728x90