Câmara deve votar taxação de offshores e fundos exclusivos nesta semana; entenda o projeto

Por Redação em 22/10/2023 às 12:03:48

Foto: Reprodução internet

Relator ainda discute algumas mudanças no texto, entre elas, uma que equiparar a taxação das duas modalidades e beneficia fundo para o Agro. Proposta tranca pauta da Câmara para outras votações. A votação do projeto de lei que prevĂȘ a taxação das offshores (investimentos no exterior) e dos fundos exclusivos (fundos de investimento para pessoas de alta renda) pela Câmara dos Deputados estĂĄ prevista para a próxima terça-feira (24), segundo expectativa de lĂ­deres partidĂĄrios.

O texto é essencial para equipe econômica, que trabalha para aumentar a arrecadação em 2024 e zerar o déficit nas contas pĂșblicas, o projeto ainda passa por ajustes feitos pelo relator, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), que tenta encontrar um meio termo entre o governo e alguns setores, como a bancada ruralista.

Ao ser encaminhada para o Congresso, a matéria recebeu urgĂȘncia constitucional do Executivo e, por isso, passou a trancar a pauta da Câmara para outros projetos desde o Ășltimo dia 14.

Alguns parlamentares, inclusive o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), tentaram avançar com a proposta na Ășltima terça-feira (17), mas bancadas como o União Brasil, o PP e o PL defenderam aguardar o retorno do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que viajava com alguns lĂ­deres para China e Índia até esta sexta (20).

Mudanças

Originalmente, o projeto em discussão tratava apenas da tributação de offshores — rendimentos obtidos fora do Brasil, por meio de aplicações financeiras ou empresas no exterior. O tema chegou a ser encaminhado pelo governo por meio de medida provisória, mas a matéria não foi aprovada pelo Congresso em até 120 dias e perdeu validade.

Em seu parecer, porém, o relator decidiu incorporar ao projeto também a tributação dos fundos exclusivos (fundos de investimento para pessoas de alta renda) — o assunto que é objeto de outra medida provisória — esta ainda em validade.

Os fundos exclusivos são feitos de forma personalizada para o cotista e, atualmente, tĂȘm pagamento de imposto somente no momento do resgate da aplicação.

Se aprovadas como sugeriu o governo, as duas propostas renderiam uma arrecadação de R$ 20 bilhões em 2024.

Entenda ponto a ponto o que estĂĄ sendo discutido

Offshores

No caso das offshores, a tributação hoje ocorre apenas quando o lucro obtido com investimentos no exterior é transferido para a pessoa fĂ­sica no Brasil. Ou seja, se a pessoa decidir manter os recursos no exterior, a tributação pode ser postergada ou nunca acontecer.

Segundo a Ășltima versão do projeto, os lucros obtidos com aplicações no exterior passam a ser tributados em até 22,5% uma vez por ano, independente da transferĂȘncia desses recursos para a pessoa fĂ­sica no Brasil.

A tributação, de acordo com o texto, deve seguir os seguintes critérios:

isenta sobre a parcela anual dos rendimentos que não que não ultrapassar R$ 6 mil;

15% sobre a parcela anual dos rendimentos entre R$ 6 mil e R$ 50 mil;

22,5% sobre a parcela anual dos rendimentos acima de R$ 50 mil.

Os lucros apurados pelas offshores serão tributados no dia 31 de dezembro de cada ano.

Ainda, segundo a proposta, a variação cambial de depósitos em conta corrente ou em cartão de crédito ou débito no exterior não serĂĄ considerada para aplicação do imposto, desde que os depósitos não sejam remunerados.

No caso da variação cambial de moeda estrangeira, não haverĂĄ incidĂȘncia de tributação até o limite de venda de moeda equivalente a US$ 5 mil no ano.

Fundos exclusivos

Atualmente, os fundos exclusivos (também chamados de "onshores") são tributados apenas no momento de resgate do investimento. Como no caso das offshores, esse momento pode ser postergado com a intenção de adiar o pagamento do imposto.

Pela proposta, a tributação dos fundos exclusivos serĂĄ realizada duas vezes ao ano, a cada seis meses — o chamado "come-cotas", que jĂĄ é aplicado hoje a outros tipos de fundos.

Neste caso, a taxa vai variar conforme o tempo de duração dos investimentos:

15% no caso de fundos de longo prazo; e

20% no caso de fundos de curto prazo.

Estimativas do Planalto apontam que 2,5 mil brasileiros tĂȘm recursos aplicados nos chamados fundos exclusivos. HĂĄ exigĂȘncia de investimento mĂ­nimo de R$ 10 milhões, com custo de manutenção de até R$ 150 mil por ano.

Equiparação entre os dois fundos

Uma das mudanças estudadas pelo relator é a uniformização das alĂ­quotas propostas para a tributação de offshore e de fundos exclusivos.

Nesta semana, Pedro Paulo disse que hĂĄ "reclamações quanto à desigualdade em relação ao tratamento de um tipo de fundo e o outro" e que estão discutindo uma equalização do patamar dos impostos entre as duas modalidades.

Atualização de rendimentos

O relator também reduziu de 10% (proposta do governo) para 6% a taxa para quem optar, de forma voluntĂĄria, por atualizar os rendimentos obtidos no exterior até 31 de dezembro deste ano.

Funcionaria assim: o investidor que optar por atualizar o valor do patrimônio no exterior vai pagar uma alĂ­quota menor, de 6%, sobre os lucros obtidos até fim deste ano. A medida seria vantajosa jĂĄ que a taxação em caso de ganhos de capital varia entre 15% e 22,5%.

No caso dos fundos exclusivos, serĂĄ obrigatório o pagamento de IR sobre o estoque de rendimentos obtidos até 31 de dezembro deste ano.

Ao enviar a medida provisória, o governo propôs duas condições de pagamento:

taxa de 15% e parcelamento em até 24 parcelas mensais, com pagamento da primeira parcela até 31 de maio de 2024; ou

uma taxa mais vantajosa, de 10%, para quem parcelar em apenas quatro vezes, com a primeira prestação jĂĄ em dezembro deste ano.

Em seu relatório, o deputado Pedro Paulo reduziu a taxa para 6% e manteve apenas a possibilidade de pagamento em 24 vezes, podendo começar até 31 de maio de 2024.

Contudo, essa data do pagamento da tributação sobre o estoque ainda estĂĄ em negociação

O governo defende que o imposto de renda sobre o estoque de ganhos obtidos com fundos exclusivos poderia começar a ser pago em dezembro de 2023, isso porque a antecipação de recursos compensaria o aumento da isenção do imposto de renda, que jĂĄ estĂĄ em vigor.

Após reunião no Ministério da Fazenda, na Ășltima terça-feira (17), Pedro Paulo sinalizou que pode acolher a proposta do governo, de possibilitar o pagamento de uma parcela jĂĄ em 2023.

Fiagro

Outro ponto que sofre resistĂȘncia pela bancada ruralista são as alterações nos Fundos de Investimento do Agronegócio, os Fiagro.

Neste tipo de fundo, hoje ficam isentos de imposto de renda — na fonte e na declaração — os rendimentos distribuĂ­dos por fundos que tenham, no mĂ­nimo, 50 cotistas e cujas cotas sejam negociadas exclusivamente na bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado.

O governo propôs elevar o nĂșmero de cotistas para que haja o benefĂ­cio, mas este nĂșmero ainda estĂĄ na mesa de discussão. Pedro Paulo também disse que estuda a possibilidade de estabelecer um perĂ­odo de transição para a exigĂȘncia de um novo nĂșmero mĂ­nimo de cotistas.

Fonte: G1

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