Bolsonaro diz que a Ford queria subsídios para continuar produção no país

Por Redação em 12/01/2021 às 22:00:34

Economistas avaliam que o governo federal não adotou medidas para estimular os negócios. A apoiadores, o presidente lamentou o fechamento de empregos. Presidente Bolsonaro lamenta fechamento de empregos da Ford, mas diz que empresa queria subsídios

O presidente Jair Bolsonaro lamentou nesta terça-feira (12) o fechamento de empregos com o fim da produção de carros pela Ford no Brasil e afirmou que a empresa queria subsídios para continuar no país. Mas economistas avaliam que o governo federal não adotou medidas para estimular os negócios.

A declaração foi a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Primeiro, Bolsonaro disse: “Lamento os 5 mil empregos perdidos”. Em seguida, Bolsonaro perguntou: “Mas o que a Ford quer? Faltou a Ford dizer a verdade, né? Querem subsídios. Vocês querem que eu continue dando R$ 20 bilhões para eles como fizeram nos últimos anos? Dinheiro de vocês, impostos de vocês para fabricar carro aqui? Não. Perdeu a concorrência. Lamento”.

A Ford - que anunciou em dezembro de 2020 novos investimentos na Argentina - não quis comentar a afirmação de Bolsonaro.

De acordo com dados do próprio governo, de 2003 a 2018, o governo federal deixou de arrecadar R$ 40 bilhões em impostos ao conceder benefícios fiscais ao setor automotivo. E isso não mudou no governo Bolsonaro. Em 2019, foram R$ 6,6 bilhões em benefícios fiscais para o setor. Em 2020, só em um dos programas, foram R$ 2,4 bilhões até novembro.

Especialistas consideram que não foi incentivo econômico que levou a Ford a decidir deixar o país. Afirmam que pesaram mais o baixo crescimento da economia nos últimos anos e a falta de medidas do governo federal para estimular o ambiente de negócios. O ministro da Economia, Paulo Guedes, só soube na segunda-feira (11) da decisão da montadora e ainda não se manifestou sobre o assunto.

A economista Zeina Latif, da Consultora Econômica, afirma que é preciso fazer reformas econômicas que melhorem a competitividade do país: “Certamente tem a ver com perspectivas para o futuro. Uma empresa tomando uma decisão tão séria como essa, no fundo, mostra que não acredita na capacidade do país de remover esses entraves que fazem a nossa produtividade ser tão baixa. Então, é uma sinalização de que não confia na capacidade do país de fazer uma boa reforma tributária, de resolver ou de reduzir essa elevada insegurança jurídica que atrapalha investimentos no país. Uma reforma tributária seria um passo largo, um passo muito importante para a redução do Custo Brasil”, afirma.

A economista Ana Carla Abrão diz que a declaração de Bolsonaro não toca no problema principal: “O presidente está minimizando uma situação de gravidade fiscal e de perspectivas de baixo crescimento, de mercado de trabalho, de ambiente de negócios muito fragilizado, muito negativo, ao dar uma declaração como essa. Ou seja, ele não está vendo o todo e o processo todo que o país está vivendo e que precisa ser enfrentado por meio de uma agenda que tem que ser liderada pelo governo federal”.

Fonte: G1

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