CPI da Covid: discurso de Wajngarten já mostrou a face do neobolsonarismo

Por Redação em 12/05/2021 às 12:21:25

Ex-secretário de Comunicação do governo federal é a quinta pessoa a ser ouvida pela comissão do Senado Federal. Ele depõe nesta quarta-feira (12). Fabio Wajngarten na CPI da Covid nesta quarta-feira (12)

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O curto discurso que o ex-secretário de comunicação Fabio Wajngarten fez antes de começar a depor na CPI da Covid já revelou a essência do neobolsonarismo. Falou em Deus, na pátria, nos valores da família, demonizou o serviço público — identificado por ele como um labirinto burocrático, distante das necessidades da sociedade— e adotou um tom messiânico. Alguém que precisa de "resiliência" porque tem o atributo de lutar por boas causas. Alguém que se vê como um guerreiro cercado por inimigos.

Já nas respostas ao relator Renan Calheiros (MDB-AL), Wajngarten demonstrou outra característica do neobolsonarismo. "Ao contrário dos antigos aliados, eles querem ser mais bélicos do que o rei", define um político que conviveu com a família Bolsonaro no Rio e viu a mudança em seu entorno de assessores quando chegou a Brasília.

Neobolsonaristas, como Wajngarten, se juntaram ao grupo político quando Jair Bolsonaro (sem partido) começava a trocar de pele. Deixava de ser um fenômeno carioca do baixo clero para se adornar com a faixa presidencial. Uma vez no Palácio do Planalto, o bolsonarismo trocou de patota. Antigos aliados foram trocados por gente como Wajngarten e o advogado Frederick Wassef, para ficar em dois exemplos.

"Explica melhor", reclama o leitor, impaciente. Então o blog vai fulanizar para deixar mais claro. Os bolsonaristas históricos se dividem em dois grupos: os que agiam nas sombras e os que funcionavam como um cartão de visitas, uma face sociável do bolsonarismo.

Na primeira categoria está Fabrício Queiroz, que só ficou conhecido do respeitável público quando foi apontado pelo Ministério Público como o principal operador de suposta quadrilha chefiada por Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), então deputado estadual.

O maior representante do outro grupo, o da relações públicas, é Waldir Ferraz, que acompanha Bolsonaro desde a década de 80. Waldir era uma espécie de secretário de comunicação nos tempos do "bolsonarismo artesanal". O chefe sempre falou mal da imprensa, mas Waldir, ao contrário de Wajngarten, não comprava a briga. Vivia em redações de jornais do Rio, tentando emplacar notas sobre o vereador (e depois deputado) Bolsonaro.

Na era analógica, Bolsonaro usava e abusava da seção das "cartas ao leitores". Era sua rede social. Quem fazia a ponte era Waldir. Nunca quis ser mais bélico que o rei.

Quando surgiram os neobolsonaristas, Waldir foi, de certa maneira, escanteado. Agora é a vez dos neobolsonaristas. Dos que acreditam na guerra imaginada por Bolsonaro e que há décadas garante o sustento da família. De sua família, o blog deixa claro.

Fonte: G1

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