Memórias da Bola: a potência e a versatilidade de Hans-Peter Briegel, o tanque alemão

Por Redação em 19/10/2021 às 12:37:34

O dia em que combinamos como marcá-lo (e nos olhamos em espanto quando ele fez o gol) Hans-Peter Briegel: esse é o cara do nosso quadro "Memórias da Bola" desta semana.

Ele talvez tenha sido o jogador mais forte fisicamente que já enfrentei. Era alto e tinha uma explosão muscular de atropelar qualquer um.

Na sua adolescência, foi um decatleta. Só jogava futebol na várzea, no time do Rodenbach, que era da sua cidade natal.

Foi só aos 19 anos que ele largou as pistas para jogar no seu primeiro time, o Kaiserslautern.

Briegel era muito versátil. Podia jogar de lateral ou ala esquerda e também no meio, tendo inclusive facilidade para usar sua força e chegar à área adversária para fazer gols.

Pela seleção alemã, foi um jogador imprescindível por muito tempo, sendo campeão da Euro de 1980 e vice-campeão mundial nas Copas de 82 e 86.

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Seleção alemã de 1986 no jogo contra o Brasil, com Briegel em destaque

Arte sobre foto da Getty Images

Em 84, foi negociado com o Verona, uma equipe pequena da Itália que já estava causando contra os grandes clubes.

Nos anos 80, só eram permitidos dois estrangeiros por equipe no futebol italiano, e o Verona tinha a dupla Briegel e o Preben Elkjaer Larsen, um atacante dinamarquês muito rápido, fazedor de gols, muito respeitado no futebol europeu da época. Ele fez parte de uma das grandes seleções dinamarquesas da história, a equipe apelida de Dinamáquina.

Já na primeira temporada, 84/85, eles foram determinantes para o título inédito do time da linda região do Vêneto.

Aquele tempo em que praticava vários esportes do atletismo rendeu ao Briegel muita resistência. Era um jogador que atacava e defendia com a mesma força o tempo todo, e isso realmente fazia a diferença tanto nos clubes como na seleção alemã (na época, ainda chamada de Alemanha Ocidental).

Depois da terceira temporada no Verona, ele foi para um outro grande projeto, na equipe da Sampdoria, chegando com Toninho Cerezo e se juntando a Vialli e Mancini. Acabou formando uma das equipes inesquecíveis do futebol italiano, que ganharia a Copa Itália em 87/88.

Depois das três temporadas, resolveu parar de jogar aos 33 anos, após ter construído uma grande história no futebol mundial. E eu tive a oportunidade de estar presente em um pedacinho dessa trajetória.

Hans-Peter Briegel sobe para cabecear atrás de Sócrates em Alemanha 2 x 0 Brasil em 1986

Getty Images

Em 1986, a seleção brasileira foi convocada em fevereiro para os treinamentos visando à Copa do Mundo, em junho. Só que a CBF já havia marcado dois amistosos para março, contra a Alemanha Ocidental em Frankfurt e a Hungria em Budapeste.

Nós estávamos no início de preparação, e eles, no final da temporada, em plena forma e ritmo de jogo.

O Telê Santana tentou de qualquer forma cancelar os amistosos, mas todos sabemos como funciona a CBF até hoje. O mais importante é o dinheiro.

Seleção brasileira no jogo contra a Alemanha em 1986

Reprodução

Fomos para Frankfurt, e na preleção, ainda no hotel, falamos sobre as jogadas ensaiadas de bola parada deles, principalmente com a entrada do Briegel no primeiro pau.

Discutimos um tempão sobre como marcá-lo e decidimos que iríamos em três: Oscar, Sócrates e eu. O magrão deveria ficar na frente, o Oscar tinha que ir no corpo nele, e eu ficaria no meio, esperando a bola passar para afastar.

O time alemão deu a saída, atacou e saiu um escanteio do lado esquerdo do ataque. Eles fizeram o cruzamento, o Briegel subiu de cabeça e fez o gol.

Olhamos um para a cara do outro, como quem dizia: "Nós não combinamos como marcar?"

Depois daquilo, fizemos um bom primeiro tempo e caímos muito fisicamente no segundo. A Alemanha venceu por 2 a 0 (veja como foi no vídeo abaixo).

Seleção Brasileira de Telê Santana perde para Alemanha em 1986

Eu cheguei à Itália na temporada 87/88 e novamente tive dois confrontos contra a Sampdoria, com ele jogando de ala esquerda, partindo para cima com uma força e uma velocidade impressionantes. Perdemos em Genoa por 2 a 0 e empatamos em Ascoli por 1 a 1.

Durante o tempo em que joguei na Itália, tive a oportunidade de viver alguns dos momentos mais marcantes da minha história como atleta ao confrontar esses jogadores históricos. Enfrentei a nata do futebol mundial dos 80 e 90.

Foi o caso de Briegel, o tanque alemão.

Fonte: Globo Esporte/G1

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