Patrick Head lembra parceria harmoniosa com Frank Williams na F1

Co-fundador da equipe britânica projetou nove carros campeões do time criado e gerenciado por Sir Frank Williams, morto neste domingo aos 79 anos Os nove títulos de construtores e sete de pilotos conquistados pela Williams na Fórmula 1 em seus 44 anos de história tiveram não apenas a gerência de Sir Frank Williams, fundador do time que morreu neste domingo aos 79 anos, mas muito do cérebro do projetista Patrick Head, que compartilhou suas memórias da parceria de sucesso com o ex-dirigente.

Mundo da Fórmula 1 repercute morte de Frank Williams

- Frank já havia se afastado da empresa e a família Williams vendeu sua participação dela em 2020, mas sua marca na F1 está muito forte e ele será calorosamente lembrado por muitos, inclusive por mim. Seu comprometimento e entusiasmo para o sucesso na pista eram contagiantes, não apenas para mim, mas para todos que trabalharam na Williams. Até os últimos dias da família à frente da empresa, Frank podia ser visto na fábrica, com os carros e mecânicos - recorda Head.

Uma das parcerias mais bem sucedidas da história da Fórmula 1: Sir Frank Williams e Patrick Head

XPB Images/Williams Racing

Williams e Head fundaram a equipe em 1977 e iniciaram uma parceria que a partir de 1980, por 17 anos, colocaria o time no panteão de maiores campeãs da F1. Os anos dourados do time duraram até 1997, data de seu último campeonato, com o canadense Jacques Villeneuve na primeira colocação.

O primeiro passo foi com o FW07, carro desenvolvido por Head que conquistou sua primeira vitória no GP da Inglaterra de 1979. Em 1980, veio o primeiro título mundial de pilotos e construtores com Alan Jones, piloto que conquistou também o bicampeonato na temporada seguinte.

- Conheci Frank no final de 1975. Eu não sabia nada da Fórmula 1, mas estava falido e fiquei feliz em aceitar sua oferta. No início de 1977 eu estava com Jody Scheckter e uma pequena equipe de teste em Kyalami, na África do Sul, e recebi um telefonema de Frank dizendo que estava começando um projeto de novo, e eu me juntaria a ele. Era um grande passo, mas o entusiasmo e o comprometimento dele eram contagiantes. Este foi o início da Williams Grand Prix Engineering - lembra o engenheiro de 75 anos.

Williams entrou para o grupo das grandes equipes da F1 com modelo FW07, projetado por Patrick Head

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Head também fez história ao promover inovação com o FW11, movido pelo motor Honda e que foi lançado em 1986, ano marcado pelo acidente que deixou Frank Williams em uma cadeira de rodas e relegou o engenheiro britânico ao posto de chefe da equipe provisoriamente.

No ano seguinte, no retorno de Sir Frank à F1, o time faturou o bicampeonato de construtores e levou o de pilotos com o FW11B e sua suspensão ativa, guiado pelo brasileiro Nelson Piquet - que venceu seu tricampeonato naquele ano.

- Frank operava no lado comercial e operacional, e eu na parte de manufatura, e não interferíamos no trabalho um do outro. Tivemos alguns desafios fiscais no começo, ao ponto de nos escondermos do gerente do banco. Houve momentos em que eu achava os desafios insuportáveis, mas Frank sempre foi positivo, convencido de que "tudo vai dar certo, cara". Era difícil não se deixar levar por sua atitude positiva. Tivemos poucos motivos para discutir, mas com certeza nunca tive motivos para duvidar de seu compromisso em me sustentar, quais fossem os desafios que surgissem - recorda Head.

Jacques Villeneuve e Patrick Head conversam em Mônaco, em 1997

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Ayrton Senna

Entre os brasileiros que correram na Williams, está o tricampeão Ayrton Senna, cuja passagem pelo time foi encurtada pelo acidente fatal que sofreu no GP de San Marino em Imola, no ano de 1994. Head, responsável pelo projeto do FW16, foi responsabilizado pelas falhas mecânicas que levaram ao ocorrido.

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O engenheiro, no entanto, não foi preso porque a pena para homicídio culposo - sem intenção de matar - prescreveu. Head recordou-se do incidente e garante que Frank Williams, que chegou a ser indiciado também, foi profundamente afetado pela morte do tricampeão:

- Ganhamos campeonatos com Alan Jones, Keke Rosberg, Nelson Piquet, Nigel Mansell, Alain Prost, Damon Hill e Jacques Villeneuve, mas sua maior admiração era por Ayrton Senna. Ele ficou arrasado quando Ayrton foi morto em uma Williams, mas Frank era muito reservado em suas emoções.

Frank Williams durante o velório de Ayrton Senna em São Paulo

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Desde o título de Piquet em 1987, a Williams conquistou outros cinco títulos do Mundial de Equipes, entre 1992 e 1994, e nos anos de 1996 e 1997, além de ter conquistado os campeonatos de pilotos com Keke Rosberg em 1982, Nigel Mansell em 1992, Alain Prost em 1993, Damon Hill em 1996 e Villeneuve, em 1997.

Head deixou a F1 no fim da temporada de 2012, ano da última vitória da equipe, com Pastor Maldonado no GP da Espanha. Ele chegou a retornar em 2019 para assumir o cargo de consultor técnico, mas retirou-se no ano seguinte, embora ainda mantenha contato com o atual chefe da Williams, Jost Capito.

A Williams enfrentou entre 2018 e 2020 uma queda vertiginosa na F1, ocupando o posto de pior do grid. Em setembro do ano passado, a família Williams, centralizada pela então chefe Claire Williams, deixou a gestão da equipe, dando lugar ao grupo de investimentos Dorilton Capital.

Confira a classificação atualizada do campeonato

Última das chamadas "garagistas", a escuderia britânica voltou a pontuar em 2021 com George Russell - com quem chegou a conquistar um pódio, na Bélgica - e Nicholas Latifi, estando hoje na oitava colocação do campeonato de construtores com 23 pontos.

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