No Dia das Mulheres, Câmara aprova moção de repúdio às falas machistas de Arthur do Val

Podemos anunciou desfiliação do deputado estadual após áudios em que ele diz que mulheres ucranianas são 'fáceis, porque são pobres'. Deputadas pedem cassação do mandato na Alesp. A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, uma moção de repúdio às declarações machistas e misóginas do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) sobre as refugiadas ucranianas.

A votação simbólica uniu parlamentares da base governista e da oposição.

Em áudios trocados com amigos em um grupo de conversas pela internet, Arthur do Val, conhecido como "Mamãe Falei", afirmou, entre outras coisas, que as mulheres ucranianas são "fáceis, porque são pobres".

Arthur do Val confirmou a autoria dos áudios. Após o vazamento das mensagens, o deputado pediu desculpas, disse que o que falou foi um erro e abandonou a pré-candidatura ao governo do estado de São Paulo no sábado (5). As falas foram alvo de críticas de políticos e personalidades.

As gravações circularam pelas redes sociais na noite desta sexta-feira (4). Nesta terça, o Podemos anunciou a desfiliação do deputado. Veja abaixo:

Depois de falas sexistas, deputado Arthur do Val se desfilia do Podemos

Durante a sessão, deputadas e deputados criticaram as falas de Arthur do Val – e muitos pediram que ele tenha o mandato cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que "é inadmissível" que Arthur do Val continue como deputado estadual e pediu aos demais parlamentares que "endossem o pedido de cassação" de seu mandato.

A parlamentar defendeu, ainda, que nenhum partido acolha Do Val, uma vez que o Podemos já anunciou sua desfiliação. "Para que ele não possa disputar as próximas eleições e não ouse ou tente ocupar nenhum outro Parlamento", afirmou.

Sâmia lembrou ainda que, muitas vezes, a violência sexual é "uma das armas de guerra utilizada contra os povos".

Arthur do Val: o que o deputado disse sobre ucranianas e o que aconteceu depois; entenda

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) disse que Arthur do Val "usou a vulnerabilidade dessas mulheres" e defendeu que ele renuncie ao seu mandato e peça "desculpas ao mundo".

"Não é porque a mulher é pobre ou deixou de ser pobre que tem o direito de ser usada sexualmente por homens deste tipo no nosso país", afirmou.

"Essa moção precisa ir além do pedido de cassação, precisa ser um exemplo para que nenhum homem do nosso país repita atos tão vergonhosos como esse. Nós estamos falando de uma guerra, de famílias que estão tentando sair do seu país", disse Zanotto.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que a situação é "nojenta, revoltante e é de doer a alma". A parlamentar também defendeu que os líderes partidários "se posicionem para dizer que em seus partidos não haverá espaço para machistas".

"Saber que o machismo não respeita ninguém, em nenhuma situação, e ver essa objetificação de pessoas tão vulneráveis é extremamente revoltante", afirmou.

O deputado bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) chamou a fala de Arthur do Val de "sexista, misógina e repleta de preconceito social".

"As falas deste cidadão são tão esdrúxulas que conseguem unir bolsonaristas e lulistas, direita e esquerda, Otoni e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Conseguiu unir a todos nós", disse Otoni de Paula. "Arthur do Val precisa ser punido didaticamente para a próxima geração que vem aí."

O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) disse que a postura de Arthur do Val "enlameia o Parlamento de São Paulo, o Parlamento brasileiro, o povo brasileiro".

"Se aproveitou de um país que está em guerra, onde as famílias estão dilaceradas", disse.