Brasil iniciou mais cedo alta de juros e será bem-sucedido em desacelerar inflação, diz CIO da Bram

Por Redação em 04/11/2022 às 13:21:14

Tal dinâmica traça um cenário favorável para a renda fixa prefixada e atrelada à inflação, bem como para as ações na bolsa O Brasil começou a subir os juros mais cedo do que as economias desenvolvidas e vai ser bem-sucedido na sua intenção de desacelerar a alta da inflação e reduzir o custo do dinheiro, segundo Philipe Biolchini, executivo-chefe de investimentos (CIO) da Bradesco Asset Management (Bram). Tal dinâmica traça um cenário favorável para a renda fixa prefixada e atrelada à inflação, bem como para as ações na bolsa.

"A nossa visão é que [o país] está vivendo um ambiente de incerteza, mas já passou do ponto, chegamos num nível de juro real alto antecipando a nossa política monetária, foi a primeira a se tornar mais restritiva, começamos em março de 2021, e agora consegue olhar para a renda fixa que não performou em 2021 e 2022 com perspectivas mais positivas", disse Biolchini ao participar do fórum de estratégias de investimentos da gestora.

Ele citou que com o CDI médio perto de 10%, o investidor que estava simplesmente alocado em títulos prefixados ou nas Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) rodou abaixo do referencial de curto prazo.

Segundo o executivo, as viradas de ciclos trazem alguma previsibilidade e a equipe da Bram já vislumbra o início do corte da Selic para meados de 2023. "Mas com o nível de incerteza no ambiente internacional e algumas indefinições na gestão no Brasil, a renda fixa tem que ser ativa."

Biolchini apresentou um exercício em que mostra o percentual de vezes que o IRFM (índice de títulos públicos prefixados da Anbima) e o IMA-B (de papéis atrelados à inflação) proporcionaram retorno acima do CDI nos últimos 15 anos. "Quem segurou as posições ligadas aos índices nas carteiras praticamente 100% das vezes ganhou do CDI", observou. "Com juros estáveis, o comportamento do IMA-B é significativamente superior ao CDI, e é este momento que estamos vivendo agora."

O executivo disse ainda que a classe de crédito tem sido a grande favorecida na indústria, com intenso fluxo de investidores. "A nossa visão é que segue apresentando uma relação risco/retorno interessante, vale aproveitar a oportunidade, quando se vê o risco intrínseco, algumas emissões parecem atraentes."

Mas com as altas da Selic feitas até aqui resultam em aumento do custo de capital das empresas é preciso ser seletivo, ressalvou Biolchini, acompanhando métricas de endividamento e de capacidade de pagamento dos emissores, e se a geração de caixa sobe na mesma intensidade que as despesas financeiras.

Biolchini destacou que a temporada de balanços de empresas relevantes mostra uma situação favorável, um grande antecipador da saúde financeira das companhias e para o desempenho das ações na bolsa adiante. "A política econômica brasileira e global conseguiu produzir os efeitos de desaquecimento e queda dos ativos, foi intencional, para trazer a inflação para o equilíbrio e permitir um ambiente favorável nos próximos anos. A renda variável antecipa isso", afirmou. "A gente vê fundamentos sólidos, as companhias conseguindo repassar custos."

Para 2023, empresas ligadas à cadeia de commodities têm, contudo, um ano mais desafiador, com a reversão do ciclo. Em contrapartida, o fluxo de investimentos em concessões de infraestrutura, com R$ 57,8 bilhões previstos para o ano que vem é qualificado como "transformacional" pela equipe da Bram para o Brasil.

Entre os setores na bolsa com maior perspectiva de aumento de lucro anual aparecem varejo (76,2%), saúde (45,6%), logística, transporte e infraestrutura (35,2%), e tecnologia, mídia e telecom (34%). E na virada de ciclo, são as companhias de menor capitalização na bolsa que tendem a ter melhor performance.

Brett Hondow/Pixabay

Fonte: Valor Econômico

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