Líderes do G20 criticam Russia e vão condenar ameaça de uso de armas nucleares

Por Redação em 15/11/2022 às 09:19:22

Segundo os líderes das maiores economias do mundo, o uso de armas nucleares é inadmissível O uso ou ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível, advertem os líderes do G20, reunindo as maiores economias do mundo, numa declaração final que está sendo discutida, em reação às frequentes ameaças do russo Vladimir Putin que ampliam tensões na cena internacional.

O Valor teve acesso ao texto de declaração de cerca de 14 páginas, que está sendo submetida para aprovação ao final da reunião dos chefes de Estado e de governo, no encontro do qual estão ausentes tanto Jair Bolsonaro como o russo Vladimir Putin.

Para certos negociadores, a cúpula do G20, que ocorre nesta terça-feira (15) e vai até amanhã em Bali (Indonésia), poderá superar as expectativas graças a tentativas de emergentes para conciliar posições sobre questões mais sensíveis, especialmente a guerra na Ucrania e suas consequências.

Na declaração, os líderes destacam que se reúnem em Bali em meio a “crises multidimensionais sem paralelo”. “Vivemos a devastação trazida pela pandemia de covid-19, e outros desafios, incluindo a mudança climática, que causou retração econômica, aumentou a pobreza, retardou a recuperação global e impediu a realização das Metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, acrescentam.

O documento foca na guerra na Ucrânia, “que causou um impacto ainda mais negativo na economia global”. Os países reiteraram suas posições nacionais expressas em outros fóruns, incluindo o Conselho de Segurança da ONU e a Assembléia Geral da ONU, que, na Resolução de 2 de março de 2022, adotada por maioria de votos (141 votos a favor, 5 contra, 35 abstenções, 12 ausências), deplora nos termos mais fortes a agressão da Russia contra a Ucrânia e exige sua retirada completa e incondicional do território da Ucrânia.

No G20, diz a declaração, a maioria dos membros condenou fortemente a guerra na Ucrânia e enfatizou que ela está causando imenso sofrimento humano e exacerbando as fragilidades existentes na economia global – limitando o crescimento, aumentando a inflação, perturbando as cadeias de abastecimento, aumentando a insegurança energética e alimentar e elevando os riscos à estabilidade financeira.

Ao mesmo tempo, registra que houve outros pontos de vista e diferentes avaliações da situação e sanções – em referencia a China e Russia e provavelmente alguns outros membros. Reconhecendo que o G20 não é o fórum para resolver questões de segurança, o texto dos líderes reconhece “que as questões de segurança podem ter conseqüências significativas para a economia global”.

A declaração que os líderes discutem destaca que “é essencial manter o direito internacional e o sistema multilateral que salvaguarda a paz e a estabilidade”. E que isso inclui a defesa de todos os Propósitos e Princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e a adesão ao direito humanitário internacional, incluindo a proteção da população civil e da infra-estrutura em conflitos armados.

“O uso ou ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível. A resolução pacífica de conflitos, os esforços para enfrentar crises, assim como a diplomacia e o diálogo, são vitais. A era de hoje não deve ser de guerra”, diz o texto dos líderes.

Economias emergentes atuam em meio a posições diferentes entre, de um lado, Rússia e China, e, do outro, os membros do G7 (EUA, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Itália e Canadá), especialmente sobre a invasão da Ucrania pela Russia, como também sobre sobre várias questões econômicas e financeiras internacionais, para evitar rupturas e conduzir o processo de negociação do texto para consensos possíveis.

Essa articulação juntou as diplomacias tanto de países que se abstiveram, como a Índia, das resoluções das Nações Unidas contrárias à invasão da Ucrânia, como as que votaram a favor de resolução, como ocorreu com o Brasil. Esses dois grandes emergentes terão as presidências do G20 nos próximos dois anos. São ajudados na busca de consenso por países como Turquia e outros países não diretamente relacionados com “dissensos ou com o conflito na Ucrania"".

“Após longas jornadas de negociações nos últimos quatro dias em Bali, os Sherpas (representantes dos líderes) concluíram o texto da declaração, de cerca de 14 páginas, que está sendo submetida para aprovação ao final da reunião de líderes”, confirmou o sherpa brasileiro Sarquis J.B. Sarquis.

“A declaração deverá refletir mensagens importantes sobre o papel do comércio multilateral, das cadeias de valor, inclusive em agricultura, dos investimentos e dos bancos de desenvolvimento em prol do desenvolvimento sustentável”, disse Sarquis.

Armamento nuclear russo

Divulgação/Ministério da Defesa da Rússia

Fonte: Valor Econômico

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