Marrocos tem motivos para sonhar com a melhor campanha africana da história da Copa do Mundo

Por Redação em 06/12/2022 às 20:53:36

Os Leões do Atlas avançam às quartas e repetem as melhores campanhas africanas em Copa do Mundo -- Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010). Quando Achraf Hakimi, nascido em Madrid, converteu o último pênalti com uma catedrática cavadinha, as multidões já haviam se espalhado por Rabat, Casablanca e em cada metro quadrado do solo marroquino. Também vários pontos da própria Espanha foram tomados por torcedores do país do noroeste africano, que pretendiam participar de corpo e alma do momento histórico.

A comemoração marroquina em território espanhol se justifica pelo fato de que o maior contingente migratório no país europeu é originada justamente do Marrocos -- são quase um milhão de marroquinos que atravessaram os cerca de 60 quilômetros do estreito de Gibraltar. E há um claro condimento de tensão nas relações entre os países. Durante a primeira metade do século XX, Marrocos viveu sob colonização espanhola (e francesa) e até hoje, por exemplo, os países têm questões pendentes em relação a territórios marítimos.

Em Las Ramblas, em Barcelona, torcida do Marrocos comemora classificação às quartas diante da... Espanha

REUTERS/Nacho Doce

Na maioria das vezes, a geopolítica não entra em campo, mas certamente acaba temperando as circunstâncias. Dentro das quatro linhas e no imenso espaço fora delas, ao final de 120 minutos e mais penais, o que entra para a história é que uma valente e organizada seleção marroquina derrubou a autoproclamada favorita Espanha, que alguns anos atrás achava ter reinventado o futebol, e alcançou seu melhor resultado em uma Copa -- em 1986, Marrocos havia avançado apenas até as oitavas.

É um evento heroico, mas não surpreende pelo que se viu em campo: enquanto a seleção de Luis Enrique passou a tarde enxugando gelo alisando parafuso, com a pelota rolando de forma tediosa para um lado e para o outro, a equipe treinada por Walid Regragui tinha uma ideia clara de jogo e a seguia com excelência. A seleção africana tinha menos a bola, mas realizava rápidas transições que a fizeram ser mais perigosa durante praticamente todo o jogo, enquanto o quarteto defensivo esteve absolutamente impecável, com Hakimi, Aguerd, Saiss e Mazraoui. Muitos jogadores, em especial, Ounahi e Amrabat, tiveram atuações absolutamente épicas, à altura do que o momento exigia.

Os Leões do Atlas repetem as melhores campanhas africanas em Copa do Mundo -- Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010) também avançaram até as quartas. O técnico Walid Regragui se permite todos os atrevimentos e não evita falar que sonha com o título -- e não teria porque ser diferente, afinal a história não se faz com comedimento. Pelo menos, romper a barreira das semifinais pela primeira vez para o futebol africano não parece uma hipótese delirante. Portugal é uma seleção forte, mas pelas atuações até aqui (dois empates e duas vitórias, apenas um gol sofrido) é difícil imaginar a esquadra marroquina virando farelo como os suíços. Mas cada dia de uma vez. Hoje, é imperioso dizer apenas que a Copa do Mundo apontou suas oito melhores seleções: cinco fortes times europeus, duas potências sul-americanas e, com todo mérito e autoridade, um histórico Marrocos.

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Fonte: Globo Esporte/G1

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