Lula se encontra nesta sexta-feira com os próximos comandantes das Forças Armadas

Por Redação em 16/12/2022 às 09:14:01

O presidente eleito Luiz InĂĄcio Lula da Silva se reĂșne nesta sexta-feira, 16, pela primeira vez, com os futuros comandantes das Forças Armadas. A expectativa é que o presidente confirme a indicação dos nomes dos oficiais-generais jĂĄ escolhidos em conversa prévia com José MĂșcio Monteiro, próximo ministro da Defesa. Como o Estadão revelou, Lula também deve manifestar aos comandantes que entende ser urgente pôr fim aos atos de viés antidemocrĂĄtico no entorno do Quartel-General (QG) do Exército e unidades militares pelo PaĂ­s.

O general de Exército Julio Cesar de Arruda, o almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen e o tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno são aguardados para a primeira conversa cara a cara com Lula. A lista de comandantes indicados foi confirmada ao Estadão pelo futuro ministro da Defesa. E também foi comunicada extraoficialmente aos respectivos altos comandos.

O encontro, adiado por uma semana, ocorrerĂĄ por volta das 10h30, em BrasĂ­lia. Lula tem recebido seus colaboradores de governo e feito reuniões, de forma reservada, num hotel onde se hospeda e despacha, na capital federal.

Sete dias atrĂĄs, Lula disse que pretendia discutir o "futuro do PaĂ­s" com os próximos comandantes. O presidente eleito afirmou ainda que as Forças Armadas não devem fazer polĂ­tica, mas se ater a seu papel constitucional de Defesa da soberania nacional e do povo brasileiro.

Antes disso, Lula confidenciou a deputados aliados do partido Avante a intenção de acabar o quanto antes com os atos que cobram intervenção militar. Eles são promovidos por bolsonaristas insatisfeitos com sua vitória nas urnas. Segundo relataram integrantes do partido, o presidente eleito disse que os acampamentos pró-golpe é desrespeitoso com as próprias Forças Armadas.

A pressão polĂ­tica aumentou depois da destruição organizada por extremistas na noite de segunda-feira, dia 12, em BrasĂ­lia. O governo do Distrito Federal disse ter identificado que bolsonaristas acampados em frente à sede do Exército promoveram os crimes. Eles permanecem em ĂĄrea militar – e haviam recebido o respaldo da atual cĂșpula do Exército, da Marinha e da AeronĂĄutica em carta conjunta assinada pelos comandantes do governo Jair Bolsonaro, desde que não houvesse "excessos".

Naquela noite, um grupo violento incendiou ônibus e carros, espalhou botijões de gĂĄs perto das chamas, destruiu mobiliĂĄrio urbano, montou barricadas e entrou em confronto com a polĂ­cia. Bolsonaristas tentaram empurrar um ônibus de cima de um viaduto e invadir a sede da PolĂ­cia Federal, após a prisão do cacique José AcĂĄcio Serere Xavante. Ninguém foi preso.

Na quinta-feira, 15, um general de alta patente disse que, assim como Lula, integrantes da cĂșpula também entendem que o acampamento bolsonarista no QG de BrasĂ­lia tem de acabar. Segundo esse oficial, que falou sob anonimato, o protesto jĂĄ se estendeu demais e jĂĄ ficou clara a inconformidade dos manifestantes com a eleição de Lula e o JudiciĂĄrio. Ele também considerou que os atos criminosos de extremistas não irão se repetir – na visão de aliados de Lula, as prĂĄticas poderiam ser enquadrados como terrorismo.

Adiamento

O encontro entre Lula e os generais foi adiado por uma semana, segundo o futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, para que houvesse uma visita prévia do futuro ministro à sede da Defesa. Nesse intervalo, José MĂșcio fez sua primeira reunião formal com o atual ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e conheceu os demais integrantes da cĂșpula, o secretĂĄrio-geral da Defesa, general Sérgio José Pereira, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general Laerte de Souza Santos. O encontro foi considerado positivo por militares.

José MĂșcio tentou demover os atuais titulares dos comandos de Força, nomeados por Jair Bolsonaro, de deixarem seus cargos antes da posse presidencial, em 1Âș de janeiro. Ele argumentou que as passagens de comando deveriam seguir a praxe. Explicou que os futuros comandantes foram selecionados da maneira mais "tradicional" possĂ­vel, com base em lista trĂ­plice de antiguidade.

Somente na Marinha o segundo mais experiente assumiu o comando-geral, porque o primeiro da fila, o almirante de Esquadra Renato Aguiar Freire, vai assessorar MĂșcio como chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Lula afirmou, na ocasião, ter confiança no trabalho de MĂșcio e certeza de que ele escolheria os "melhores comandantes".

Fonte: Isto É

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