Acampados em Brasília para a posse de Lula ignoram cansaço e esperam festa e emoção na Esplanada

Por Redação em 01/01/2023 às 05:20:24

g1 foi a dois dos três locais oficiais de acampamento para viajantes que estão na capital para participar da posse de Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (1º). Elis, Isabela e Adair, apoiadores de Lula que foram acampar em Brasília para acompanhar a posse neste domingo (1º)

Fábio Tito/g1

Muita gente que se deslocou até Brasília para a posse de Lula como presidente teve que recorrer aos acampamentos oficiais para evitar os gastos com hospedagem, mas isso não impediu ou diminuiu a empolgação para o evento deste domingo (1º).

A previsão era que os três pontos de acampamento (Estádio Mané Garrincha, Pavilhão do Parque da Cidade e Pavilhão da Granja do Torto) abriguem milhares de pessoas --só no Mané Garrincha, a organização esperava algo entre 10 mil e 12 mil acampados.

O g1 foi a dois desses três pontos e conversou com algumas dessas pessoas.

Força e tamborim

Isabela Cunha, jornalista e produtora cultural, tem 30 anos e saiu de Londrina até a capital federal para ver a posse de perto. Ela vende produtos orgânicos colhidos em terras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

"Minha expectativa para amanhã tem muita relação com aquilo que o Movimento [Sem Terra] construiu para esse dia. Para, mim, é um dia de realimentar nossas forças de luta; vem aí um governo democrático, finalmente, que a gente muito esperou, mas isso não nos livra de continuar lutando pelos nossos valores e pelo projeto de mundo que a gente deseja e que o MST construiu por muitos anos", afirma.

Isabela Cunha vi ajudar com seu tamborim a puxar a marcha do Mané Garrincha até a Esplanada dos Ministérios na manhã deste domingo (1º)

Fábio Tito/g1

Ela conta que há um ano e meio faz parte da Unidos da Lona Preta, bateria do povo sem terra que vai puxar a marcha que sai do estádio pela manhã rumo à Esplanada dos Ministérios. "Comecei a tocar tamborim há um ano e meio por causa da Lona Preta, foi muito legal aprender. A marcha vai ser muito bonita", diz.

No Mané Garrincha, entre os acampados estão representações de movimentos sociais do campo e da cidade, sendo o MST o maior deles.

Arte travesti pró-Lula

Elis do Talho tem 24 anos, é artista de rua e decidiu vir a Brasília de última hora, no dia da viagem. "Apareceu uma vaga no ônibus fretado, minha amiga me chamou, eu só arrumei minhas coisas e vim" conta. Foram 25 horas de viagem, e a volta está marcada para a manhã de segunda (2).Tanto esforço foi, também, porque se sentiu parte da vitória de Lula. Ela é de São Gonçalo, na Baixada Fluminense.

"Fiquei feliz de passar o Ano Novo em Brasília nesse momento histórico, conseguir ver o Lula, até porque eu movimentei muita coisa de arte temática travesti pra campanha do Lula. (...) Eu me senti grata, como se o universo estivesse falando: 'Ela merece estar lá, ela fez a parte dela'", conta Elis entre risadas.

Elis do Talho é artista de rua e conta que fez peças com temática travesti para ajudar na campanha de Lula

Fábio Tito/g1

A esperança no retorno de Lula ao governo vem de memórias que a artista traz desde a infância. "Eu cresci vendo muita prosperidade, as coisas melhorando. Agora eu tenho um vizinho que vendeu o portão da casa dele porque não tinha o que comer na pandemia. E São Gonçalo foi uma cidade que elegeu Bolsonaro, eu convivo com bolsonaristas na minha rua. Não dá para entender", afirma.

'580 dias de resistência'

Adair Gonçalves, de 41 anos, é camponês do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e vive em acampamentos e assentamentos desde os 11. Ele foi um dos manifestantes mais presentes na vigília montada diante da prisão de Lula em Curitiba.

"A posse do Lula, acho que foi um sonho construído a partir da prisão do Lula. A gente passou 580 dias de vigília, 580 dias de luta e 580 dias de resistência. Onde a gente criou muita força, né? Onde a gente superou muitas, muitas coisas", diz Adair.

Adair Gonçalves ajusta seu boné do MST em acampamento no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, na véspera da posse de Lula

Fábio Tito/g1

Ele ressalta que o momento agora é de esperança.

"Hoje estamos aqui pra celebrar. Celebrar esse momento que foi de muita dificuldade, que foi de muita luta, mas que ele é muito esperançoso, muito prazeroso. E tenha certeza que os os trabalhadores vão recuperar os seus direitos. Vão recuperar o direito da luta, vão recuperar o direito da vida e, principalmente, o direito de comer, né? Que hoje a gente tem 33 milhões de brasileiros passando fome", afirma.

Fonte: G1

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