Lula, a economia global e a espera de melhoras no 2º semestre

Por Redação em 02/01/2023 às 09:53:03

Os primeiros meses de 2023 serão complicados, com a clara desaceleração da economia mundial O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa novo mandato num cenário externo repleto de incertezas. Sobretudo os primeiros meses de 2023 serão complicados, com a clara desaceleração da economia mundial.

A inflação, o aumento das taxas de juros e a guerra na Ucrânia desencadearam em 2022 as perdas mais pesadas globalmente desde a crise financeira de 2008. Somente o valor de mercado das empresas negociadas nas bolsas de valores no mundo caiu cerca de US$ 25 trilhões no ano, segundo levantamento do jornal Financial Times. Somado com os estragos causados nos mercados de títulos de dívida, a baixa total passa dos US$ 30 trilhões nos mercados de ativos.

Por sua vez, somente a invasão da Ucrânia pela Rússia custará à economia global US$ 2,8 trilhões em produção perdida até o final deste ano, calcula a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A fatura pode aumentar se um inverno rigoroso levar ao racionamento de energia na Europa.

O economista-chefe da OCDE, Alvaro Pereira, em conversa com a coluna, projeta para este ano não mais que 2,2% de crescimento da economia mundial, ante 3,1% em 2022, e "o Brasil não vai ficar imune"".

Existe uma esperança de que, em meados do ano, vamos começar a ver luz ao fim do túnel e o PIB (Produto Interno Bruto) global volte a crescer no segundo semestre. Isso irá igualmente ajudar a economia brasileira.

No entanto, a expansão nos dois primeiros anos do governo Lula poderá continuar abaixo da média mundial, com projeção de 1,2% neste ano e de 1,4% em 2024 – e evidentemente muito vai depender da gestão do novo governo.

Bill Oxford/Unsplash

O Brasil vai depender também do que ocorrerá com a economia mundial e, em particular, com a China. Se a China recuperar como se espera, ao redor de 5%, o preço das commodities deverá recuperar, porque a demanda aumentará. Mas se a segunda maior economia do mundo continuar com fortes problemas no mercado imobiliário, por exemplo, será uma trava e terá impacto para o Brasil.

Nos próximos dois anos, é a Ásia que vai crescer mais, sobretudo a Índia. Nos EUA, economistas como Larry Summers, ex-secretário do Tesouro e professor de Harvard, dizem que não será uma surpresa se uma recessão começar em 2023. Na Europa, com exceção da Alemanha, deve haver uma pequena recessão, que a OCDE avalia que vai durar no máximo dois a três trimestres, sem grande redução do PIB.

A inflação continuará alta globalmente, embora se espere que comece a baixar de forma mais significativa neste ano. Nesse caso, o Brasil se sai melhor que outros. A inflação está moderando no país, enquanto em bom número de países no mundo o nível de preços vai continuar elevado. A maior parte dos bancos centrais continuará a aumentar os juros nos próximos meses.

A economia global continuará afetada dramaticamente pela maior crise energética desde os anos 70. A Europa gasta 18% do PIB em custo de energia, tanto quanto nos anos 1980 e acima dos valores nos anos 1970, portanto as pressões inflacionárias continuam muito grandes. Uma preocupação de instituições internacionais é de que a crise de energia não seja uma questão apenas desse inverno, mas para os próximos anos.

Pelo que se ouve de Gita Gopinath, vice-diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), conclui-se que uma das poucas certezas é de que 2023 será mesmo pior do que 2022 para a economia mundial.

Nesse cenário, o banco suíço UBS sugere a investidores que se posicionem para "a era da segurança" – energética, alimentar, cibernética -, que os governos e empresas vão priorizar. A segurança energética favorece investimentos em estratégias ativas de commodities, greentech, ar limpo, descarbonização, eficiência energética. A segurança alimentar favorece empresas vinculadas a melhora da produtividade agrícola, economia de recursos hídricos e adaptação à mudança climática. E a expectativa é de que o mercado de segurança cibernética crescerá 10% por ano até 2025.

Fonte: Valor Econômico

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