Brasileiros buscam especialização internacional em ESG

Por Redação em 26/01/2023 às 07:54:28

Escassez de profissionais especializados e bons salários motivam interesse O sonho de ter um diploma multidisciplinar se tornou realidade para Manoela Santos, 19, quando ela começou a cursar Environmental and Social Change, na Royal Holloway University of London. Ela conta que um dos motivos que a levaram a escolher a faculdade no exterior foi a estrutura oferecida. Além de ser um curso relacionado a práticas ESG, sigla usada para se referir a práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, a grade reúne várias áreas em um só currículo acadêmico, como psicologia, e geociência, entre outras disciplinas. A estudante acredita que cada vez mais empresas vão precisar de pessoas especializadas na área de sustentabilidade para suprir essa nova demanda e combater esses problemas de forma estratégica e ativa. “Esse é um tópico muito relevante, mas apenas recentemente se tornou mais popular, aceito e discutido pela nossa sociedade”, comenta.

O Guia Salarial 2023, da consultoria Robert Half, confirma escassez de especialistas em ESG e aponta que o mercado oferecerá oportunidades a profissionais preparados para lidar com essas questões. A demanda já chama inclusive a atenção de agências que oferecem cursos fora do país exclusivamente voltados ao ESG. Segundo dados do Student Travel Bureau (STB), consultoria em educação internacional, o número de brasileiros procurando um intercâmbio nessa área em 2022 registrou um aumento de 80% em relação ao ano de 2019.

LEIA MAIS:

ESG é incompleto, mas útil para prevenir riscos, diz professor da Universidade de Warwick

Os três dês que não falamos nos cursos de ESG

Para Christina Bicalho, vice-presidente do STB, essa é uma demanda nova que antes não estava no radar dos jovens que buscam uma carreira. “Sentimos um interesse para esses assuntos muito grande do pessoal que está saindo do colegial e quer fazer o bacharelado (graduação lá fora) ou de cursos relacionados ao ESG.”, explica.

A perspectiva é que essa agenda continue a crescer nos próximos anos, por diversos fatores. Entre eles o componente ambiental (respostas às mudanças climáticas que continuarão a ser um problema nos próximos anos) e o interesse dos investidores. Segundo a pesquisa global “EY Global Reporting and Institutional Investor Survey” quase todos os investidores (99%) já utilizam as divulgações das empresas sobre o tema como parte de suas decisões de investimento.

Para profissionais que já estão no mercado de trabalho, a chamada educação continuada, com duração de duas a quatro semanas, pode ser uma boa opção. De acordo com Bicalho, grandes universidades, como Berkeley, com a qual o STB tem parceria, oferecem essa modalidade com foco em ESG e algumas empresas arcam com os custos do treinamento no exterior de seus funcionários.

Há oito anos Alexandre de Felippes trabalha com construção e operação de edificações de alto desempenho e gestão de todos os aspectos ESG em portfólios de ativos para gestoras, construtoras, incorporadoras e fundos de investimento. Agora, aos 30, ele se prepara para ir para o Canadá cursar Energy Management Graduate Certificate no Algonquin College. Essa será uma oportunidade de aprender mais sobre soluções energéticas eficientes e sustentáveis. “A expectativa é obter conhecimentos teóricos e práticos atualmente indisponíveis no Brasil”, conta Felippes.

Esse perfil de profissional que já possui formação acadêmica tem várias opções. É possível fazer um mestrado em gestão global na Universidade Estadual do Arizona (Arizona State University) ou um MBA na University of Exeter, no Reino Unido (com diversos módulos voltados para ESG). Outros exemplos são o mestrado em Mudança e Gestão Ambiental em Oxford (na Inglaterra) e a pós-graduação em Energia e Clima e Meio Ambiente e Sociedade na Universidade de Edimburgo (Escócia).

Trabalho e bolsas de estudo

“Por incrível que pareça, programas de 1-2 anos no exterior em universidades que estão entre as melhores do mundo, podem ser mais baratos que os programas oferecidos por instituições privadas no Brasil”, diz Lucas Ariboni, responsável pelo departamento de universidades da Central de Intercâmbio (CI). Segundo ele, existem oportunidades melhores para os estudantes com dupla cidadania. Além de pagarem valores menores, nesses casos eles podem trabalhar legalmente durante a experiência.

Bicalho também reforçou a vantagem da cidadania europeia: com ela é possível se candidatar para ter ajuda de custo com a mensalidade, por meio de programas subsidiados pelos governos europeus. Para quem não tem esse recurso, ela conta que ainda existem outras possibilidades. Alguns países como o Canadá permitem que a pessoa vá com seu cônjuge e seus filhos. “A pessoa pode trabalhar legalmente enquanto estuda, seu parceiro pode trabalhar também e eles oferecem a escola para seus filhos. Isso atraiu e atrai um grande volume de pessoas”, afirma.

No caso de bolsas de estudo, existem várias instituições que oferecem essa possibilidade, conforme o perfil acadêmico de cada estudante. Cada universidade tem parâmetros e programas específicos de concessão de bolsa.

Com o crescimento da relevância do tema, cresce também número de cursos e programas voltados ao ESG.

Pixabay

Fonte: Valor Econômico

Tags:   Valor
Comunicar erro
Agro Noticia 728x90