Binance sinaliza que auditoria completa segue distante: 'contabilidade não sabe como tratar cripto'

Segmento carece de padronização e as grandes companhias de contabilidade ainda estão aprendendo sobre criptoativos, disse chefe para Ásia-Pacífico A Binance, maior corretora de ativos digitais do mundo, sinalizou que uma auditoria completa de seus ativos e passivos está distante em meio a demandas por mais transparência após o colapso da rival FTX.

O objetivo da empresa é contratar um auditor para todo o balanço, mas as grandes companhias de contabilidade ainda estão aprendendo sobre o setor de criptoativos, que carece de uma padronização para tratar temas desafiadores como a volatilidade dos preços do segmento, disse Leon Foong, chefe da Binance na Ásia-Pacífico.

“Vai levar mais tempo”, disse Foong em uma entrevista.

“Isso mostra as limitações das indústrias mais tradicionais porque há uma curva de aprendizado. Número um, não é sua competência principal. E número dois, obviamente há muito escrutínio se eles errarem".

A Binance está no centro de um setor de ativos digitais que enfrenta pressão crescente por maior abertura depois que a FTX quebrou com um buraco de US$ 8 bilhões em suas finanças. Enquanto a Binance argumenta que as auditorias de criptoativos são desafiadoras, outros apontam para as declarações anuais da Coinbase Global Inc., listada na Nasdaq, pela Deloitte como evidência de que elas podem ser feitas por grandes empresas de contabilidade.

Relatório de reservas

Em dezembro, a Binance divulgou um chamado relatório de comprovação de reservas com base em uma análise instantânea da empresa de contabilidade Mazars Group. A iniciativa fez parte de um esforço para tentar tranquilizar os ativos dos clientes. O relatório não equivalia a uma auditoria financeira completa e a Mazars posteriormente suspendeu o trabalho para projetos envolvendo criptoativos.

Um porta-voz da Binance no final do ano passado afirmou que os ativos dos usuários “são todos lastreados em 1:1 e a estrutura de capital da Binance é livre de dívidas”. Os comentários vieram logo após uma onda de saques naquele mês em meio à falta de confiança no setor de criptoativos.

No mês passado, a corrertora admitiu que manteve por engano as garantias de alguns dos tokens que emite na mesma carteira que os fundos dos clientes. Também reconheceu falhas anteriores na gestão das reservas de sua stablecoin.

A Binance está trabalhando para separar as garantias e os fundos dos clientes o mais rápido possível, disse Foong na entrevista em Cingapura. Ele acrescentou que a corretora também está tentando produzir uma declaração de prova de reservas ampliada.

A plataforma, fundada pelo bilionário Changpeng “CZ” Zhao, emprega mais de 7.000 pessoas. Foi responsável por pouco menos de 60% do volume de negociação de criptomoedas em 2022, de acordo com dados da empresa de pesquisa Kaiko.

A Binance está visivelmente ausente da lista crescente de empresas de criptoativos que cortaram empregos após a derrocada dos ativos virtuais de US$ 2 trilhões no ano passado e a implosão da FTX.

Foong disse que a empresa tem como alvo 200 milhões de usuários da Ásia-Pacífico e avalia onde investir para melhorar a experiência e a proteção do cliente. Ao mesmo tempo, está se concentrando em ser mais eficiente e identificar áreas para contratar e “onde reestruturar quando necessário”.

“Sendo uma empresa que cresceu tanto, precisamos avaliar como também podemos operar com mais eficiência”, disse Foong, acrescentando que em termos de quadro de funcionários “numa base líquida obviamente continuaremos a crescer”.