Cacique Raoni pede que morte de indígena de 5 anos em MT seja investigada na esfera federal

Por Redação em 27/02/2023 às 19:30:11

Quatro adultos e outras duas crianças também estavam no veículo, que presta serviço à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), quando foi tombado pela força da água ao tentar atravessar um córrego, na quarta-feira (22). Polícia Civil nega que haja descaso na investigação, conforme aponta cacique. O cacique Raoni Metuktire durante um evento de imprensa em Bordeaux, na França, em setembro de 2019

Nicolas Tucat/AFP

O cacique Raoni Metuktire, por meio de seu instituto, protocolou ofício nesta segunda-feira (27) para que o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Advocacia-Geral da União passem a investigar a morte do indígena de 5 anos que foi arrastado pela correnteza após uma caminhonete ter tombado em um rio de Peixoto de Azevedo, ao norte do estado, na quarta-feira (22).

O líder do povo Kayapó aponta ainda suposta negligência da Polícia Civil, que, por sua vez, informou que aguarda a conclusão do exame de necropsia da criança e que o inquérito instaurado sobre o acidente, classificado como homicídio culposo, tem 30 dias para ser concluído. Portanto, não procede a informação de descaso em relação à investigação, segundo a instituição.

O Ministério Público Federal confirmou que recebeu o ofício do cacique e informou que irá verificar os fatos para tomar as providências necessárias.

Ao g1, o cacique Raoni, que é uma liderança indígena com reconhecimento internacional, relatou que está de luto pela morte do menino Bepngaiti Metuktire e pediu celeridade nas investigações para responsabilizar o suspeito.

"Todos nós estamos tristes e ainda estamos de luto, mas estamos aqui para que seja agilizado o processo nesse procedimento de prisão. Nós queremos que o motorista seja punido", contou.

Segundo o cacique, o motorista trabalha há seis meses na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), fazendo o transporte de pacientes da aldeia para a cidade, onde recebem atendimento médico. No sábado (25), a Sesai informou, por meio das redes sociais, que demitiu o condutor após o ocorrido.

"Assinei esse requerimento para a Funai, para o MPF, para o PF e Ministério dos Povos Indígenas para acompanhar. Já protocolei e foi encaminhado para essas instituições", afirmou.

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Raoni disse que espera pela celeridade do caso. "Abracei esse luto depois da morte da criança. Os pais estão muito tristes na aldeia e espero que a justiça seja feita de forma imediata para que a família saiba que o motorista que fez isso seja preso para a família ficar tranquila", disse.

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Cedida

O caso

Quatro adultos e três crianças voltavam para a Aldeia Kapot, a 250 km do município, por volta das 18h de quarta-feira (22), depois de serem atendidos em uma unidade de saúde e eram levados por um veículo da Sesai.

Faltando cerca de 15 km para chegar na Terra Indígena, eles se depararam com o caminho bloqueado pela correnteza que tomou conta de um córrego. Mesmo assim, segundo relatos, o motorista avançou e, com a força da água, a caminhonete tombou.

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Os quatro adultos e duas crianças conseguiram se salvar, mas Bepngaiti Metuktire foi levado pela correnteza. Depois do acidente, o motorista fugiu do local. O corpo do menino foi encontrado pelos bombeiros na quinta-feira (23).

Ainda no mesmo dia, o motorista foi ouvido na delegacia da cidade, mas foi liberado porque, até então, a morte da criança não havia sido confirmada. Agora, a polícia investiga o caso por suposta omissão ao socorro.

Fonte: G1

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