Ancelotti: vale muito à pena esperar

Dois anos é tempo mais do que suficiente para um técnico da qualidade do italiano montar uma seleção campeã Zagallo assumiu o Brasil poucos meses antes da Copa de 1970 e fez uma das maiores revoluções do futebol, montando um time moderno e campeão.

Por Redação em 17/06/2023 às 22:22:51

Dois anos é tempo mais do que suficiente para um técnico da qualidade do italiano montar uma seleção campeã Zagallo assumiu o Brasil poucos meses antes da Copa de 1970 e fez uma das maiores revoluções do futebol, montando um time moderno e campeão. Parreira foi campeão em 1994 tendo feito apenas metade do ciclo pós-90. Felipão assumiu menos de um anos antes de ser campeão com a seleção em 2002. Zlatko Dalic assumiu a Croácia menos de um ano antes de seu time chegar pela primeira vez na história do país a uma final de Copa do Mundo. Walid Regragui assumiu Marrocos a apenas três meses da Copa de 2022 e levou pela primeira vez um time africano a uma semifinal dessa competição. Tite ficou um ciclo e meio para duas Copas e, mesmo eu considerando que fez um trabalho muito bom em 2022, não chegou sequer a uma das duas semifinais.

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Claro que choverão exemplos de conquistas em que os treinadores fizeram todo o ciclo de quatro anos entre Copas, ou mesmo trabalhos mais longevos antes de títulos. Claro também que não sou adepto de bagunça, caos, desleixo com a seleção brasileira ou falta de planejamento. Mas tampouco consigo entender essa histeria para que se indique amanhã o novo treinador. Primeiro porque, com o aumento do número de times na Copa de 2026, agora são sete seleções sul-americanas a se classificarem direto numa mesma eliminatória com 10 times e 18 jogos - podendo aumentar para 8 com a repescagem. E não tenho dúvidas: se o Brasil jogar os 18 jogos sem nenhum treinador, ainda assim ele já está classificado.

Segundo porque se Carlo Ancelotti vier mesmo no meio de 2024, a nossa Seleção terá o melhor treinador dentre todas as demais. Ele perderia seis jogos da eliminatória sul-americana (1/3 da competição). Mesmo que, com Ramon Menezes ou outro interino, o Brasil perdesse os seis jogos (algo mais improvável do que um camelo passar por um buraco de agulha), ainda assim Ancelotti vencerá os outros e garantirá o Brasil como único participante de todas as Copas do Mundo.

Já escrevi aqui algumas vezes que o único nome que tecnicamente eu preferiria ao italiano seria o de Abel Ferreira - porque não precisaria de qualquer adaptação e porque acho que o que faltou à seleção nas últimas Copas é a obsessão por vencer que move o português. Só que o comportamento histriônico de Abel já me deixa em dúvidas se ele merece esse cargo tão nobre.

Portanto acho extremamente acertada a insistência da CBF em ter um treinador estrangeiro e ter toda a paciência que a empreitada pede. A única coisa que não será admissível é fazer um acordo apenas verbal, de cavalheiros. Carlo Ancelotti precisa assinar um pré-contrato para assumir com exclusividade em julho de 2024, sem qualquer possibilidade de mudança. Lembro que estamos falando do clube mais rico do planeta, o atual patrão de Ancelotti, e que o presidente Florentino Perez não hesitaria, caso fosse seu desejo, de botar um caminhão de euros à frente do italiano para que ele não saia ano que vem - e aí a CBF ficaria a ver navios. Começar com alguém menor do que Ancelotti, do zero, a dois anos da Copa, aí sim ficaria muito chato. E quem acredita que Ancelotti vai interromper a temporada no Real Madrid em janeiro de 2024 também crê cegamente em Papai Noel. É julho e olhe lá...

Não tenho mais dúvidas de que Copa do Mundo e ganha por quem chega melhor, mais inteiro, mais focado, com mais gana de vitória e conquista faltando um mês para a bola rolar. Carlo Ancelotti não é o único capaz de incutir isso na Seleção Brasileira. Mas já fez isso em times dos mais variados perfis. E tem, em conhecimento, experiência e currículo, mais a dar ao futebol brasileiro do que "apenas" um título.

Fonte: Globo Esporte/G1

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