Bradesco mantém projeção do PIB em 2021 e vê chance de surpresas positivas na atividade

Por Redação em 01/05/2021 às 19:30:40

Dados econômicos até fevereiro e sinais iniciais de atividade referentes a abril sugerem que o efeito das restrições à mobilidade deve ser transitório e menos intenso do que o previsto inicialmente Apesar dos contínuos atrasos no calendário de vacinação, a imunização total, com ao menos uma dose, dos grupos prioritários até o fim de maio vai permitir uma reabertura maior da economia, na avaliação do Bradesco. Devido a essa expectativa e também ao bom desempenho da atividade já observado no início do ano, o banco manteve a projeção de crescimento de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021 e de alta de 2% em 2022, e vê chances de surpresa positiva nos próximos meses.

Em revisão de cenário divulgada na última sexta-feira, a equipe econômica chefiada por Fernando Honorato afirma que a economia brasileira tem mostrado “elevado grau de resiliência” ao choque provocado pela covid-19 e à redução dos estímulos.

“O ambiente global favorável, a disponibilidade de crédito, os juros baixos, a poupança acumulada durante a pandemia e o desempenho do mercado de trabalho têm mais do que compensado a piora das condições financeiras desde o início do ano, e compõem os vetores por trás dessa resiliência”, enumeram os economistas.

Segundo o Bradesco, os dados econômicos até fevereiro e sinais iniciais de atividade referentes a abril sugerem que o efeito das restrições à mobilidade deve ser transitório e menos intenso do que o previsto inicialmente. As sondagens da Fundação Getulio Vargas (FGV), por exemplo, mostram que a confiança do comércio e dos consumidores deve ter atingido seu menor patamar em março, mês em que as medidas de isolamento foram mais duras, menciona a instituição.

Do lado positivo, um avanço mais expressivo da carteira de crédito, que deve subir 9,5% este ano, continuará representando estímulo para o nível de atividade, avaliam os economistas, enquanto o mercado de trabalho tem surpreendido favoravelmente. Ainda que haja uma discussão sobre as divergências nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), é fato que o mercado de trabalho formal está em recuperação, aponta o banco.

“Vale destacar, ainda, que a reedição de medidas para o enfrentamento da pandemia por parte do governo federal, em especial o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), deve representar um fator adicional de fortalecimento do mercado formal”, acrescentam os economistas, para quem o risco de frustração com a atividade no segundo semestre é baixo.

Na área fiscal, a instituição afirma que a aprovação do Orçamento de 2021 afastou, ao menos por ora, os riscos de um grande descontrole. O fim do impasse sobre a peça orçamentária, a expectativa de normalização dos juros e o aumento dos termos de troca abriram uma janela para que o real se aprecie em relação ao dólar, diz o Bradesco. O banco manteve, no entanto, a estimativa para a taxa de câmbio ao fim deste ano e do próximo em R$ 5,60, devido à retomada da economia americana, que pode levar a uma alta maior dos juros nos EUA, e também a um “baixo apetite” pelo cumprimento das regras fiscais no Brasil.

Como os preços de commodities em reais devem se manter pressionados e as altas acumuladas no primeiro trimestre tendem a causar novos repasses nos bens industriais, o banco elevou a estimativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, de 5% para 5,2%. A projeção para a inflação oficial de 2022 foi mantida em 3,5%, assim como a previsão para a Selic, que deve terminar este ano em 5,25%.

“Vale destacar que a janela de apreciação cambial e a resiliência exibida pela atividade econômica este ano colocam um viés positivo para o nosso cenário”, ressaltam os economistas do Bradesco. “A dinâmica das taxas de juros nos EUA e o debate fiscal no Brasil determinarão se essa janela de fato se converterá em um cenário mais positivo”.

Fonte: Valor Econômico

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