O governo Bolsonaro, que nunca teve pressa para comprar vacina contra a Covid, correu para marcar, em um intervalo de poucas horas, a reunião com os representantes da suposta oferta de 400 milhões e doses da Astrazeneca, feita pela Davati Medical Supply.
Segundo o representante da Davati no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias Ferreira pediu propina de US$ 1 por dose para que o negócio fosse para a frente.
A proposta da Davati chegou ao ministério no dia 26 de fevereiro – um dia depois do jantar num shopping em Brasília em que, segundo Dominguetti, o ex-diretor de logística fez o pedido de propina.
O Ministério da Saúde – que então era comandado pelo mesmo Eduardo Pazuello que chegou a questionar a ansiedade do brasileiro pelas vacinas – respondeu no mesmo 26 de fevereiro, mais precisamente às 10h37, e pediu uma reunião com os representantes da Davati para dali a 4 horas e meia, às 15h.
Na mensagem, obtida pelo blog, o Departamento de Logística do Ministério da Saúde diz que a pasta "manifesta total interesse na aquisição das vacinas desde que atendidos todos os requisitos exigidos" (veja abaixo).
E-mail do Ministério da Saúde de resposta a proposta da Davati de venda de vacinas da Covid.
Reprodução
O que diz a proposta da Davati
Na proposta da Davati, assinada por Herman Cárdenas, a empresa oferece ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses da vacina da Astrazeneca por US$ 3,50 por dose, num custo total US$ 1,4 milhões. Segundo o documento, as vacinas seriam fabricadas em "vários países" e seriam entregues diretamente pela farmacêutica em data a ser definida.
A Astrazeneca, entretanto, diz não tem intermediários no Brasil, e diz que todas as doses de vacina do laboratório estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais, como o consórcio internacional Covax Facility. A empresa acrescentou que não disponibiliza vacinas para o mercado privado nem para prefeituras e governos estaduais.