Queiroga chama Bolsonaro de "grande líder" e não vê problema em expor técnicos da Anvisa

Por Redação em 20/12/2021 às 14:17:15

Ministro da SaĂșde disse que presidente "tem apoiado fortemente" a pasta na campanha vacinal O ministro da SaĂșde, Marcelo Queiroga, disse hoje não ver problema na divulgação de nomes de técnicos da AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) que autorizaram o uso da vacina da Pfizer contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, como propôs o presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Não hĂĄ problema em se ter publicidade dos atos da administração. Acredito que isso é até um requisito da Constituição", disse a jornalistas em frente à pasta, ao ser questionado se a iniciativa do mandatĂĄrio não poderia acabar influenciando nas ameaças que os técnicos tĂȘm recebido.

O ministro fez questão ainda de elogiar Bolsonaro, a quem chamou de "grande lĂ­der", que "tem apoiado fortemente" a pasta na campanha vacinal. Para ele, a associação com as ameaças é "narrativa".

A Anvisa reforçou ontem o pedido de proteção policial para os gestores envolvidos na decisão de autorizar o uso da vacina para crianças de 5 a 11 anos — até então, só maiores de 12 anos poderiam se imunizar.

O ministro disse que as ameaças são criminosas e devem ser resolvidas pela PolĂ­cia Federal.

"São ações de criminosos contra funcionĂĄrios pĂșblicos. Eu mesmo sofro ameaça aqui. A gente estĂĄ trabalhando firme para resolver problema da pandemia, mas [essas] ações devem ser resolvidas pela PF [PolĂ­cia Federal]", completou.

Enquanto isso, no Senado Federal, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse ser "inaceitĂĄvel" qualquer tipo de intimidação ou ameaça a diretores da Anvisa, sem citar diretamente a proposta de Bolsonaro.

Pacheco também lamentou o fato de que estĂĄ havendo politização em torno das decisões da agĂȘncia.

"Gostaria, em nome da presidĂȘncia do Senado Federal, de me solidarizar com todos os colaboradores, diretores e servidores da Anvisa, na pessoa do seu presidente almirante (Antonio) Barra Torres, porque é inaceitĂĄvel qualquer intimidação ou ameaça em função de decisões que são tomadas livre e autonomamente por uma agĂȘncia reguladora, a partir de critérios técnicos e cientĂ­ficos, a partir de processos que são por eles conhecidos, e decisões que são tomadas à luz dessa técnica", afirmou durante sessão plenĂĄria da Casa.

"Então, de fato, é lamentĂĄvel que haja esse tipo de politização capaz até de levar a discussão às raias de intimidações e ameaças desse tipo. Isso é intolerĂĄvel, tem a solidariedade e o apoio irrestrito do Senado Federal para fazer enfrentamento que precisa ser feito dessa pandemia, e a Anvisa é fundamental que o faça a partir de critérios técnicos, cientĂ­ficos, e não por qualquer outro motivo", completou.

Além de presidir o Senado, Pacheco é pré-candidato à PresidĂȘncia da RepĂșblica pelo PSD.

Os técnicos tĂȘm recebido ameaças desde que começaram a tratar da vacinação para crianças. A agĂȘncia jĂĄ havia solicitado formalmente proteção policial, que não foi atendida, e reforçou o pedido após ataques em redes sociais se intensificaram nas Ășltimas 24 horas.

O ofĂ­cio foi endereçado ao procurador-geral da RepĂșblica, Augusto Aras, mas, segundo a Anvisa, o documento também seria entregue ao ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, ao ministro da Justiça, Anderson Torres, ao diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, e ao superintendente regional da PF no Distrito Federal.

Bolsonaro disse, na sua transmissão semanal na quinta-feira, depois da decisão da Anvisa, que havia solicitado "extraoficialmente" o nome dos técnicos da agĂȘncia envolvidos no tema e que iria divulgĂĄ-los.

A proposta foi interpretada por técnicos como uma tentativa de intimidação. Eles jĂĄ estão sob ameaça por conta do aval à imunização de crianças. Ao mesmo tempo em que ameaças intensificaram nas redes sociais, também foi lançada uma campanha com a hashtag #SomosTodosAnvisa no final de semana.

Fonte: Valor Econômico

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