Itamaraty aposta em 'posição de equilíbrio' na crise Rússia-Ucrânia

Por Redação em 25/02/2022 às 06:42:17

Cobrado por adotar neutralidade, o Itamaraty prefere uma "posição de equilíbrio", mesmo com o agravamento da crise provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

“A posição de equilíbrio do Itamaraty é reconhecer os problemas dos dois lados e as complexidades envolvidas nesta crise”, resumiu ao Blog um interlocutor do governo ao contestar a crítica à timidez da posição do Brasil.

O Congresso Nacional passou a pressionar o Palácio do Planalto para “sair do muro” e ter uma posição clara de condenação da Rússia. Até o vice-presidente Hamilton Mourão foi enfático ao afirmar que o Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano — embora tenha sido depois desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que não condenou a invasão russa à Ucrânia.

Uma semana após encontro polêmico de Bolsonaro com Putin, Brasil não condena invasão russa à Ucrânia

“Como no impasse entre Israel e Palestina, o Brasil buscava uma posição de equilíbrio”, acrescentou essa fonte, considerando que o único ponto fora da curva na política internacional foi a gestão de Ernesto Araújo no Itamaraty. “O Brasil voltou a ser um ator internacional. Não pode ser um anexo dos Estados Unidos”.

Na avaliação desse interlocutor, o Brasil não pode adotar a postura da Otan nesta crise, “até porque não é membro da Otan”, numa referência à Organização do Tratado do Atlântico Norte, liderada pelos Estados Unidos.

Para integrantes da cúpula da diplomacia brasileira, a posição adotada pelo Itamaraty será pelo respeito ao direito internacional, e a única chance de negociação desta crise é por meio do chamado Acordo de Minsk, que estabeleceu um cessar-fogo no leste da Ucrânia em 2014.

Mas diplomatas experientes lotados no Brasil e no exterior avaliam que o Itamaraty vive uma saia justa inédita com o agravamento da crise Rússia-Ucrânia.

Isso porque o movimento errático do presidente Jair Bolsonaro de manifestar “solidariedade” ao presidente Vladimir Putin durante a viagem a Moscou na semana passada desequilibrou a tradicional postura de neutralidade do Brasil em conflitos internacionais.

Fonte: G1

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