Atlético-MG e Coudet têm 19 de dezembro, Procópio Cardoso e Mineirão como elementos comuns

Por Redação em 19/12/2022 às 04:49:10

Data está na história do Galo (título de 1971) e de Chacho - Conmebol de 1995 e nascimento da filha 19 de dezembro de 1971. No Maracanã, Dario cabeceava o cruzamento de Humberto Ramos no fundo do gol de Wendel. O Atlético-MG era campeão brasileiro pela primeira vez. Em Rosário, Aldo Poy se jogava de peixinho para fazer Central 1 a 0 Newell's Old Boys no campo do River. É o gol mais importante do clube - batizado de "la Palomita (a pombinha) de Poy".

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Na mesma data, mas em 1995, o Rosário Central derrotava o Atlético-MG na final da Copa Conmebol. Devolvia os 4 a 0 do Mineirão, e Eduardo Coudet ajudava a levar o único título internacional do futebol de Rosário. O novo técnico do Galo tem ligações profundas com o Central, e elementos em comum com o primeiro adversário da sua grande conquista como jogador profissional.

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Depois de 27 anos, os dois personagens se reencontram, agora lado a lado, recheados de curiosidades e ligações. Chacho é sobrinho-neto de Filpo Núñez, ex-treinador do Cruzeiro e, portanto, arquirrival do Atlético em 1955 e em 1970. O lendário técnico argentino, que fundou a primeira "Academia de Futebol" no Palmeiras de Ademir da Guia, é um fio condutor dos elementos entre Coudet e Galo.

Chacho Coudet já começou a pré-temporada no Atlético-MG

Pedro Souza/CAM

Inauguração do Mineirão

Em 1965, o Mineirão foi inaugurado em setembro, mês da Independência do Brasil. Um dos amistosos foi Seleção Mineira x River Plate, com gol de Buglê, então jogador do Galo. Outra partida foi Seleção Brasileira x Seleção Uruguaia, na qual o time nacional foi representado 100% pelos jogadores do Verdão.

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Filpo Núnez, que havia vencido o Torneio Rio-São Paulo pelo Palmeiras em 1964, se tornou naquele 7/9/1965 o primeiro, e até hoje único, técnico estrangeiro a comandar o Brasil. Em 1970, ele retornou ao Cruzeiro para o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, e tentou implantar um sistema tático com os jogadores sem guardar posição, que ele mesmo batizou de "Carrossel".

Não daria resultado e, sem a paciência da diretoria e da torcida, o esquema seria ironizado como "Carroção". Durou 40 dias em BH, mas viu a Holanda de 1974 incrementar e colocar em prática sua ideia para o time que contava com quatro campeões mundiais - Tostão, Piazza, Fontana e Brito.

- Tive relação (com Filpo Núñez), mas não convivi muito. Ele era meu tio-avô. Sei de toda a sua trajetória, quase toda foi aqui no Brasil, a maior parte aqui. Bem, as coisas acontecem por alguma razão... Eu estou aqui na minha segunda etapa no país. Assim que, agora, a minha cabeça está posta no Atlético. Espero que seja por muito tempo - comentou Coudet, sobre seu famoso tio treinador.

Se Filpo Núñez esteve na inauguração do Mineirão, Chacho será o técnico do Atlético na inauguração da Arena MRV, salvo um desastre que encurte seu trabalho. O Galo, quando inaugurou o estádio Antônio Carlos em 1929, também tinha um estrangeiro no comando: o húngaro Eugenio Marinetti Medgyessy.

A Copa Conmebol e Procópio

Aquela inauguração do Mineirão tinha um jogador mineiro na seleção brasileira/Palmeiras. O zagueiro Procópio Cardoso estava no time paulista em 1965. Foi usado na partida por Filpo Núñez, e até hoje exibi com orgulho nas redes sociais a camisa do Uruguai que ganhou após o jogo. 30 anos depois, Procópio era o técnico do Atlético na final da Copa Conmebol de 1995, perdida contra o Central de Coudet. O ex-jogador e treinador do Galo relembrou de "Dom Filpo".

- Era disciplinador, exigia muito da gente nos treinamentos, nos fundamentos, gostava do futebol bem jogado e tratava todos nós de forma igualitária.

Sobre a conquista de 19 de dezembro de 1995, no Gigante de Arroyito cercado de mitos e lendas, Coudet disse que se lembra pouco? Será que preferiu evitar tocar em uma possível cicatriz do Galo, ainda que o clube seja o bicampeão do torneio (inclusive venceu em 1992 com Procópio no comando)?

No folclore argentino/rosarino, foi Chacho que pediu ao presidente do Central baratear os ingressos para a volta da final, e que ele teria passado a noite no gramado contemplando o título. Mas eis o que Chacho disse sobre a Conmebol de 1995:

- Não me lembro do jogo... Sei que foi algo importante como jogador, para o clube. Foi algo raro. Uma final onde se perde a ida de 4 a 0, e fizemos 4 a 0 em Rosário. Foi importante para o clube. Mas, bem, ká estou pensando em outra etapa. Muito contente de estar aqui. Sei o que é o Atlético. Me tocou jogar (contra eles). Sei o que é a torcida do Galo, o apoio que a torcida presta à equipe. Por isso estou consciente da responsabilidade que tenho. E tratar de que a gente, a torcida, se sinta identificada com o que a equipe irá apresentar em campo.

A "Palomita de Poy"

Aquele gol histórico do camisa 10 Aldo Poy no clássico Central 1 a 0 Newell's em 19/12/1971 fez o time de Arroyito ir para a final do Campeonato Argentino, e vencê-lo contra o San Lorenzo. Aquele gol de "peixinho" é tão importante que, em todo 19 de dezembro, torcedores "canallas" promovem um concurso para quem melhoro reproduz o lance. A "Palomita de Poy" virou um conto do escritor e cartunista Roberto Fontanarrosa.

Aldo Poy, o autor da obra-prima, com Chacho Coudet, então técnico do Central

Reprodução

E Coudet tem muito a ver com 19 de dezembro e o emblemático gol. Além da "palomita", o concurso também pede que o torcedor saia comemorando "como Chacho", que seria sacudir os braços da maneira mais maluca possível, e imitar a celebração do técnico do Galo em um clássico Central x Rosário, quando marcou o gol de forma pitoresca.

Por fim, em entrevista ao El Gráfico em dezembro de 2015, após a surpreendente primeira temporada como técnico do Rosário Central (vice-campeão da Copa Argentina, e assaltado contra o Boca), Chacho Coudet confirmou uma das histórias mais viscerais de seu amor pelo clube: pediu que a cesariana da esposa para o nascimento da primeira filha (Lola) fosse adiada de 17 de dezembro para 19 de dezembro, uma data imortal para ele, para o Central e para o Atlético.

"Central tem isso... Se você passar por aqui, é impossível que você não se infecte com o vírus que as pessoas infectam você".

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Fonte: Globo Esporte/G1

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