ONE: Marcus Buchecha projeta ir em busca de dois cinturões

Por Redação em 23/12/2022 às 08:01:53

Dono de 13 títulos mundiais de jiu-jítsu na faixa-preta, brasileiro mira cinturões da organização asiática no MMA e no grappling Marcus “Buchecha” Almeida vem tendo um início promissor no MMA. O faixa-preta entrou no cage do ONE Championship quatro vezes e venceu todas suas lutas, mantendo-se invicto na modalidade.

Em entrevista exclusiva ao Combate, Buchecha revelou seus planos de buscar o cinturão dos pesos-pesados de MMA, e ainda o de grappling, já que a organização promove disputas desta modalidade no mesmo show.

- O ONE Championship tem essa vantagem. Muitos atletas assinam para lutar MMA, assinam para lutar kickboxing, muay thai. No meu caso, eu tenho a possibilidade de lutar o MMA, claro, e o grappling. Então é algo que, como no jiu-jitsu, eu sempre ia para o campeonato e queria ganhar peso e absoluto, né? Ganhar os dois títulos, algo que é possível no ONE Championship também. Eu posso me tornar campeão da categoria pesado no MMA e campeão da categoria pesado do grappling também, então eu acho que seria algo inédito para mim, para minha carreira, conseguir conquistar dois cinturões simultaneamente.

Marcus Buchecha

Divulgação / ONE Championship

Veja abaixo a entrevista completa com Marcus Buchecha:

Você já fez quatro lutas de MMA e venceu as quatro, sendo três por finalização e uma por nocaute. Como tem sido essa experiência em um esporte novo para você?

Tem sido uma experiência incrível para mim. Começar em um esporte novo, começar do zero, né? Me sentindo um faixa branca no MMA. Está sendo algo incrível, porque como você falou, quatro lutas e quatro vitórias, todas no primeiro round. Então, tem sido algo impressionante que eu realmente não tinha mais no jiu-jítsu. Aquela vontade de competir, aquela vontade de ir para academia treinar para lutar mais um mundial. Acho que depois do meu 13º título, depois de escrever o meu nome na história, de me tornar o maior campeão, o recordista de títulos mundiais no jiu-jítsu, eu já não tinha mais aquela gana para ir para a academia treinar para buscar mais um título. Essa ida para o MMA fez eu renascer aquela vontade de competidor, de atleta. Então, está sendo incrível. Estou me sentindo um faixa branca. Faixa branca não, né, mas um preta que acabou de pegar a faixa preta e está ali com vontade de mostrar o trabalho e vontade de lutar com os melhores. Então esse é o sentimento, o mesmo sentimento que eu tive 12 anos atrás quando eu peguei minha faixa preta no jiu-jítsu.

Analisando sua evolução nos treinamentos e nas lutas, se o MMA tivesse graduação, qual você acha que seria sua faixa atual?

Ah, difícil. Não sei. Acho que um roxinha duro, vamos dizer assim. Tenho muito para aprender. Acho que quatro lutas é muito pouco, então, acho que é muita audácia eu já me dar essa faixa preta no MMA. Mas estou lutando ali com a galera que já é preta encascorada, né? E consegui vitórias contra lutadores desse nível. Então, vamos falar um roxinha duro, mas no caminho certo.

Qual área tem sido a parte mais dura pra você se adaptar?

Eu acho que a transição. Não a transição em si do esporte, do jiu-jitsu para o MMA. Mas eu digo a transição de estar ali fazendo a trocação, grudou, fazendo o grappling, wrestling, vai pro jiu-jitsu, perde a posição, voltou em pé, voltar para a posição de strike. Então eu acho que isso no começo é algo que... as trocas, né? De força, de isometria. Você está ali fazendo a isometria e de repente tem que soltar, soltar a mão, soltar chute. Então isso foi algo que eu demorei um pouco para me adaptar. Mas eu acho que foi o mais difícil, né? Muita gente fala que sente a questão do soco, do chute, mas eu acho que isso aí não. Você acaba se acostumando no treino, mas acho que isso é um pouco mais difícil para aprender a dosar ali o quanto não usar de força. Então acho que essa questão foi a mais difícil no começo, para mim.

E onde você acha que vem conseguindo se adaptar mais rápido?

Eu acho que no wrestling, que eu consegui pegar mais rápido assim no MMA, porque eu sempre tive um estilo agressivo no jiu-jitsu. Eu sempre gostei muito de começar derrubando, sempre jogar por cima, principalmente mais no final da carreira, ali, dos últimos mundiais, então acho que eu consegui as entradas de queda junto com o soco, então eu acho que eu consegui mais rápido. Mas, no começo, até o jiu-jitsu eu falei, “pô, eu acho que eu não sei jiu-jítsu” porque eu não conseguia mais finalizar ninguém. A galera, muito malandra saía, então. É bem difícil. É um outro jiu-jítsu completamente diferente, o jiu-jítsu para o MMA, o jiu-jítsu da competição é outro jiu-jítsu. É outro mundo. E foi bem frustrante no começo, perder sempre muita posição que eu jamais perderia em uma competição. Então é, foi um novo aprendizado.

Por conta do alto nível que você chegou no jiu-jítsu, você tem se dedicado menos a ele agora para focar em outras modalidades?

O jiu-jítsu é o meu carro chefe, né? Eu treino grappling todos os dias, todos os dias tem alguma coisa de agarrada. Então é algo que eu nunca quero perder. Eu vejo muitos lutadores que se apaixonaram pela trocação e deixaram ali o jiu-jítsu que era o carro forte em segundo plano. E era nítido, assistindo as lutas que eles perdiam por falta de tempo, por falta de um ajuste, por falta de um treino. Então eu prometi para mim mesmo que eu não queria me tornar esse cara, de me apaixonar pela trocação e deixar a minha maior especialidade, que é o jiu-jítsu, em segundo plano. Então eu treino todos os dias, é claro, o grappling, que é o jiu-jítsu sem kimono e o wrestling, então isso aí é algo que eu acho que o wrestling sempre acaba englobando tudo, né? Porque não é só o wrestling que a gente faz lá, caiu no chão, continua. Então, de certa forma, é um grappling geral.

Marcus Buchecha finalizou Kang Ji Won ainda no primeiro round no ONE Championship

ONE Championship

Pensando no cenário ideal, quantas lutas você pretende fazer em 2023?

Eu acho que um ano perfeito é um com três lutas. Eu consegui duas em 2021, duas em 2022. Em 2023, pretendo fazer de duas a três. Então acho que o primeiro card que eu estou querendo lutar vai ser o de 5 de maio, que vai ser o primeiro card nos Estados Unidos do ONE Championship. Então é algo que vai ser gigantesco. E estou muito querendo entrar nesse card, mas se eu não tiver nesse… junho, julho, acho que no mais tardar. Seria o ideal para mim, né? Porque no segundo semestre eu ainda consigo fazer mais duas lutas. Esse evento de 5 de maio vai ter o Adriano Moraes contra o Demetrious Johnson. E no Colorado, então, acho que vai ser um card que qualquer lutador da organização deve estar pedindo para lutar. Eu não sou diferente, quero estar lá também, então o plano é esse. E o segundo semestre se der tudo certo, se forem vitórias rápidas, pretendo fazer uma atrás da outra e já embalar, continuar nesse ritmo.

E, com essa rápida ascensão com poucas lutas na carreira, como fazer para se conter e não pular etapas, e já pedir uma luta pelo cinturão?

Eu acho que é um passo de cada vez. É um esporte novo. Como lutador, se tivessem me oferecido o cinturão na minha segunda luta, eu acho que eu teria aceitado, né? Mas por isso que a equipe é tão importante, os coaches me conhecem e o meu empresário também. Então acho que eles têm esse papel de segurar, de falar não, de esperar o momento certo, porque para o atleta, que está com vontade, que está treinando, qualquer hora é hora. Eles já até chegaram a cogitar o cinturão. Mas eles querem que eu lute um pouco mais, pegue um pouco mais de experiência, mas também já está chegando em um ponto que não tem mais para onde ir, né, que já está naquela… no topo ali do ranking, já acabei lutando com dois ou três que já estão ali, né? Já acabei ganhando deles. Minha última luta foi o último desafiante do cinturão, então, vai ser inevitável. Acho que isso vai acontecer nesse ano de 2023.

Sua categoria tem um campeão linear, o Arjan Bhullar, que não tem lutado com frequência, e o Anatoly Malykhin, o interino. O que você pode falar do jogo deles?

O Bhullar é um cara que está sem lutar há algum tempo. Então o próprio presidente da organização falou que ele vai perder esse cinturão. Porque ele já teve várias oportunidades, sempre sai da luta, acontece alguma coisa, então acho que ele está atrasando muito a categoria e isso é errado. Então, acho que é mais do que justo ele perder o cinturão. E o Anatoly, que é o campeão interino assumir, unificar isso aí e botar a categoria para andar. Porque ter muito tempo parado assim, eu acho que acaba sendo até ruim para a organização. O Anatoly é um russo. Todo russo em si, é um casca grossa, eu acho que tem muito parecido com o brasileiro. Aquele cara que é duro mesmo e um wrestling de altíssimo nível. Então não é um cara que é fácil de botar para baixo. Tem um boxe bom. A mão pesada, não é um cara que vai lá para marcar ponto, ganhar round. Ele vai lá para finalizar, para acabar com a luta, então é aquele cara difícil de lutar, mas eu confio muito no meu jiu-jitsu. Claro que eu não vou tentar trocar, testar o meu boxe contra o dele. Ele tem todas essas qualidades, mas eu garanto que o jiu-jitsu igual ao meu ele não tem. Então se eu tivesse que lutar com ele ali, o caminho que eu ia usar é o Jiu-jitsu, claro.

- Eu acho que para o final do ano que vem eu acho que já dá para de repente a gente pensar nessa disputa pelo título.

O ONE dá essa possibilidade aos atletas de competirem em outras modalidades dentro do próprio evento. Você tem planos de lutar grappling lá também ou vai ficar apenas no MMA?

O ONE Championship tem essa vantagem. Muitos atletas assinam para lutar MMA, assinam para lutar kickboxing, muay thai. No meu caso, eu tenho a possibilidade de lutar o MMA, claro, e o grappling. Então é algo que, como no jiu-jitsu, eu sempre ia para o campeonato e queria ganhar peso e absoluto, né? Ganhar os dois títulos, algo que é possível no ONE Championship também. Eu posso me tornar campeão da categoria pesado no MMA e campeão da categoria pesado do grappling também, então eu acho que seria algo inédito para mim, para minha carreira, conseguir conquistar dois cinturões simultaneamente. Categoria de baixo (93kg), para mim, é impossível. Esse negócio de dieta, não consigo, ainda mais perder coisa de 15 kg. Então eu vou tentar aí os dois cinturões dessa maneira. Um no MMA e o outro pelo grappling.

Marcus Buchecha

Divulgação

O que você pode falar para os fãs sobre o evento em si, que acabou de chegar na programação do Combate?

Eu acho que o evento, o ONE Championship, é algo diferente de todos os outros eventos. A primeira vez que eu cheguei lá chegou a lembrar muito o antigo evento asiático, o Pride, os telões gigantes, os fogos, aquele público diferente do americano. A produção é algo gigantesco, que me chamou muita atenção na primeira vez. E, claro, toda a galera por trás ali faz o show acontecer de uma forma impecável, então a organização trata os atletas com muito respeito. Algo que me fez assinar com ONE Championship foi isso. Não importa quem você é ou o que você faz, você está lá porque você é reconhecido como um artista marcial. Então acho que isso é algo que quando eu vi isso, eu decidi que era lá que eu queria estar, porque eu sou um cara que não gosto de promover lutas dessa forma. Sendo um cara que eu não sou, falando mal do meu adversário, eu cheguei lá e vi que era isso. Eu estava sendo reconhecido pelo que eu criei, pelo que eu conquistei, pelo que eu me tornei no esporte, um faixa preta campeão mundial e assim que eles me tratam. Não só eu, claro, todos os atletas são tratados com muito respeito. Ver aquela tradição, aquilo do muay thai, o respeito é algo que eu mesmo nunca…. eu, várias vezes campeão mundial, fã de MMA, quando eu fui no ONE Championship, eu nunca tinha sentado e assistindo uma luta de muay thai. E quando eu cheguei lá, pô, eu vi ali lutando no mesmo evento umas lutas de muay thai muito boas e foi algo que eu comecei a acompanhar por causa disso. Então eu acho que a galera que não conhece o ONE Championship vai gostar disso. Você vai sentar lá para assistir uma luta de MMA, quer assistir o Buchecha? A luta principal? Mas as oito primeiras lutas você vai conseguir assistir luta de grappling, luta de kickboxing, luta de muay thai, então é algo que não vai te deixar cansativo na frente da televisão, então acho que essa variedade de modalidades é algo inédito em um evento.

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Fonte: Globo Esporte/G1

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